O Dia da Luta Antimanicomial, comemorado ontem (18-05), foi marcado por atividades nas unidades de saúde mental de Cuiabá. Um dia que representa a luta de 20 anos para por fim ao modelo de confinamento das pessoas com transtornos mentais em manicômios e o sucesso da reforma psiquiátrica.
Este novo modelo de tratamento substituiu os manicômios por residências terapêuticas. A coordenadora do Programa de Saúde de Cuiabá, Maria Aparecida da Silva, explica que o este modelo rompeu com o estigma da loucura, potencializando as aptidões naturais do paciente. Substituiu o ócio pela atividade nas oficinas terapêuticas, a marginalização pela valorização e resgate da auto-estima e a medicação excessiva, por medicação dosada e responsável. “Por fim, substituiu os maus tratos pelo amor e respeito ao paciente”.
Essa mudança, informa a coordenadora, aconteceu paulatinamente, com ações de protesto de familiares e inclusive de alguns profissionais contra um modelo de saúde mental que já não recuperava ninguém e do ponto de vista terapêutico, não produzia resultados satisfatórios.
O ponto culminante da mudança, em Cuiabá, foi em 1994, com Maria Aparecida, com o fechamento do “Instituto Neuropsiquiátrico”. Em seguida veio à Lei 10.216, de 16-04-01, que regulamentou todos os direitos do paciente com transtornos mentais. Na seqüência da Lei, foram abertos, por iniciativa da Secretaria de Saúde de Cuiabá, (03) Centros de Atenção Psicosocial, distribuídos nos bairros do Verdão, CPA-IV e Grande Terceiro, e de nove residências terapêuticas, onde moram 69 moradores com transtornos psíquicos diversos e muitos deles sem família.
“Estes moradores das residências terapêuticas, além de apoio ambulatorial, participam das oficinas terapêuticas, tem refeições diárias, e ainda recebem nosso apoio afetivo, já que muitos não têm nem parentes aqui em Cuiabá”, comenta a coordenadora de saúde mental da SMS.
Ela explica que, dentro desse “novo paradigma” de saúde mental, a maior conquista que a Lei incorporou foi à reintegração, reinserção e ressocialização do paciente à família e à sociedade
