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Sábado, 18 de maio de 2024

Notícias | Ciência & Saúde

Laboratório criminal do FBI amplia banco de dados com perfis de DNA

O FBI estabeleceu seu primeiro laboratório criminal em 1932, numa sala improvisada, em Washington. A operação de um só homem incluía uma pia, um microscópio e seu equipamento mais exótico: o “elixometer”, uma sonda ampliadora iluminada para inspecionar canos de armas de fogo.


Hoje, o laboratório criminal do FBI é uma torre cintilante agigantando-se sobre uma arborizada base marinha, 80 quilômetros a oeste de Washington. Aqui, em Quantico, Virgínia, cerca de 600 pessoas processam centenas de milhares de evidências por ano em unidades especializadas de explosivos, impressões digitais, balística, toxicologia e outras disciplinas forenses.

Aqui, uma pequena sala sem janelas é lar da mais poderosa tecnologia forense: uma prateleira com consoles Dell piscantes.

“Quando as pessoas veem isto, elas sempre ficam decepcionadas”, disse uma técnica enquanto comia melão no espaço do tamanho de um armário.

O computador contém o Sistema Nacional de Índice de DNA, um banco de dados de 6,7 milhões de perfis genéticos, o maior depósito mundial de informações forenses de DNA. De acordo com uma lei federal de 2005, o banco de dados continuará incluindo criminosos condenados, mas agregará também perfis genéticos de pessoas presas, porém não condenadas, e prisioneiros imigrantes – um aumento estimado de perfis em 1,3 milhão até 2012.

Desde que foi montado, em 1994, o banco de dados de DNA ajudou a identificar milhares de suspeitos. Evidências em DNA exoneraram mais de duzentas pessoas acusadas injustamente. Oficiais da polícia dizem esperar que um banco de dados maior os ajude a solucionar mais crimes, novos e antigos, como o caso de John F. Thomas Jr. Ele foi recentemente ligado por DNA a dois homicídios em Los Angeles. Os crimes estavam sem solução há décadas e a polícia acha que ele pode estar ligado a muitas outras mortes.

Porém, acompanhar o ritmo da expansão dos bancos de dados de DNA é um enorme desafio para a agência. O FBI busca, constantemente, novas maneiras de acelerar o processamento de evidências em DNA. Para 2007, o Departamento de Justiça estimou um acúmulo entre 600 mil e 700 mil amostras.

Já em 2002, o FBI processava cerca de 5 mil amostras de DNA a cada ano. Com a ajuda de novos sistemas robóticos, analistas do laboratório criminal planejam processar 90 mil amostras por mês até 2010.


Apenas cerca de 10% dos casos criminais usam a análise de DNA. Todavia, trata-se de uma técnica extremamente mais precisa que outras: cientistas estimam a possibilidade de uma combinação aleatória de uma em um quatrilhão.

Antes do FBI automatizar grande parte de seu processamento de DNA, as análises genéticas eram caras e vagarosas, como ainda são para a maioria dos laboratórios criminais.

Análises forenses de DNA geralmente começam fora do laboratório, com suspeitos, pessoas detidas, e criminosos condenados tendo suas bocas esfregadas. Algumas vezes, a análise de DNA é parte de uma investigação criminal ativa, com detetives coletando fragmentos de ossos e tecido, sêmen ou sangue, de uma cena do crime. O FBI também aceita o DNA de pessoas desaparecidas, partindo de artefatos como cabelo e escovas de dente.

Nos Estados Unidos, perfis forenses de DNA se concentram em 13 sequências genéticas encontradas em locais específicos, ou loci, ou cromossomos humanos. Muitas dessas sequências correspondem a traços genéticos como cor de cabelo ou de olhos, ou a condições médicas. Mas o FBI escolheu 13 loci – com nomes como CSF1PO, FGA e TPOX – por sua raridade.

Através da coleta desse “DNA lixo”, as sequências de código genético sem características, as agências policiais podem argumentar que não estão violando direitos de privacidade. “Não há nada que revelaria quaisquer características físicas ou médicas, de maneira nenhuma”, disse Jennifer C. Luttman, diretora do programa de DNA de criminosos.

Uma recente auditoria do programa, porém, descobriu que avanços em genotipia poderiam ligar traços identificáveis a perfis do FBI e infringir direitos de privacidade.

Um pouco além dos computadores do Sistema Nacional de Índice de DNA, uma máquina processa uma placa com 96 pequenos compartimentos, cada um contendo uma amostra de DNA. Muitos laboratórios ainda fazem esse trabalho manualmente, uma amostra por vez. O novo sistema automatizado do FBI consegue processar até 2.000 amostras por dia, por máquina.

Cada amostra é limpa, seca e replicada num processo chamado PCR, sigla em Inglês para reação em cadeia da polimerase. Cultivar milhões de cópias do DNA torna-o mais fácil de “ler”.

Em outro processo, a eletroforese capilar, o DNA é banhado numa solução e eletricamente carregado para torná-lo fluorescente e visível num microscópio laser. As amostras são puxadas organizadamente através de um tubo da largura de um fio de cabelo, enquanto a mira laser lê o DNA e mapeia a localização de alelos repetidos. Os alelos são designados por um par de números para cada um dos 13 locais genéticos.

Quando os restos mortais de um humano se decompõem, o mesmo acontece ao DNA. Nesse ponto, o laboratório pode usar outra forma de material genético, o DNA mitocondrial. Entretanto, este tipo de código é transmitido somente da mãe, tornando-o menos útil na identificação de suspeitos desconhecidos.

O código é inserido no banco de dados federal de DNA e no sistema de índice de DNA combinado, além de programas de software do FBI que permitem aos laboratórios criminais compartilharem e compararem perfis genéticos em jurisdições locais, estaduais e federais. Caso todos os 13 loci se combinarem a um perfil já incluso ao banco de dados, o laboratório criminal notificará a agência que enviou a amostra genética compatível; essa agência pode, então, tentar encontrar a fonte do DNA e fazer uma prisão.

Além de acelerar a classificação da impressão genética, a robótica ajudará a evitar erros. Contaminação e erros na etiquetagem foram documentados em ao menos cinco estados; quantos menos mãos forem necessárias para processar o DNA, melhor, disse Richard A. Guerrieri, chefe do laboratório forense de DNA.

Apesar desses avanços, funcionários do FBI reconhecem que acompanhar os milhões de amostras de DNA inseridas no laboratório será uma luta. Funcionários federais disseram que, apesar do congresso ter comandado a expansão do banco de dados, ele não providenciou dinheiro suficiente.

“Nós fomos de criminosos federais a prisioneiros e cidadãos estrangeiros detidos”, disse Robert Fram, agente especial encarregado da divisão do laboratório no FBI. “Não sabemos onde, ou se, o número de perfis vai se estabilizar."
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