O debate sobre concessão dos ativos públicos e serviço de saneamento da antiga Sanecap para a CAB Cuiabá ganha força na campanha em Cuiabá. A direção da concessionária, por ter sido procurada pelo candidato a prefeito Carlos Brito (PSD), receberá todos os concorrentes para esclarecimentos sobre o assunto.

Em reunião na manhã desta quinta-feira, Brito pediu ao diretor geral da empresa Italo Joffilly, a revisão do número de taxas do serviço de saneamento da capital, assim como a revisão do plano de saneamento da agência municipal que fiscaliza o serviço (Amaes) para se integrar ao integração do plano diretor da empresa.

Uma lei do sistema de 2005 prevê 80 taxas do serviço, mas o edital da concessão não estabelece o mesmo número. Um novo Plano Diretor da empresa será apresentado à prefeitura em novembro. As cobranças de taxas e falta d´água estão no centro de uma polêmica entre autoridades empresa, políticos e população. 

O diretor Joffilly diz que "ora sim, ora não os 80 itens eram cobrados" pela empresa pública, de acordo com relatório que ele dispõe do ano de 2011. E fom além, ao dizer que das 154 mil contas, 111 mil tinham hidrômetros. "Nos últimos meses não tinha leitura de medição. Quando fechamos o segundo mês a conclusão foi que 70% das contas diminuíram de valor e 30% aumentaram".

Ele explica ainda que Cuiabá tem muito desperdício de água por falhas de estrutura do sistema. "Produzimos hoje três vezes mais água do que é necessário. São 480 litros litros por pessoa dia. A Organização Mundial da Saúde (OMS) recomenda 160 litros por pessoa dia", conta. "Desperdiçamos 67% da água".

O diretor também informou em conversa com Carlos Brito foi cortado "40 mil ligações clandestinas". Ele lamenta que todas essas correções não virem notícia. Carlos Brito recebeu relatório de três meses de atuação da empresa, que será entregue aos demais candidatos

Convicções e posicionamento

Brito diz ser favorável à manutenção da concessão para manter a segurança jurídica. Ele afirmou que a concessão é  uma possbilidade de gestão pública aprovada, como nos outros serviços privatizados ou concedidos (energia e telecomunicações).

Sua opinião é contrária ao candidato Lúdio Cabral (PT), que já fala em rever a concessão. O diretor Italo afirmou que dois outros candidatos em Cuiabá procuraram a empresa para falar do tema. Mas ele não informou os nomes.

"Quebra de contato é prejudicial. É possível, desde que haja motivos e arcabouço legal", diz. "Retomar o processo de rever a concessão vai trazer prejuízo e gerar instabilidade e insegurança para outras áreas", defende.

Sem querer entrar no debate eleitoral, o diretor da CAB diz que "o PT em 2003 quando assumiu a Presidência da República não rasgou nenhum contrato e isso surpreendeu todos os brasileiros", dado o histórico de ser contra a privatização ou algo do gênero.

O candidato do PSD lembrou do histórico de falta de água em alguns bairros de Cuiabá, principalmente na região do Coxipó, como Osmar Cabral, Pedra 90, Parque Cuiabá) e região do CPA.

Metas e investimentos

O diretor Italo Joffily explicou a viabilidade do negócio da empresa e revelou ser possível antecipar as metas de universalização da água em dois anos e meio, ou redução de três meses do previsto no plano municipal de saneamento, e do esgoto em 10 anos.

A CAB, por ter ganha a outorga do serviço de saneamento pelo valor de R$ 516 milhões, segundo o diretor, deve fazer circular na economia R$ 1,3 bilhões no prazo de universalização dos serviços, sendo R$ 115 milhões já pago no primeiro ano. A empresa tem faturamento médio inicial de R$ 8 milhões, mas "quando foi eficiente vai faturar 16 a 17 milhões" a partir do décimo sétimo ano, diz.

Ao longo dos 30 anos de concessão, a empresa tem faturamento estimado de R$ 6,5 bilhões em valores monetariamente atualizados.  


Atualizada às 12h56