O acirramento dos ânimos que pôde ser verificado na reta final do primeiro turno e o clima de tensão entre as lideranças ligadas ao empresário Mauro Mendes (PSB) e da base do médico Lúdio Cabral, do PT, evidenciam que a campanha do segundo turno pode, infelizmente, descambar para baixaria.

Nos bastidores das campanhas, conforme constatou a reportagem do Olhar Direto, o clima já é de terror e o nível da boataria e da fofoca subiu de forma alarmante. Líderes do chamado baixo clero político já alardeiam a existência de vídeos contra Mauro e contra Lúdio, sobretudo envolvendo questões de ordem pessoal e do passado de ambos os líderes.

Estigma do PT e migração em massa de indecisos beneficiam candidato Mauro Mendes
Após altos e baixos de ambos na campanha, Mauro Mendes e Lúdio Cabral seguem para segundo turno

Já se tem informações que as equipes dos dois candidatos articulam gravações de depoimentos que nada contribuem para o debate sobre os problemas da capital, mas que podem conturbar o processo. E tem todo tipo de boato: amantes, gravidez fora do casamento, empregados supostamente prejudicados, vítimas de acidente de trabalho, depoimento de motorista e (pasmem) até um suposto caso de assédio sexual e pedofilia. Tudo num processo de sordidez lamentável.

O tom aguerrido e de baixo nível foi observado no encerramento da votação ainda no Centro de Eventos do Pantanal. Um dos primeiros a chegar, quando a totalização já estava em quase 100% dos votos, Mauro apontou de imediato o dedo para a imprensa, ao dizer que fora vítima de espécie de estelionato eleitoral pelo erro de projeção dos institutos de pesquisas.

"Podem comprar as pesquisas, mas não a consciência do eleitor", bradou o socialista, em tom de desabafo, aos jornalistas. “Senti a atuação da Secom [Secretaria de Comunicação] na campanha”, emendou em recado direto para o governador Silval Barbosa (PMDB), aliado de Lúdio.

Durante a campanha, o candidato do PSB reclamou várias vezes da interferência de auxiliares diretos do governador, como o secretário de Comunicação, Carlos Rayel, que chegou a afirmar que, em julho, Mauro Mendes o convidou para fazer sua campanha.

Aumento de tom

Cerca de uma hora após Mauro chegar ao Centro de Eventos, o petista entrou confiante no local de apuração e informou que a meta da sua candidatura atingira o objetivo, de estar no segundo turno. Ainda em entrevista para a imprensa, no saguão do espaço multiuso, Lúdio foi recebido com vaias por parte de militantes do PSB e, depois, com um grito de “Fora! fora!”.

Questionado pela reportagem sobre o uso da máquina e da tentativa de “expulsão” dos aliados do empresário, Lúdio tratou de continuar com a figura “paz e amor” incorporada pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva na sua primeira eleição presidencial em 2002.

“Eu não vou responder esse tipo de ataque do meu adversário, quero debater propostas. Eu acho que ele precisa respeitar a população da cidade. A população é inteligente”, limitou-se a dizer o petista, ao encerrar a conversa com a reportagem do Olhar Direto.

Sobre a vaia e provocação de militantes do PSB, Lúdio não quis ampliar a conversa. “Vai ser uma disputa polarizada. Agora, para nós, sempre respeitosa. Vamos nos pautar na apresentação de propostas”, rebateu.

A dúvida que paira nos bastidores da política é se Mauro e Lúdio terão nervos de aço e a frieza necessária para suportar pressões, o calor dos debates de propostas, segurar seus nervosos e raivosos militantes e abrir mão dos ataques mútuos.


Atualizada às 13h46