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Domingo, 05 de maio de 2024

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De malas prontas

Serys Slhessarenko acusa Lúdio de buscar poder a qualquer custo no PT

Foto: Reprodução

Serys Slhessarenko acusa Lúdio de buscar poder a qualquer custo no PT
Ao despedir-se do PT após 23 anos de militância, a ex-senadora Serys Slhessarenko deixou uma carta aberta na qual explica dos motivos de sua debandada da legenda. Dentre as linhas finais, acusa o candidato do PT à Prefeitura de Cuiabá de buscar o poder a qualquer custo.


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Ao longo do texto, Serys sustenta que foi perseguida pelo grupo hoje majoritário do PT, liderado por Carlos Abicalil e Alexandre Cesar, durante parte de sua trajetória política no partido e que agora sai porque a situação ficou insustentável.

De acordo com a ex-petista, Lúdio Cabral na busca por viabilizar seu projeto político, fez um acordo para excluí-la. “Chegamos ao processo eleitoral de 2012. Lúdio Cabral, militante até então não pertencente a este grupo, na sua ânsia de poder a qualquer custo, celebra um acordo com Alexandre e Abicalil, cujo ponto preponderante é a exclusão da ex-senadora da campanha eleitoral e de qualquer projeto de futuro no Partido dos Trabalhadores”, declara Serys.

O episódio da disputa pela vaga ao Senado Federal travada em 2010 com Carlos Abicalil é classificada por Serys como o “coroamento de um rosário de iniqüidades”. Em sua carta, a ex-petista classifica ainda grupo majoritário do PT de Mato Grosso de “grupo do Zé Dirceu”.

Leia abaixo a íntegra da carta deixada pela ex-senadora Serys após sua desfiliação do PT.

Aos Companheiros e companheiras do Partido dos Trabalhadores, amigas, amigos e população de Mato Grosso.

Dediquei grande parte de minha vida à construção do Partido dos Trabalhadores, o PT, por entender que na minha opção de lutar em defesa dos interesses dos trabalhadores e do socialismo, o PT constituía uma ferramenta autêntica forjada na longa trajetória de lutas da classe trabalhadora e seus aliados ao longo da história brasileira.

Em 1989 filiei-me ao Partido, elegendo-me Deputada Estadual no ano de 1990, sendo seguidamente reeleita em 1994 e 1998. Foram três mandatos a serviço do povo e da construção do PT, que então pequenino, demandava ser criado em cada município, enfrentando toda sorte de dificuldades, medo e preconceito. Carro velho na estrada, quotinha para o combustível, dormindo e comendo na casa de algum companheiro simpatizante, lá íamos nós construindo o Partido dos Trabalhadores.

Sempre ajudando na luta do nosso povo. Com os sem-terra e os sem-teto enfrentando despejos, com os sindicatos nas lutas por salários e melhores condições de trabalho, nas greves gerais, com os estudantes nas suas reivindicações, com as mulheres nas suas lutas históricas por respeito, espaço e dignidade, com as minorias por reconhecimento e direitos, enfim, com os mato-grossenses de todas as classes, pelo desenvolvimento do nosso Estado.

Em 2002, depois de algumas derrotas e muita construção elegemos o companheiro Lula para presidente e eu sou eleita senadora. Primeira mulher de Mato Grosso a chegar ao Senado da República e o mais importante, por méritos próprios, meus e de tantos companheiros de luta.

Considero que fiz um bom mandato de Senadora. Ético, honesto e de muito trabalho. Participei de inúmeras comissões, inclusive da Comissão de Constituição e Justiça, fui a primeira mulher no Congresso Brasileiro a relatar a Lei de Diretrizes Orçamentárias e o Orçamento Geral da União, isso no ano de 2010. Presidente do Conselho da Mulher Cidadã Bertha-Lutz, coordenei a Bancada Feminina do Congresso Nacional. Eleita membro da mesa diretora do Senado, fui presidente daquela casa e do Congresso Nacional por quarenta dias nas licenças do Presidente e do 1º vice. Também a primeira mulher na história da República do Brasil a ocupar esse cargo.

Coordenadora da Bancada Parlamentar Brasileira junto ao G-8 + 5 que trata das Mudanças Climáticas, recebi reconhecimento internacional pela atuação nas áreas do meio ambiente e das questões de gênero, com vários prêmios recebidos de entidades nacionais e internacionais.

Apesar de todo esse reconhecimento por parte da sociedade, minha história de militante dentro do PT nunca foi fácil. Desde o começo assumi uma posição de independência face às chamadas tendências do PT e portanto, nunca me alinhei com o grupo majoritário comandado desde sempre por José Dirceu, em nível nacional e por Alexandre Cesar e Abicalil em Mato Grosso. Isso me valeu sérias dificuldades que foram se acumulando ao longo do tempo.

Em 1996, esse grupo, com a presença do Delúbio Soares como emissário do Diretório Nacional, impediu minha candidatura a Prefeita de Cuiabá e o PT simplesmente não teve candidato naquela eleição. Em 2002, esse mesmo grupo força minha candidatura ao Senado em uma situação completamente adversa. Uma deputada estadual para enfrentar dois ex-governadores e um senador como candidatos. Era para perder e sair da política, mas o povo quis o contrário e continuei, agora senadora.

Candidata ao governo em 2006, por decisão da maioria dos militantes, esse grupo inconformado, não só negou seu apoio, como se envolveu em uma trama perversa montada para desmoralizar a então candidata e beneficiar os adversários em um dos mais hediondos episódios da história política de nosso Estado.

Em 2010, como coroamento desse rosário de iniqüidades, me é negado o direito de candidatar-me à reeleição ao Senado.

Derrotados todos, ao invés de um processo autocrítico de superação dos erros cometidos, o grupo do Zé Dirceu em Mato Grosso, se utilizando de sua maioria, instaura um processo para minha expulsão e a de outros companheiros.

Não lograram seu intento tampouco desistiram.

Chegamos então ao processo eleitoral de 2012. Lúdio Cabral, militante até então não pertencente a este grupo, na sua ânsia de poder a qualquer custo, celebra um acordo com Alexandre e Abicalil, cujo ponto preponderante é a exclusão da ex-senadora da campanha eleitoral e de qualquer projeto de futuro do Partido dos Trabalhadores.

Companheiros e Companheiras, eu tentei, eu insisti. Perseguida, isolada, humilhada até, eu continuei insistindo. Vinte e três anos não são vinte e três dias. O PT é quase como um filho, desses que por darem muito trabalho são especialmente queridos. Mas agora não dá mais. O PT de Mato Grosso não é mais aquele que ajudei a construir.

Esse PT de Alexandre Cesar, Abicalil e Lúdio, é o PT que discrimina, que não gosta das mulheres na política, especialmente daquelas que não se submetem. É o PT dos acordos espúrios com gente da pior qualidade, é o PT que na ganância pelo poder espezinha, maltrata e não hesita em chegar às últimas conseqüências.

Deixo grandes amigos e amigas ainda no PT, grandes e valorosos militantes das lutas do nosso povo. Espero estar junto com todos eles nas lutas que virão, pois o que nos une é muito maior que uma sigla partidária. O que nos une, é a crença inabalável de que a política pode e deve ser o terreno da ética, da honestidade e sobretudo, de profunda solidariedade.

Cuiabá 25 de outubro de 2012.

Serys Slhessarenko.
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