Olhar Direto

Segunda-feira, 01 de julho de 2024

Notícias | Meio Ambiente

Não convence

Médico fica surpreso e confunde-se ao falar dos objetivos da Associação

O médico Ivo Delojo Moraes, acusado de venda ilegal de terras na região sul do Amazonas, afirmou estar surpreso com o processo e a acusação.

O médico Ivo Delojo Moraes, acusado de venda ilegal de terras na região sul do Amazonas, recebeu a equipe do Olhar Direto em seu consultório, e afirmou estar surpreso com o processo e a acusação. Ele defende-se, diz que jamais vendeu qualquer pedaço de terra a Josef, o autor da ação, e afirma que tudo pode ser apenas um mal entendido. Mas, fica um pouco hesitante ao dar explicações.


A visita ao consultório foi feita após alguns contatos sem sucesso. Talvez porque os médicos costumam ser bastante ocupados em seu cotidiano. Quem sabe pelo susto, o médico teve alguma dificuldade para falar sobre a associação e sobre o caso específico do sr. Josef. Ficava em silêncio em alguns instantes, enrolava-se para falar em outros.

Por exemplo, quando questionado sobre quais eram, exatamente, os objetivos da Sempre Verde, Ivo precisou ausentar-se da sala em busca de um papel, onde estavam descritas tais funções. Mesmo participando da associação desde 1.999 e mesmo tendo-a presidido por quatro anos.

Ivo explicou que deixou de ser presidente da Sempre Verde em janeiro deste ano. Contou que a associação tem cerca de 300 associados e que existe desde o ano de 1999, tentando fazer a regularização fundiária. Mas, afirma que esse não é o principal objetivo. “É realizar trabalhos na área social, e conservação do meio ambiente”, define. “Na verdade, estamos ajudando o governo a olhar, a fiscalizar aquele Sul do Amazonas, que é difícil. Estamos conservando aquela região”, afirma o médico. Depois, diz que não é só isso, e pede licença para ir buscar o já citado papel que contém os objetivos.

O médico explica que a associação é formada por vários empresários que têm áreas na região sul do Amazonas desde antes da criação das Unidades de Conservação. Diz que o governo criou as UC’s sem consultar os proprietários da região.

Ele conta que, a pessoa que não quer mais ficar na associação, pode ceder seu lugar a outra pessoa. E funciona assim: cada associado paga, mensalmente, a quantia de 60 reais por cada mil hectares que representa. Quando alguém quer desvincular-se, oferece sua “vaga” pelo valor equivalente à quantia que já pagou em mensalidades, concedendo seu lugar.

Ivo explica que esse foi o caso de Josef. O paciente havia lhe questionado sobre a Sempre Verde, mostrando interesse em entrar. Ivo apenas lhe indicou uma pessoa que queria sair, para que, com ela, Josef pudesse fazer a negociação das mensalidades. O médico conta que foi isso o que aconteceu, sendo ele apenas quem indicou a negociação, sem jamais participar dela. Ele nega qualquer acusação de que teria comercializado terras.

Nos dias seguintes à visita ao consultório de Ivo, o advogado Euripes Gomes Pereira fez contato com a reportagem. Durante alguns dias tentou-se marcar uma conversa pessoalmente, mas o advogado estava sempre cheio de compromissos, e mandou um texto, por correio eletrônico, defendendo seu cliente.

Sobre a Sempre Verde, o advogado diz que “hoje é composta por 1.036 associados, criada com o objetivo de somar esforços no trato dos interesses dos posseiros ribeirinhos, na região de Apuí, Estado do Amazonas, junto às autoridades competentes, principalmente o Governo do Estado do Amazonas, tendo como nascedouro a necessidade de se criar uma consciência ambiental com o objetivo de valorizar a identidade física e cultural das comunidades ribeirinhas e conservar a floresta natural, buscando o seu desenvolvimento sustentado”. O número de associados informado pelo advogado é bastante superior àquele informado por seu cliente (300).

Ele continua: “Para tanto, a associação obteve permissão do Governo do Estado do Amazonas, através da Superintendência de Habilitação de Assuntos Fundiários daquele estado (SUHAB), documentando-a através dos processos nºs. 513500/5143/514000 e outros mais, sendo certo que a partir daí obteve apoio das comunidades ribeirinhas, implantando projetos de educação ambiental, recursos hídricos, monitoramente da cobertura vegetal por imagens de satélite, ecoturismo, reflorestamento com seleção de áreas devastadas, segurança para evitar invasão de madeireiros e outros, denuncias contra agressões ao meio ambiente, etc”.

Um Associado

Um dos associados da Sempre Verde encontrado em Cuiabá é o também médico Alencar Farina. Ao saber sobre o processo, ele mostrou-se surpreso e afirmou que jamais tivera nenhuma desconfiança em relação à associação, nem a Ivo. Farina contou que entrou na Sempre Verde há uns três ou quatro anos, por pedido de amigos de profissão e, desde então, paga a mensalidade de 60 reais, sem saber exatamente porque, mas sabendo que está “ajudando”, como lhe pediram para ajudar. Ele diz que nunca lhe foi prometido a posse de terras, mas que os dirigentes lhe falam que, com o pagamento dessas mensalidades, em longo prazo, a Sempre Verde trabalha para que todos os seus associados possam ser donos de algum trecho de terra, “no futuro”, sem datas ou previsões.

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