O ex-diretor geral do Departamento Nacional de Infraestrutura e Trânsito (Dnit) Luiz Antonio Pagot fez levantar e vibrar toda a plateia presente no ato oficial de sua filiação ao PTB, realizada na noite de segunda-feira (29), com um discurso enérgico e afiado contra a atual gestão estadual. Sem citar o nome do governador Silval Barbosa, o novo petebista chamou a administração estadual de atabalhoada e prometeu acordar a população para isso.

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“Melhor do que palavras são ações, como as de fazer a sociedade despertar sobre a forma atabalhoada na condução da administração estadual, que para lançar algumas obras, sem análise de custo/beneficio e qualquer bom senso de planejamento, amplia exageradamente o endividamento, comprometendo receitas futuras e deixando praticamente ingovernável o Estado, a ponto de lançar mão dos Fundos Constitucionais para recompor a fonte 100”, discursou Pagot, sendo interrompido por palmas e gritos de aprovação pela plateia de militantes petebistas como se estivesse em um comício.

O auditório onde aconteceu o evento, no 2º andar do Hotel Paiaguás, estava lotada. As cadeiras faziam quase desaparecer o corredor e as pessoas se apinhavam de pé nas laterais, no fundo e nas portas do local. A expectativa para a filiação de Pagot, nome que já foi projetado nacionalmente, além de ter ocupado várias secretarias estaduais durante o Governo Blairo Maggi, era visível nos tanto nos gritos de apoio de membros históricos e novos militantes do PTB quanto na oração cochichada de uma senhora na última fileira de cadeiras.

“Vamos juntos ao trabalho, reeditar o compartilhar tarefas que construiu este colosso, o Mato Grosso, de mangas arregaçadas e pulsando o coração. Assino, Pagot do PTB!”, encerrou o discurso em um tom de grito de guerra, vermelho de tanto que forçou a voz, com o braço esquerdo com o punho cerrado lançado ao ar, contagiando novamente todos ali em uma onda de aprovação, dando uma prévia do que poderá fazer nas eleições de 2014.

Mágoa

Apesar do discurso emocionado em que enalteceu o PTB, que fora seu primeiro partido quando ainda morava no Estado do Paraná e também fora a sigla de seu pai e avô, Pagot também demonstrou guardar ressentimento da saída conturbada do Dnit. Logo no início do discurso ele percorreu a história do seu revés e saiu do roteiro para fazer uma defesa dos servidores da autarquia, acusados pelo atual diretor geral, general Jorge Fraxe, de serem todos corruptos.

“Sofri recentemente um enorme revés. Sem ter qualquer culpa de atos que me atribuíram, fui execrado publicamente e convido a me demitir do Dnit. Autarquia que me dediquei com desprendimento e onde realizei, junto com abnegados servidores, um dos mais notáveis programas de infraestrutura do Brasil”, disse. E aí acabava o trecho programado no discurso sobre o tema.

“Com os servidores de lá, porque ninguém faz nada sozinho, executamos R$ 32,7 bilhões em obras contra R$ 5 bilhões do meu antecessor. Nunca ninguém fez isso pela infraestrutura desse país. Pode somar Petrobras, Caixa Econômica. Coloquei máquinas para trabalhar de norte a sul neste país. E desse total, pagamos R$ 27,7 bilhões. Não deu tempo de pagar tudo porque fui arrancado do cargo, mas os recursos foram deixados em convênios”, continuou de improviso.

“E fiz tudo isso com a ajuda desses servidores que esse tal general que está lá falou que são todos corruptos, que não dá para trabalhar com eles. Esses corruptos são os mesmos que trabalharam comigo e fizeram tudo isso”, desabafou.