A família do aposentado Edir Luiz Girelli, 59 anos, registrou boletim de ocorrência contra o Hospital Geral Universitário, procurou a Defensoria Pública e a Associação de Vítimas de Erros Médicos para tentar evitar o “despejo” do paciente da unidade. Três meses após sofrer um Acidente Vascular Cerebral (AVC), ele se alimenta por sonda e exibe vários ferimentos pelo corpo, mas recebeu alta, e, de acordo com a denúncia da família, vem sendo pressionado a deixar o quarto.

“Não tenho como levar ele para casa, não tenho como cuidar dele. Se ele sair do hospital ele vai morrer”, afirma a esposa de Edir, a dona de casa Anilse Soares Gireli, 48. As feridas pelo corpo do paciente são provenientes do tempo em que ficou acamado. “Eles me falaram que ele precisava de um colchão casca de ovo depois da cirurgia”, revela a esposa. Os médicos, segundo a família, já fizeram o procedimento para retirar o tecido morto.

As denúncias da família são ainda mais graves. De acordo com a esposa, para conseguir uma unidade de home care para fazer o transporte do paciente com segurança, a família precisa dos documentos da vítima que estão em poder do hospital. A família de Gireli acusa o HGU de reter documentos ilegalmente. “Eles têm medo de que eu pegue os documentos e processe o hospital. Querem que eu tire ele de qualquer jeito”, completa.



A família da vítima é do município de Claudia. Quando foi transferido para Cuiabá, Edir, acompanhado da esposa, foi amparado pela Instituição Filantrópica Casa de Apoio Estrela de Davi, que abrigou Anilse e nesta fase tem dado suporte jurídico para a família, na tentativa de garantir a permanência do paciente na unidade. O advogado da instituição, Pericles Renato Campos dos Santos, afirma ser testemunha da coação que a família tem sofrido para retirar o paciente de casa.

“Ele só se alimenta por sonda, eu falei para o médico que não tinha condições de cuidar dele e ele perguntou se eu não sei amassar alho. ‘É a mesma coisa, é só amassar o remédio’”, narra a esposa da vítima. “O meu medo é que ele morra se sair daqui. Ele está com muitos ferimentos”, completa.

Com base na reclamação da esposa de Edir, o advogado da Associação de Vitimas de Erros Médicos, Fábio Capilé, afirmou que médico o está incorrendo em dois erros graves. “O primeiro na área técnica, ao dar alta ao paciente e impor que saia do leito”, afirma. “O segundo [erro], não está no campo técnico, mas no tratamento com o paciente. E esposa dele afirmou que ele diz em voz alta, na frente da vítima, que ele vai morrer”, completa. A Associação está acompanhando o caso.

Contradições

Procurado pela reportagem na tarde de ontem, o Hospital Geral Universitário retornou a ligação e informou que ao contrário do que alega a família, o HGU não deu alta hospitalar ao paciente. De acordo com o HGU, a esposa de Edir está tentando uma home care para levar o passageiro para a cidade de Claudia.

O advogado da Casa de Apoio Estrela de Davi informou que na manhã de hoje, o médico que tem atendido Edir chamou a esposa do paciente para falar sobre o quadro clinico e a alta hospitalar. A reunião foi marcada para as 8h00 de hoje, mas segundo Pericles, o médico não compareceu. “Eu falei com uma atendente do hospital hoje e eles disseram que, na verdade, ele não havia recebido alta”, completou.

A reportagem tentou entrar em contato com a direção do hospital na tarde de hoje novamente, mas a ligação foi transferida para um ramal e no qual ninguém atendia.

A família autorizou a publicação de fotos do paciente. Atenção: as imagens são fortes. Foto1/ Foto2/ Foto3
 
Veja aqui o boletim de ocorrência registrado pela família aqui.
Veja aqui e aqui o protocolo feito junto ao Ministério Público.

Abaixo, a alta médica apresentada pela família.