Pressionado por sobressaltos nas obras da Copa do Pantanal Fifa 2014, sem a certeza de que irá reduzir o caos na saúde e prestes a licitar obras do MT Integrado que dificilmente ficarão prontas antes de 2015, o governador Silval Barbosa (PMDB) decidiu é hora de melhorar a interlocução com os demais agentes políticos. E a determinação foi passada ao secretários Pedro Nadaf (Casa Civil), Francisco Faiad (Administração) e Arnaldo Alves Souza (Seplan), com a missão de gastar o principal combustível da política: a saliva.

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“Normalmente, o tratamento é diferenciado somente quando sobra dinheiro, mas quando há arrocho, o que é o caso atual, existe o pensamento médio já arraigado: farinha pouca, meu pirão primeiro. Não é assim que Silval pensa”, observa uma interlocutor, com livre acesso no Palácio Paiaguás.

Se sair bem com prefeitos e deputados, além de concluir a maioria das obras, Barbosa crê ter dado um passo decisivo para adquirir musculatura que lhe permita conquistar uma cadeira no Senado. Caso decida continuar o mandato, também estaria fortalecido, com respaldo de agentes políticos.

Silval deseja estar pronto para deixar o governo de Mato Grosso em 4 de abril de 2014, prazo final para quem deseja disputar as eleições de 5 outubro do ano que vem. Todavia, cresce internamente, em especial no grupo que se orgulha em auto-denominar ‘República de Matupá’, o desejo de que o governador fique no cargo até 1 de janeiro de 2015, quando passaria o mandato ao sucessor.

A reportagem do Olhar Direto apurou que a denominação é para diferenciar os assessores que acompanham Silval desde a Prefeitura de Matupá (1993-96) e, depois, deputado estadual (1999-2006). Ou ainda os que têm origem em cidades do Nortão mato-grossense.

O governador confirma a proximidade dos velhos conhecidos matupaenses, inclusive aqueles que ocupam cargos, mas nega ‘tráfico de influência’ nas hostes palacianas. “São amigos de longa data. Gente com quem convivo praticamente desde quando cheguei a Mato Grosso. Mas uma coisa [governo] não tem nada a ver com a outra [amizade], porque existe respeito”, reconheceu ele, em recente entrevista ao Olhar Direto.

Sob coordenação de Sílvio Corrêa, secretário-chefe do Gabinete do Governador, e por Toninho Cunha Barbosa, irmão de Silval e com forte influência nos assessores oriundos do nortão, a ‘República de Matupá’ é respeitada e temida. Pelo menos três secretários de Estado teriam sido substituídos, nos últimos anos, por ‘bater de frente’ com o grupo de velhos amigos do governador.

Entre os principais rivais – ao menos na opinião da ‘República de Matupá’ – estariam os secretários e assessores deixados pelo ex-governador e senador Blairo Maggi (PR), de quem Silval foi vice. E a explicação é simples: alguns dos atuais detentores do poder com Silval não tiveram vida fácil, com Maggi.

“Desde que meu irmão entrou na vida pública, nada foi fácil. Sempre teve de batalhar para conquistar espaço. E, se for para ser candidato ao Senado Federal em 2014, ou permanecer, isso não será diferente”, disse Toninho Barbosa a interlocutores privilegiados, no jardim interno do Palácio Paiaguás.

Silvio Corrêa não atendeu nem retornou às ligações da reportagem do Olhar Direto. Em entrevista anterior, disse que era ‘homem de confiança’ de Silval por causa dos mais de 20 anos de amizade sincera.