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Sexta-feira, 26 de abril de 2024

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Casa Branca rejeita acusações de interferência no Irã

A Casa Branca negou que esteja tentando interferir na crise política do Irã, como acusou o presidente Mahmud Ahmadinejad em um agressivo discurso nesta quinta-feira.


O presidente iraniano, cuja reeleição está sendo contestada por manifestações na rua e por dois dos três candidatos que concorreram com ele em 122 de junho, endureceu suas críticas aos americanos e pediu ao presidente Barack Obama que pare de interferir nos assuntos internos do Irã. As declarações do ultraconservador Ahmadinejad foram as primeiras desde que Obama também endureceu o tom das críticas pela violência na repressão dos protestos da oposição, que acusa fraude na eleição de 12 de junho.

"Espero que você [Obama] evite interferir nos assuntos iranianos e expresse arrependimento de tal forma que o povo iraniano seja informado disso", afirmou Ahmadinejad, que foi reeleito com cerca de 63% dos votos contra 34% do candidato reformista e líder da oposição, Mir Hossein Mousavi.

O porta-voz da Casa Branca Robert Gibbs disse que o presidente, Barack Obama, já havia apontado que algumas lideranças políticas do Irã estão tentando culpar os EUA pelos protestos que tomaram o país depois das eleições.

"Eu acrescentaria o presidente Ahmadinejad à lista de pessoas que estão tentando colocar os Estados Unidos no centro deste problema", declarou Gibbs.

Em seu discurso, Ahmadinejad disse que Obama usa a mesma linguagem do ex-presidente George W. Bush (2001-2009), segundo a agência oficial Fars.

"Mão estendida"


EUA e Irã mantêm relações tensas desde a tomada de poder pelos religiosos xiitas iranianos, em 1979, com a derrubada do xá Mohamad Reza Pahlevi, que tinha apoio americano. Os dois países cortaram relações diplomáticas no mesmo ano, quando estudantes invadiram a embaixada americana em Teerã e deram início a uma ocupação, com reféns, que durou 444 dias.

Mas Obama tem tentado colocar em prática o gesto de "estender a mão" aos iranianos, como definiu sua estratégia de negociação, desde que os iranianos estejam dispostos a "abrir o punho". Em 20 de maio, presidente americano enviou uma mensagem de conciliação em vídeo ao Irã. Em um vídeo, com legendas em persa, o presidente falou diretamente ao povo e aos líderes iranianos propondo um "novo começo" nas relações Washington-Teerã.

Houve algumas demonstrações de que o governo iraniano havia recuado um pouco da beligerância em relação aos americanos que marca o regime islâmico --entre elas, a libertação no último dia 11 da jornalista iraniano-americana Roxana Saberi, que havia sido condenada por espionagem-- mas a crise pós-eleitoral aumentou a tensão entre os dois países.

Sob críticas da oposição, que pede uma ação mais firme em favor dos manifestantes, Obama tem falado em favor do diálogo e do direito de manifestação no Irã, com cautela para não ser acusado de interferência pelo governo do Irã, como o líder supremo fez em sermão na última sexta-feira. Nesta terça-feira, o presidente americano fez sua declaração mais forte sobre o tema, dizendo estar "escandalizado" com a violência contra os protestos.

De acordo com os dados oficiais do Irã, 17 manifestantes morreram até agora nos protestos liderados pelos oposicionistas derrotados Mousavi e Mehdi Karubi --mas que em grande parte parecem fora do controle direto deles, com organização autônoma por meio de redes sociais na internet.

No sermão de sexta, no qual confirmou o apoio à vitória de Ahmadinejad e condenou os protestos, o aiatolá Khamenei falou sobre uma carta com oferta de diálogo que os americanos teriam lhe enviado, como uma mostra de ação incoerente, porque, segundo ele, estariam apoiando os protestos.

Apesar do tom mais duro desta terça-feira, e das acusações contra os EUA, Obama tenta não romper o discurso de diálogo que adotou desde o início do governo com um país a quem os americanos acusam de desenvolver um programa nuclear para o desenvolvimento de armas atômicas --o Irã afirma que busca apenas produzir energia. Além da questão nuclear, o histórico de intervenção americana alimenta a desconfiança do Irã: em 1953, os EUA participaram de um golpe contra o primeiro-ministro nacionalista Mohamed Mossadegh, e nos anos seguintes apoiaram o regime ditatorial do xá Reza Pahlevi.

Nesta quarta-feira, o jornal "The Washington Times" e a rede de TV CNN informaram Obama enviou uma carta ao líder supremo do Irã semanas antes da eleição presidencial. De acordo com o jornal, a carta trata da "cooperação nas relações regionais e bilaterais" entre os dois países. O envio não foi confirmado nem desmentido pelo governo americano.
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