Lágrimas, orações e muitas lembranças do bem marcaram a caminhada em lembrança aos 30 dias de falecimento do voluntário do Centro de Valorização da Vida (CVV) José de Paula Ramos, 59, morto em um acidente de trânsito no cruzamento da Avenida Mato Grosso com a Comandante Costa, em 16 de setembro.

Voluntário morto em acidente atuava há 22 anos no CVV, companheiros lamentam perda
Motorista fura sinal e mata voluntário de 59 anos que retornava de trabalho em entidade filantrópica

Cerca de 60 pessoas com faixas e cartazes pedindo que o Governo do Estado não deixe que casos como esse continuem fazendo parte da rotina. “Nós estamos cansados de ver pessoas impunes com os casos de imprudências no trânsito e nada acontecerem. Pessoas matam, aleijam e deixam vítimas com ferimentos e fica por isso mesmo. Nosso irmão morreu, queremos celeridade no processo e que o autor seja julgado, porque meu irmão já morreu”, desabafou a irmã de José, Ana Rosa Ramos.

A caminhada partiu da frente do colégio Presidente Médici e seguiu até o ponto onde aconteceu o acidente. De acordo com pessoas que moram ao lado do acontecido, o motorista do Pálio, identificado como João Paulo, estaria correndo há mais de 100km/h e quando bateu no Civic dirigido por José e arrastou o veículo por mais de 50 metros.

“Eu estava na minha casa quando acidente aconteceu. Ele (João Paulo) estava correndo muito tanto que a frenagem dele começou bem antes do cruzamento. Um homem que estava atrás dele disse que o Civic foi arrastado após o impacto, o que deixou a vítima presa nas ferragens. Ele já havia furado alguns sinais vermelhos e bateu em cheio no outro veículo. Aqui nesse ponto todo alguém se acidenta é incrível”, contou Marcelo Medina, administrador de empresas e morador há mais de 20 anos no cruzamento da Comandante Costa com a Avenida Mato Grosso.

Medina já protocolou junto a Secretária Municipal de Transito e Transportes Urbanos (SMTU) um ofício pedindo uma sinalização com lombadas e punições mais severas aos condutores que causam acidentes naquele ponto. “Até agora não atenderam o que eu protocolei e nem deram responde”, contou o administrador.

O presidente da Associação Mato-grossense de Pessoas Vítimas de Violência, Heitor Reis, que perdeu seu filho em São Paulo, após uma briga de trânsito, lembrou que os recursos colhidos pelo Detran não são destinados para a segurança e nem a educação no trânsito.

“A boa vontade existe, mas não queremos mais isso, queremos ação. Os recursos que são destinados aos departamentos de trânsito nunca foram vistos em escolas para educação e nem para segurança dos condutores e pedestres. Hoje tem gente armada nas vias, tem motorista que pega o carro mesmo bêbado e acaba prejudicando não só a vida dele, mas sim a vida dos outros. No trânsito você dirige pra você e para os outros, mas sem educação não dá”, comentou Heitor.

Quando a caminhada chegou no local onde aconteceu o acidente fatal para a vida do contador José Ramos, familiares, amigos e todos os presentes se emocionaram muito e fizeram um minuto de silêncio, seguido de palmas para lembrar que naquele ponto morreu uma pessoa que ajudava muitas pessoas há mais de 22 anos no CVV.

“Meu amigo morreu depois de sair do CVV. Ajudava o próximo todos os domingos. Dia em que muitos estão curtindo a família, passeando, ele estava ajudando o próximo. É uma perda muito grande. Estamos aqui hoje pedindo que justiça seja feita nesse caso e nos outros que aconteceram e que vão acontecer, porque alguns casos não são acidentes, são irresponsabilidade”, comentou o amigo da família, Almir Santos Guerreiro.