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Domingo, 21 de julho de 2024

Notícias | Brasil

Casos de agressões policiais a jornalistas aumentam no Brasil, segundo Abraji

Pelo menos 83 jornalistas brasileiros foram agredidos desde junho, quando teve início a onda de protestos no País, segundo levantamento da Abraji (Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo). Quase 80% dos casos, ou 65 agressões, foram resultado da ação de policiais militares.


Para organizações de direitos humanos e entidades de classe, apesar de as manifestações terem elevado os números deste ano, a violência contra profissionais de comunicação tem crescido nos últimos anos. Os assassinatos, por exemplo, passaram de dois, em 2005, para seis, em 2011, de acordo com a Fenaj (Federação Nacional dos Jornalistas).

Em seminário internacional sobre violência contra jornalistas e o cerceamento do direito da sociedade à informação, o presidente da Fenaj, Celso Schröder, citou alguns fatores que explicam essa curva ascendente de violência contra jornalistas, entre eles a impunidade.

— [As agressões] ocorrem principalmente na cobertura de política, há um senso comum de que é permitido fazer. É na imprensa que se dá o confronto direto entre os interesses privados, que sejam ilegais, com o interesse público, e isso produz reações.

Um dos casos mais recentes ocorreu nas manifestações do Dia do Professor, 15 de outubro, com o repórter fotográfico Yan Boechat. Segundo o SJSP (Sindicato dos Jornalistas de São Paulo), Boechat foi espancado por um grupo de policiais militares que tentava impedir que ele registrasse imagens da agressão a um manifestante. Levantamento do sindicato contabilizou 23 casos de agressão e cinco detenções de profissionais de comunicação durante o mês de junho.

O presidente do SJSP, José Augusto Camargo, avaliou que esse tipo de violência não se resolve apenas com ações individuais.

— É um problema pessoal, porque envolve o direito ao exercício da profissão, mas também é uma questão coletiva, porque cala a voz da sociedade.}

Para ele, a escalada de violência percebida no último mês de junho tem paralelo com o período da ditadura militar.

— Não se via isso desde então.

As entidades sindicais defendem a adoção de políticas públicas para combater esse aumento das agressões, como a formação de um observatório nacional que monitore as denúncias. Bruno Renato Teixeira, ouvidor nacional de Direitos Humanos da secretaria informou quais medidas estão sendo tomadas.

— É uma questão que tem nos preocupado. Desde o ano passado, um grupo de trabalho da Secretaria Nacional de Direitos Humanos, com organizações da sociedade civil, discute medidas como a federalização desses crimes. Segundo ele, a criação do observatório deve ser anunciada ainda este ano.

Schröder propõe a adoção de um protocolo pelas empresas de comunicação que garanta aos profissionais, entre outras questões, seguro de vida, equipamentos, autonomia do repórter para a escolha da pauta e a criação de uma comissão que avalie os enfoques dados às reportagens.

— Boa parte das empresas não dá aos seus jornalistas ferramentas para a proteção. Para ele, a ideia de que o risco é inerente ao jornalismo não existe.

— Não é verdade isso. Uma cobertura jornalística precisa ser avaliada desse ponto de vista para que possamos minimizar os riscos quando eles ocorrem.
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