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Segunda-feira, 06 de maio de 2024

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Paz vigiada

Rolezeiros atrasam duas horas, passeiam vigiados e são revistados ao fim do ato veja fotos

Foto: Do Internauta

Passeio dos rolezeiros acabou com revista em mochilas em busca de um molotov inexistente

Passeio dos rolezeiros acabou com revista em mochilas em busca de um molotov inexistente

Atrasou em mais de duas horas, mas o “rolêzin no tchópe” aconteceu. Com muito menos pessoas do que se esperava – compareceram cerca de 20 rolezeiros dos 489 confirmados através do facebook -, mas ainda assim vigiados de perto pela segurança reforçada do Goiabeiras Shopping, quando dentro do estabelecimento, e por policiais militares, quando fora.


Os jovens, praticamente todos maiores de idade e universitários, passearam pelos três pisos principais do Goiabeiras Shopping, entraram e saíram de lojas perguntando preços, apesar de não comprarem nada, se divertiram em brinquedos do Planet Park, aonde funcionários chegaram a reclamar de “baderna” quando mais de dez pessoas tentaram usar de uma vez só um brinquedo, dançaram e cantaram um pouco de funk em um espaço vazio e então foram embora.

Do lado de fora do shopping, ainda na calçada do Goiabeiras, tiveram as mochilas revistadas por policiais militares, os quais diziam estar apurando uma denúncia anônima de que os rolezeiros carregavam um coquetel molotov – bomba caseira de efeito incendiário. Nada foi encontrado. Os rolezeiros chegaram a gastar alguns minutos irritados com os PMs, mas foram embora cantando e sorridentes como quem acaba de vencer uma batalha.


(Gente demais no brinquedo irritou os funcionários)

Cadê? Sumiu?

A primeira impressão de quem esperava ver a ação começar às 17h, horário marcado pelas redes sociais para começar o rolezinho, foi a de que nada iria acontecer. Ao invés dos rolezeiros, muitos policiais militares, agentes do Juizado de Menores e jornalistas – aproximadamente 30 profissionais da imprensa.

Ao redor do Goiabeiras Shopping, dez viaturas da Polícia Militar estrategicamente divididas antes e depois do estabelecimento, onde foram armadas blitz. Um outro destacamento ficou em frente da instituição, de prontidão, na única entrada que permanecia aberta – as saídas laterais foram fechadas excepcionalmente.

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Os jornalistas inicialmente se reuniram no terceiro piso do shopping, na praça de alimentação, mas, tão logo perceberam que nenhum dos rolezeiros estavam dentro do estabelecimento, se aglomeraram na porta principal. Estavam presentes praticamente todos os veículos de comunicação de Cuiabá, dentre sites, TVs e jornais.

Todos se perguntando aonde estavam os manifestantes que prometeram enfrentar todo o necessário para se manifestar em solidariedade aos rolezeiros de São Paulo, jovens da periferia vítimas de ações truculentas da Polícia Militar de SP e proibidos pela Justiça de marcarem encontros em alguns shoppings daquela cidade. Piadas sobre a desistência dos rolezeiros cuiabanos eram inevitáveis.

Os três mosqueteiros

(Os irmãos Souza Carvalho, do Pedra 90)

Quando ninguém mais acreditava que veriam um rolezeiro cuiabano, eis que surgiram três. Jovens, um deles ainda adolescente, todos negros, usando bonés abas retas, piercings, e se perguntando aonde estariam os outros. Identificados pelos jornalistas, viraram comida para os leões esfomeados por uma notícia e começaram a dar uma entrevista atrás da outra para explicar quem eram, da onde vinham e o qual o motivo do tal “rolêzim no tchópe”.

O mais jovem, Wesley Souza Carvalho, estudante de 15 anos, morador do bairro Pedra 90, tinha ido ao shopping principalmente por uma entrevista de emprego, disse que não podia perder a oportunidade de se manifestar contra o preconceito, ainda mais tendo sido vítima disso no mesmo dia.

Mais cedo, ele e o irmão, que também compunha o trio solitário, foram ao banheiro para tirar os piercings para a entrevista de emprego. Já tinham notado estar sendo seguidos por seguranças dentro do shopping, mas a surpresa foi grande quando notaram que dois deles entraram no toalete atrás deles. “Eles não fizeram nada, mas estavam lá nos vigiando só por causa da nossa cor, da nossa roupa. Eu já estou acostumado com isso, mas não devia, né?”, ponderou.

Outro deles, Tedsom Souza Carvalho, auxiliar administrativo de 18 anos, irmão mais velho de Wesley, conseguiu uma folga para acompanhar o irmão e participar do manifesto. Afirmou e reafirmou ser rapaz trabalhador, reclamou do preconceito diário e se dispôs a fazer um rolé na Câmara dos Vereadores, Assembleia Legislativa ou qualquer outro espaço. “Demoro. É que eu não tô organizando, mas é só me chamar que eu vou protestar lá também”.

Mais tímido, o terceiro se escondeu das câmeras e falou com poucos jornalistas. Juntos com os outros dois, continuou a esperar os outros rolezeiros. “O pessoal deve atrasar, né? Mas vamos ficar aqui e esperar”.

Menos de 5%

(O rolé aconteceu, ms pequeno)

Mais de uma hora passada do horário marcado para começar o rolêzim no tchópe e praticamente nada. Poucos manifestantes chegaram, alguns panfletaram em prol da educação, outros por melhorias no transporte público e saúde, e a imprensa foi indo embora. Uma chuva de verão, dessas rápidas, mas fortes, fez ainda mais gente ir embora, já cravando o fracasso do rolê. Ainda mais quando um dos rolezeiros presentes, identificado apenas como “Negresco”, admitiu que havia a possibilidade de nada acontecer.

“Nós sabíamos que o maior impacto foi o que conseguimos com a mídia. Fizemos as pessoas prestarem atenção nisso. Sabíamos que o movimento poderia não ter aderência, não foi uma demanda da periferia, mas sim de universitários, mas já conseguimos algo. A ideia agora é conscientizar as pessoas”, disso o manifestante, que acabou nem ficando para o rolé.

No entanto, às 19h, duas depois do horário marcado, chegaram mais rolezeiros. Eram menos de 20, o que significa menos de 5% de todos os confirmados através do facebook, mas mesmo assim foram em frente com o ato na companhia dos “três mosqueteiros” do Pedra 90. Depois de um passeio de aproximadamente 40 minuto dentro do shopping, foram embora. Fim do rolê.
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