Os funcionários do MT Hemocentro paralisaram suas atividades nesta segunda-feira (09). A falta de insumos e materiais para execução dos trabalhos torna “impossível” assistir os mais de 900 pacientes cadastrados na unidade de saúde pública. Para Alzira Saldanha, membro do comitê em defesa da saúde, a suspensão dos trabalhos por 24 horas não irá atrapalhar os serviços da unidade, “pois a maioria já não funciona mais”.

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Um simples hemograma já não pode ser realizado no MT Hemocentro. Transfusão de sangue e exames como o de diagnósticos estão parados há mais de um ano, denunciam os funcionários. A unidade de saúde atende dois tipos de público, os doadores, que de boa vontade vão contribuir com o banco de sangue, e os pacientes já debilitados, que querem saber o seu diagnóstico e buscam tratamentos.

Com os corredores e salas de doadores vazios, no dia de hoje o MT Hemocentro deixou de atender cerca de 60 pacientes que diariamente buscam a unidade. “Nós não queremos atrapalhar os trabalhos. Essa paralisação é para ver se o governo do Estado se posiciona e dê resolução a esta situação”, esclarece Alzira Saldanha.

A sindicalista ressalta que desde 2010 os trabalhadores da unidade encaminharam denúncias sobre a precariedade do MT Hemocentro para o Ministério Público Estadual (MPE), entretanto até o momento nenhuma ação foi feita em defesa do serviço.

Na semana passada, os funcionários do MT Hemocentro pediram esclarecimento sobre a aplicação de R$ 4,8 milhões que foram empenhados para o primeiro semestres deste ano, sendo que apenas R$ 900 mil foram, efetivamente, pagos aos fornecedores. Os valores constam do Sistema Integrado de Administração Financeira do Governo Federal (Siaf) em pesquisa realizada na última quarta-feira (4).

O Siaf também apresenta dados que revelam orçamento no valor de R$ 16,9 milhões para o MT Hemocentro para o ano de 2014. No entanto, já decorridos seis meses, apenas cerca de 2% foram pagos para as empresas encarregadas pelo fornecimento dos materiais para a unidade de saúde.

“Isso gera desconfiança dos fornecedores que conseqüentemente não entregam o material e quem não participa das licitações nem sequer tem interesse, pois o pagamento é incerto”, lamenta Saldanha.

Outro lado

Por meio de nota, a Secretaria de Estado de Saúde (SES) afirmou que com apoio do Ministério da Saúde e da Coordenação Nacional do Sangue, trabalha para resolver todos os problemas enfrentados pelo MT-Hemocentro.

Segundo a secretaria, os serviços das áreas de processamento de sangue e dos laboratórios de Imunohematologia e sorologia que estavam suspensos serão retomados o mais rápido possível, com todas as condições necessárias ao pleno funcionamento. Os insumos já foram comprados e grande parte já se encontra no órgão.

Ainda de acordo com o a SES, será assinado um Termo de Ajustamento de Conduta entre o Estado e Vigilâncias para estabelecer prazos para obras e reformas. A Saúde do Estado garante que não houve descontinuidade de nenhum serviços que o órgão presta a população. O SES providenciou a prestação de serviços junto a Rede Filantrópica e particular do Estado.

Os bancos de sangue Henosan e Ihemco auxiliam nos serviços de processamento de sangue e tem autorização do Estado. Os pagamentos por estes serviços prestados pelos Bancos de Sangue, são feitos pelo Ministério da Saúde com a emissão de guia de atendimento aos usuários (FTO). O serviço de transfusão de sangue eletivo está sendo feito em Hospitais credenciados pela Rede SUS até a normalidade do mesmo.