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Sexta-feira, 19 de julho de 2024

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cadê o dinheiro?

Fantástico expõe propinas milionárias das obras da Copa, desvios de R$ 640 mi e conexão entre operações da PF, Gaeco e PJC

Fantástico expõe propinas milionárias das obras da Copa, desvios de R$ 640 mi e conexão entre operações da PF, Gaeco e PJC
Foi ao ar na noite deste domingo (22) a aguardada reportagem do Fantástico sobre esquema de corrupção instalado em Mato Grosso que envolvia o Poder Executivo e Legislativo e teria nos últimos anos desviado pelo menos R$ 640 milhões do erário. A reportagem, assinada pelo jornalista investigativo Eduardo Faustini, ainda cita propinas que teriam sido prometidas ao ex-secretário extraordinário da Copa, Eder Moraes, na ordem de R$ 10 milhões e a conexão entre as operações Ararath, Edição Extra e Imperador, deflagradas, respectivamente, pelo Polícia Federal, Delegacia Fazendária e Gaeco, entre 2014 e 2015.

 
O quadro “Cadê o dinheiro que estava aqui” revelou para a opinião pública nacional informações já apresentadas pela imprensa local, incluindo trechos de depoimentos de Eder Moras já publicados até então com exclusividade por Olhar Direto/ Jurídico. Eder inclusive concedeu entrevista ao Fantástico desqualificando seu próprio depoimento.  Ele alega que mentiu para o Ministério Público porque estava incomodado com o fato de não ter sido conduzido para o cargo de conselheiro do Tribunal de Contas, o que teria lhe sido prometido anteriormente.  
 
Em entrevista ao programa dominical, o delator da operação Ararath, empresário Junior Mendonça, afirmou que procurou espontaneamente o Ministério Público porque sabia que tinha cometido erros e queria pagar. Ele explica que sua participação se limitava ao empréstimo de dinheiro para o Poder Legislativo e Executivo. Riva e Eder o procuravam, cada um para atender as demandas de seu respectivo Poder, sendo o segundo enviado a mando de Silval Barbosa (PMDB), governador à época. O dinheiro de Mendonça abastecia o “sistema”, nome dado para a compra de apoio político. Para o Ministério Público Federal, Mendonça atuava como uma verdadeira instituição financeira pirata em Mato Grosso – foco da investigação da Ararath.
 
O depoimento de Júnior Mendonça acabou sendo crucial para ligar Riva ao esquema investigado pelo Gaeco que culminou na operação Impostor, deflagrada no último sábado com a prisão de Riva. Para quitar os empréstimos com Júnior Mendonça, abastecer o “sistema” e resolver outras demandas, o ex-presidente da Assembleia, segundo a denúncia oferecida pelo Ministério Público, forjava licitações para o fornecimento de materiais com empresas de fachada. O produto comprado não era entregue, o dinheiro era depositado nas contas das vencedoras do certame e sacado por um homem de confiança de Riva. Nesta caso, cerca de 80% do montante retornava a Riva.
 
Esquema semelhante acontecia com a aquisição de material gráfico. Neste caso, as investigações conduzidas pela Delegacia Fazendária culminaram na operação Edição Extra. As empresas prestadoras de serviço não eram de fachada, mas os produtos adquiridos também não eram entregues. Um dos delatores do esquema contou ao Fantástico que o “retorno” para Riva do dinheiro desviado era de 75% do valor dos contratos.
 
No bojo dos esquemas de corrupção elencados pelo Fantástico, entraram as problemáticas obras da Copa do Mundo, com destaque para a construção do VLT, que deve ficar R$ 500 milhões mais caro que o previsto, e as desastrosas construções dos viadutos da Sefaz e UFMT – o primeiro interditado no primeiro mês de uso e o segundo executado sem projeto de drenagem, o que deixa a pista intransitável em dias de intensas chuvas.
 
A reportagem ainda mostrou cenas da prisão de Riva, feita ontem pelo Gaeco. De acordo com Fantástico, as chamadas para a reportagem de hoje, feitas durante a semana, ajudaram na prisão do ex-presidente da AL, uma vez que a matéria poderia motivar uma fuga do ex-parlamentar.
 
José Riva é apresentado foi apresentado pela matéria como o maior político ficha suja do Brasil. Para ilustrar a afirmação, a lista de processos contra ele  foi colocada no chão em sequência. Já Eder Moraes é apresentado como o homem que “vale” R$ 10 milhões, valor que lhe teria sido prometido em propina pelas obras da Copa, sendo metade pelo VLT e metade pela Arena Pantanal.
 
Outro político citado na reportagem é o deputado estadual Mauro Savi (PR), que foi primeiro-secretário enquanto Riva era presidente e teria assinado junto com o colega de parlamento uma nota promissória de R$ 5,7 milhões. Riva alega que esse empréstimo era pessoal e à reportagem Savi negou qualquer acusação de desvio de recursos públicos e diz que a nota promissória que avalizou para José Riva é somente uma prática comercial lícita.
 
A defesa de Riva alega que as acusações de Júnior Mendonça não têm base em provas e que a documentação relativa aos períodos em que ele presidiu a casa vai afastar qualquer possível suspeita de ato ilícito.
 
Já Silval se manifestou por meio de nota, declarando que nunca autorizou Éder Moraes a fazer qualquer transação com Júnior Mendonça e declara que espera o teor das investigações sobre desvios de dinheiro para prestar esclarecimentos caso seja necessário.
 
Barbosa ainda afirma que a obra do VLT teve acompanhamento de todos os órgãos de controle e fiscalização e o atraso é culpa das desapropriações judiciais, ações do Ministério Público e a complexidade da obra.

Atualizada às 23h00.
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