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Segunda-feira, 06 de maio de 2024

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Cenário é de esquecimento em obra de navegabilidade do Rio Capibaribe

Foto: (Foto: Reprodução / TV Globo)

Terrenos que deveriam receber estações de passageiros estão fechados, tomados por mato. Embarcações também foram esquecidas nos canteiros de obras e enferrujam com o tempo

Terrenos que deveriam receber estações de passageiros estão fechados, tomados por mato. Embarcações também foram esquecidas nos canteiros de obras e enferrujam com o tempo

Em 2012, o anúncio. Em 2013, a assinatura da ordem de serviço. E a promessa de, no ano seguinte, no mês da Copa do Mundo, iniciar a operação do projeto de navegabilidade do Rio Capibaribe. Um investimento de R$ 289 milhões em um modal de transporte público alternativo que tinha a expectativa de atender cerca de 300 mil pessoas por mês em 13 embarcações, divididas em duas rotas que, juntas, percorreriam 13,5 quilômetros, da BR-101 ao Centro do Recife. Hoje, o cenário é de esquecimento e incerteza. Por cinco dias, a reportagem da TV Globo acampou em diferentes pontos das obras, pela manhã e à tarde, e não encontrou nenhum funcionário ou máquina trabalhando.


A rota Oeste teria cinco estações e 11 quilômetros de extensão. O ponto de partida seria a estação BR-101, Zona Oeste do Recife. Nos dias 20 (das 14h às 17h) e 21 (das 8h ao meio-dia), nenhuma movimentação foi registrada no local. Pelo contrário, o terreno está abandonado e não conta sequer com a presença de vigilantes. A placa "início de obras" avisa que, um dia, houve trabalho ali. "Faz mais de um ano. Isso é um erro. Esse projeto serviria a toda a comunidade aqui, com balsa pra nos levar até a cidade. Está desse jeito aí, sem ninguém", conta o pedreiro Severino Amaro da Silva Filho, que chegou a trabalhar no local. "Tenho vários colegas que também trabalharam aí dentro. Todo mundo desempregado, inclusive eu", lamenta.

No acostamento da rodovia, a entrada do terreno é fechada apenas por uma corda velha amarrada numa estrutura de concreto. Mais adiante, um cercado de madeira apodrecida com a tela rasgada e pregos à mostra. O andaime está jogado, perto de uma área com muita água parada -- foco de dengue num ano em que as notificações são cinco vezes maiores que no ano passado. Duas embarcações repousam no local enquanto a vegetação cresce. São vários equipamentos e materiais perecendo ao tempo, a maioria já enferrujada. Na margem do rio, uma estrutura decadente de madeira ensaia a estação que nunca chegou a ser erguida. No canteiro de obras, a guarita está desocupada e foi avistado somente um carro particular, que passou alguns minutos no local e foi embora. Em dois dias, o único movimento ali foi de um grupo de cães vira-latas.

O giro continuou na Ilha Joana Bezerra, área central do Recife, onde ficará o galpão de manutenção das embarcações. Por lá, até alguns meses atrás, havia tapumes cercando a área e alguns materiais de construção. Foi tudo levado. A margem do Capibaribe, naquele trecho de 50 metros, é terra arrasada. Foram muitos buracos abertos no terreno, alguns com mais de dois metros de altura. Como as obras ficaram inacabadas, as crateras abrigam muito lixo e água enlameada. Pilastras no meio do nada, construções demarcadas e nunca erigidas, cisternas ao relento e um amontoado de terra e concreto compõem o visual. Em dois dias, a única atividade ali foi dos funcionários da limpeza urbana.

A Estação Central, próxima à Casa da Cultura, virou estacionamento particular. O ambiente tem tapumes ao redor, entulhos espalhados e uma ponte de madeira, caindo aos pedaços, por onde chegavam os materiais de construção. As obras estão paradas há cerca de um ano. A Estação Derby é a única inacessível, trancada e com segurança, mas por cima dos muros é possível ver que o abandono é o mesmo: mato crescido, máquinas paradas, entulhos, uma ponte precária e nada de obras.

A secretária-executiva da Secretaria das Cidades de Pernambuco, Ana Suassuna, explicou que a maior parte da obra foi parada por questões burocráticas. "Com relação às estações, nós paramos por conta dessa análise de projetos. Se tivéssemos avançado, não teríamos como antecipar pagamentos. É uma questão burocrática que precisa ser seguida para, exatamente, a gente ter liberação e desembolso na rota normal das obras", declara, lembrando que a dragagem dos caminhos previstos pelo projeto avançou um pouco mais. Segundo Suassuna, o serviço foi concluído em toda a Rota Oeste, que vai da BR-101 até o Centro do Recife. Depois disso, no entanto, constatou-se que a dragagem estava provocando instabilidades em algumas palafitas e o serviço também foi paralisado.

É por isso que, de acordo com Suassuna, ainda vai demorar pelo menos um ano e meio para que os pernambucanos possam utilizar o Rio Capibaribe como meio de transporte. "A gente tem um novo cronograma que está sendo apresentado com um ano e meio pela frente de obras para colocar o Ramal Oeste em operação. Também temos previsto a licitação da operação, com aquisição dos barcos por quem for ganhar essa licitação. Nossa expectativa é que ainda neste segundo semestre nós lancemos esse edital", espera.
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