O prefeito de Tangará da Serra (240 km de Cuiabá), Fabio Junqueira (PMDB), negou ter autorizado o uso de um ônibus escolar para transportar militantes do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) a Cuiabá. Denúncia da Secretaria de Estado de Educação (Seduc) apontou que o ônibus, que estava sob responsabilidade do município, foi visto à disposição do MST na capital na sexta-feira (14).

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De acordo com o prefeito, o veículo foi liberado para vir a Cuiabá pela Secretaria Municipal de Educação e Cultura, após solicitação da Escola Estadual Ernesto Che Guevara, localizada no assentamento Antonio Conselheiro. No ofício, a direção da escola solicita o ônibus para transportar alunos e professores para um concurso de poesia que se realizaria em Cuiabá entre os dias 13 e 16 de agosto, no ginásio do bairro Quilombo. Porém, o local indicado como sede do concurso foi onde membros do MST estiveram acampados no período, após a marcha realizada no dia 12.

Fabio Junqueira afirmou que está instaurando uma sindicância para averiguar o que aconteceu. O prefeito ainda cobrou que a Seduc faça o mesmo, já que o ônibus foi solicitado por uma escola estadual, sob alegação de que seria usado para atividade pedagógica.  “Se esse ônibus participou de outro evento que não o festival de poesia, os envolvidos serão responsabilizados. E como foi uma escola estadual que pediu o ônibus, a Seduc deveria fazer o mesmo”, afirmou o prefeito ao Olhar Direto.

Exoneração da secretária

A denúncia sobre o uso indevido do ônibus provocou uma crise na Secretaria Municipal de Educação, e levou a secretária Iolanda Garcia (PT) a colocar o cargo à disposição. O prefeito informou que decide até a terça-feira (18) se aceita o pedido de demissão da secretária. “Ela é professora efetiva, com mestrado, e uma servidora muito técnica e eficiente. Porém, por causa dessa historia do ônibus, ela colocou o cargo à disposição. Agora estou avaliando a permanência dela no comando da secretaria”, informou Fabio Junqueira.

O prefeito ainda lamentou a situação. “A gestão de Tangará é muito séria e equilibrada. Estamos fora dessa briga ideológica e política que existe. Tanto que os únicos recursos que recebemos do Governo do Estado e do Governo Federal são repasses constitucionais. Mas infelizmente houve esse episódio. A relação da escola Che Guevara com a Seduc costumava ser harmoniosa. Eu não sabia que essa relação tinha mudado”, disse.

Outro lado

A assessoria da Seduc informou que já tomou as providências cabíveis com relação ao uso indevido do ônibus escolar, ao denunciar o desvio de finalidade ao Ministério Público Estadual (MPE). Além disso, a assessoria jurídica da pasta notificou o prefeito de Tangará sobre o descumprimento do termo de cessão do ônibus ao município, que previa o uso exclusivamente para transporte escolar, e também a Associação Mato-grossense dos Municípios (AMM), para orientar os prefeitos a não autorizarem esse tipo de uso.

Com relação à cobrança do prefeito de que a Seduc investigue também a conduta dos servidores estaduais – diretora, secretária e professores – que teriam usado o ônibus indevidamente, a pasta ainda não se posicionou.