Os portões nos locais de prova para o primeiro dia do Exame Nacional do Ensino Médio abriram e fecharam pontualmente. Em Cuiabá, por causa do fuso horário, os vestibulandos tiveram que almoçar mais cedo para chegar na prova até o meio-dia. Muitos, no entanto, ficaram presos no trânsito ou demoraram demais para chegar.
É o caso da cearense Régia Aparecida. Formada há três anos, somente em 2015 ela teve a oportunidade de fazer o enem. “Agora que surgiu a oportunidade e meu irmão fez o cadastro meu e do meu esposo”, contou à reportagem do Olhar Direto. Neste sábado, no entanto, ela não conseguiu chegar a tempo: “Nós moramos lá no Alto da Boa Vista, aí o trânsito não deixou nós chegarmos. Nós saímos de lá 10:40, chegamos agora e o portão tá fechado”. Régia e seu esposo chegaram à UNIC Beira Rio às 12h15, quinze minutos depois dos portões fecharem. Apesar de ter perdido o primeiro dia, o casal diz que vem fazer a prova no domingo.
Outra pessoa que não conseguiu chegar a tempo foi Patrícia Taques. Com vinte e um anos, essa é a segunda vez que ela prestaria o exame. “Queria fazer direito, mas agora não sei se vou prestar ano que vem porque quem falta à prova não pode fazer no ano seguinte, né?”. Ela também chegou atrasada por causa do trânsito, e afirma que não tem condições de pagar uma universidade particular.
Hilary Kettilenny da Silva foi a primeira a chegar depois dos portões fecharem na UNIC. Desolada e ‘atacada’ pelos jornalistas, ela contou que saiu de casa às 11h, no bairro Verdão. Seu sonho é fazer educação física, mas como ela ainda está o segundo ano do Ensino Médio, faria a prova somente para teste. “Ano que vem eu faço terceiro e aí eu faço de novo”, desabafou.
Teila Bonfim, 43, pegou um acidente no meio do caminho, e estava revoltada por não ter conseguido: “Eu acho que eu estou correta. Eu não acordei onze horas pra chegar aqui! (...) Eu sou do Alvorada, saí 10h50 de carro, mas eu venho por um caminho que é rápido. Aí você chega em frente da Bispo e tem um acidente, aí você não anda, entendeu? Aí os caminhos que eles te dão hoje você não anda... como que faz?”. Indignada, ela queria fazer Serviço Social: “Agora o que você faz? Senta e chora.(...) Só não sentei porque não tem lugar”.
Não foi a falta de tempo que atrapalhou Julia Prado, 18, mas a confusão com os documentos. Ela já estava dentro de sala de aula, mas levou apenas o título de eleitor: “Só que não pode, tem que ser algum documento com foto... Aí mandaram eu sair de lá, o homem veio trazer a identidade pra mim e não deixaram entrar de volta”, contou. A estudante faria o ENEM pela primeira vez.
Julia Prado (Foto: Rogério Florentino Pereira / Olhar Direto)
Quem conseguiu
Apesar de alguns darem – literalmente – com a cara na porta, muita gente garantiu a presença no primeiro dia de prova. É o caso de Denizar Francisco da Silva, de 42 anos. Mesmo andando de muletas e com a perna machucada, ele conseguiu entrar antes do meio dia. Esta foi a primeira vez que ele fazia ENEM e, apesar de achar que a prova será difícil, não se preparou tanto: “Pra falar a verdade eu não estudei muito não”, confessou.
Denizar Francisco da Silva (Foto: Rogério Florentino Pereira / Olhar Direto)
Lilian Marques, 68, foi fazer o exame pela primeira vez: “Eu terminei o terceirão agora e vou tentar uma oportunidade”, contou, “quero fazer modelagem ou informática”. Nascida em Ponta Porã, Lilian mora em Cuiabá há 40 anos.
Para Marilza Batista, 45, o ENEM é uma oportunidade de crescer na carreira: “É a terceira vez que estou fazendo a prova, da outra vez eu passei para técnica. E agora quero fazer a faculdade pra me tornar enfermeira padrão.
A tensão mexeu com Claúdia Santos, 25, estudante do cursinho do Master. Ela teve que entrar para fazer a prova numa cadeira de rodas: “Eu não sei, acho que o nervosismo... foi me dando falta de ar”, contou ao Olhar Direto, ofegante. Esta é a segunda vez que ela tenta a prova, e quer estudar biologia.
Veja mais fotos da entrada para o ENEM na Unic Beira Rio na galeria.
Criado em 1998, o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) avalia o desempenho do estudante ao fim da escolaridade básica. Podem participar do exame alunos que estão concluindo ou que já concluíram o ensino médio em anos anteriores.
O Enem é utilizado como critério de seleção para os estudantes que pretendem concorrer a uma bolsa no Programa Universidade para Todos (ProUni). Além disso, cerca de 500 universidades já usam o resultado do exame como critério de seleção para o ingresso no ensino superior, seja complementando ou substituindo o vestibular.
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