O deputado federal Ságuas Moraes (PT-MT) tachou a instauração do processo de impeachment contra a presidente Dilma Rousseff (PT) de absurda e afirmou que o ato foi apenas revanche do presidente da Câmara Federal, Eduardo Cunha (PMDB-RJ). Na previsão do petista, Cunha está tentando um golpe de Estado, mas deve se dar mal antes de atingir seu objetivo.
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“Esse pedido de impeachment não tem nenhum embasamento jurídico. É um absurdo. Isso é um açoite à democracia. Além do PT, vários outros partidos também não vão admitir uma pessoa na situação dele usar de chantagem para atropelar o processo democrático. Eduardo Cunha está tentando dar um golpe. Se ele não estiver preso até lá... Porque a tendência é ele perder o mandato e ser preso. Por isso ele quer tirar o foco de cima dele”, afirmou Ságuas à reportagem do
Olhar Direto.
Ságuas externou sua indignação com o fato e afirmou que Eduardo Cunha está tentando barganhar e fazer chantagem para evitar a própria cassação. “Cunha fez uma barganha indecente. Ele estava com esperança que o PT fosse apoiá-lo na Comissão de Ética, mas os três membros do partido decidiram votar contra ele, porque não iríamos compactuar com os malfeitos dele. Então, numa reação de revanche, ele acatou o pedido de impeachment. Isso é chantagem”, disparou.
O parlamentar mato-grossense não poupou críticas também ao caráter do presidente da Câmara. “Cunha não tem amigos; tem negócios. O Deus dele é ele mesmo. Ele pensa que está acima do bem e do mal”, declarou.
O petista informou que a bancada do partido vai questionar o impeachment no Supremo Tribunal Federal (STF), além de tentar barrar a admissibilidade do processo na Câmara.
O pedido de impeachment foi apresentado pelos juristas Hélio Bicudo, Miguel Reale Jr. e Janaína Paschoal em outubro, e baseia-se, principalmente, em um suposto crime de responsabilidade contra a lei orçamentária, em função das chamadas “pedaladas fiscais”.
Após a admissão do pedido, ocorrida na noite de quarta-feira (3), Dilma terá 10 sessões plenárias para apresentar sua defesa. Se a Câmara usar apenas as sessões ordinárias para contagem de prazo, essa etapa ficará para 2016, já que estão previstas apenas seis sessões ordinárias para este ano.