A dona de casa Ana França Rodrigues Bandeira, de 42 anos, no último domingo (3), tornou-se a única responsável pelo sustento de quatro pessoas, três delas com deficiência. Ana é a viúva de Fernando Trindade Bandeira, de 42 anos, que foi atropelado quando trafegava com sua moto pelo bairro Canjica, na capital. Fernando trabalhava executando serviços gerais em uma padaria e retornava para casa no bairro Planalto, em Cuiabá, quando foi atingido.
A vítima foi atropelada pelo condutor de um Renault Logan, de 23 anos, identificado como Diego Chaves Castanho, que trafegava pela contramão e fugiu do local sem prestar socorro. Fernando, que morreu no meio da rua após ser arremessado por mais de 20 metros, era pai do menino autista Alecks Fernando Rodrigues, de 12 anos, além de Elias Mickel Rodrigues, de 10.
“Eu queria, por uma única vez, ficar frente a frente com esse rapaz. Não queria falar nada. Só queria ouvir. Eu já o perdoei. Eu tenho condições para fazer isso. Sou mãe de uma criança especial. Sou pequena no tamanho, tenho apenas 1.55 de altura, mas minha força é muito maior. É grande’, garante.
Moradores do bairro Planalto, por 18 anos, Ana e o marido construíram uma história de sucesso, apesar de todas as dificuldades. Mesmo diante da tristeza da perda do companheiro, ela cita que não há motivos para esmorecer.
“O pouco que tínhamos ainda está aqui. Tenho certeza de que nada irá nos faltar. Eu me sinto assim, segura. Tenho essas pessoas [a mãe de 81 anos com Alzheimer, o irmão de 55 anos que sofreu paralisia cerebral aos 4 anos e o filho autista] para cuidar. Não há sentimento de revolta, nem o desejo de vingança. Eu não acredito que uma pessoa saia de casa com essa intenção, de causar dor, sofrimento. Eu tenho segurança de que tudo ficará bem'.
Depoimento
Na segunda-feira (4), Diego se apresentou à Delegacia Especializada em Delitos de Trânsito, conforme divulgado pela Polícia Civil. Em depoimento ao delegado da unidade, Romildo Souza Grota Junior, o motorista disse que no momento do acidente estava chovendo o que teria feito com que ele perdesse a direção do veículo. Afirmou ainda que passou a noite em claro com amigos e que estava indo para casa de outro colega, mas negou que tivesse consumido bebida alcoólica. Diego alegou que deixou o local por medo de ser agredido por testemunhas e familiares da vítima.
O jovem possuía documento de permissão para dirigir, com validade de um ano, dada a novos condutores, candidatos a Carteira Nacional de Habilitação. A autorização provisória foi apreendida.
Ainda segundo a polícia, testemunhas devem ser ouvidas para comprovação das circunstancias do acidente e checagem se o suspeito apresentava sinais de embriaguez. Diego será indiciado por homicídio culposo, fuga do local e omissão de socorro.
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