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Quinta-feira, 02 de maio de 2024

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Caso Reverson

Família segue sem informações de piloto após 2 meses e acusa polícias de omissão

Foto: Arquivo Pessoal

Família segue sem informações de piloto após 2 meses e acusa polícias de omissão
As vésperas de completar dois meses, o caso do desaparecimento do piloto agrícola Reverson Bonan, 38 anos, segue sem desfecho ou posicionamento por parte das autoridades. O último contato com ele aconteceu no dia 13 de janeiro de 2015, época em que realizava vôos comercias na cidade de Ponta Porã, no Mato Grosso do Sul. Até agora, nenhuma notícia foi dada à família do homem, que acusa a Polícia Civil e a Federal de omissão, e busca por informações sobre ele de forma independente. Em entrevista ao Olhar Direto, sua esposa, Adriana Cristina Silva, apontou o crime de seqüestro como a hipótese mais aceitável na investigação.


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Para ela, se o marido tivesse morrido em um acidente ou homicídio, (as outras duas linhas consideradas no inquérito), o corpo e o avião já teriam sido encontrados. “Eu não acredito na possibilidade de queda. Se fosse isso, com certeza alguém teria encontrado os vestígios. Não há um lugar tão remoto que não dê pra ver um avião em queda, ouvir o barulho ou enxergar a fumaça. A identificação do veículo é PTJVD, de cor azul e branca.”

De acordo com Adriana, os donos da empresa na qual Reverson trabalhava não colaboraram com a apuração policial, e, além de esconder dados, demoraram 45 dias para registrar o desaparecimento do avião.  Eles também não teriam informado o destino do vôo, e o aeroporto de onde o avião partiu não passou as imagens registradas em câmeras de segurança, nem para ela, e nem para os investigadores responsáveis.

“Qual o motivo para eles fazerem isso, e por que não foram punidos por obstruir a investigação? Isso tudo é muito estranho. Com certeza tem algo errado, mas ninguém fala conosco direito. Já estamos cansados, chegamos ao limite. Estou revoltada e não falo só por mim, mas por outros familiares que, assim como eu, estão vivendo a base de remédios calmantes.” 

Ela afirma ainda que, como o caso se deu em uma cidade localizada a menos de 150 km da fronteira com o Paraguai, a investigação deveria ser conduzida pela Polícia Federal (PF) e não apenas pela Polícia Civil (PC). Entretanto, as duas instituições estariam “empurrando” a responsabilidade uma para outra, adiando o desfecho do caso.

A esposa do piloto diz que as reivindicações já foram levadas ao Ministério Público Federal (MPF), no Ministério Público Estadual (MPE) e na Corregedoria Geral da Justiça (CGJ). “Já procuramos outros meios, mas com a quantidade de feriados que têm no país, os trâmites não andam. Primeiro foi Natal, depois Réveillon, agora Carnaval. Com certeza tudo vai parar na Páscoa também. Como fica o cidadão quando a Justiça para?”

Agora a família aposta na circulação de notícias sobre o desaparecimento para tentar chegar a quaisquer informações que possam levar a Reverson, que, para sua esposa, pode estar perdido, tentando voltar para casa. Para isso, ela pede que pessoas que vivam em lugares afastados, principalmente em regiões de fronteira nos estados de Rondônia, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, denunciem qualquer circunstância que envolva um homem com suas características.

“Nós pedimos pela ajuda de pilotos, funcionários de fazenda, pessoas que saibam sobre aeroportos clandestinos, funcionários de hospitais, habitantes de comunidades indígenas. Ele pode estar sem memória, tentando voltar para casa, ou sendo obrigado a fazer vôos ilegais. Qualquer informação é valiosa nesse momento. Estamos fazendo um trabalho de ‘formiguinha’ para tentar encontrá-lo.”

Com medo de possíveis tentativas de extorsão e trotes, ela prefere não fornecer um telefone pessoal para contato, mas as denúncias podem ser feitas anonimamente à Polícia. Em janeiro os familiares chegaram a ser procurados por um jornalista que buscava a confirmação do retorno do piloto. A falsa informação causou pânico e foi implantada por alguém que se passou por sua sogra.

Recentemente o rastreamento de uma ligação apontou que o número do piloto estava em Cuiabá, mas segundo Adriana, não foram realizadas buscas para descobrir a localidade. Revoltada, ela garante que não desistirá e que às vésperas de completar dois meses de desaparecimento, a situação não será esquecida. “Nós queremos saber o por que desse jogo de empurra, vamos continuar questionando, não vou engolir essa situação”,conclui.

Outro lado

A PF de Mato Grosso do Sul alega que a ocorrência não chegou a ser averiguada pela instituição, que recebeu da delegacia de Ponta Porã apenas o inquérito com um despacho. Deste modo, os trabalhos não tiveram seqüência porque a responsabilidade entre as corporações só podem ser transferidas por meio de um termo de ‘declínio de competência’. Este processo é encaminhado primeiramente ao Ministério Público (MP), e avaliado posteriormente por um juiz, que determina a quem pertence à investigação.  

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A Polícia Civil também se manifestou e disse que as providências para a conclusão têm sido tomadas. De acordo com o delegado Wellington de Oliveira, Titular da Primeira Delegacia de Polícia de Campo Grande explicou que já foram realizadas diligências e colhidos diversos depoimentos, no entanto, há limites jurídicos que os impendem de dar seqüência aos procedimentos em outros estados e países.

“No momento o inquérito segue conosco, mas já foi aberto um processo de declínio de responsabilidades para que a Polícia Federal passe a apurá-lo. Como se trata de órgão nacional, há uma agilidade muito maior na investigação, que também é transposta por trâmites jurídicos. Nós não podemos ignorar isso, A Polícia Civil não pode entrar em outro país ou, sequer outro Estado, desta maneira.”

Oliveira afirma que o delegado responsável pelo caso Jarley Inácio de Souza, está completamente interado sobre o assunto e que já emitiu um pedido legal para o prolongamento do inquérito, que não pode extrapolar o período de tempo determinado pela Justiça.  “Posso assegurar que tudo que está ao nosso alcance tem sido feito, mas não podemos divulgar muitas informações, inclusive porque grande parte delas tem que vir da própria família. Estamos tentando encontrá-lo com vida, mas essas ações demanda tempo.”

O caso

O último contato entre Reverson e Adriana aconteceu no dia 13, via Whatsapp. Depois disso, não há mais registro de acesso ao aplicativo. No mesmo dia, também foi registrado o último voo dele pela Agência Nacional de Aviação Civil (Anac). A esposa, o filho e a mãe do piloto residem em Cuiabá.

Adriana relatou que conversou com o marido a respeito do concurso que faria naquele dia e, depois da prova, recebeu mensagens dele pelo Whatsapp, informando que havia caído e trincado uma costela, e iria para o hospital. Algumas horas depois, ela tentou contato, mas o celular estava sem sinal e Reverson não recebeu as mensagens.
 
Por volta das 22h, Adriana recebeu uma mensagem SMS do celular de Reverson, informando que ele estava sem internet, mas havia sido medicado e estava bem. Porém, ela não acredita que o marido tenha escrito esse SMS, pois não falou do mesmo modo que costuma falar com ela.

No dia 19 de dezembro, Adriana recebeu outro SMS, em portunhol, afirmando que Reverson havia morrido. O rastreamento indicou que a mensagem foi enviada do Paraguai. Mas Adriana não acredita nessa informação.

Nesse mesmo dia, após quase uma semana sem conseguir contato com o marido, Adriana registrou boletim de ocorrência na Polícia Civil, em Cuiabá.
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