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Sexta-feira, 03 de maio de 2024

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Sarney divide responsabilidade sobre crise e acusa colegas de editarem atos secretos

No discurso de mais de meia hora realizado nesta quarta-feira no plenário do Senado, o presidente da Casa, José Sarney (PMDB-AP), adotou a estratégia de dividir responsabilidades com os demais parlamentares sobre as denúncias a que responde no Conselho de Ética da instituição. Além de se declarar inocentes das acusações, Sarney disse que muitas práticas adotadas por ele ao longo de seus mandatos na Casa foram seguidas por outros senadores.


Munido de slides reproduzidos em um telão, Sarney apresentou uma tabela com nomes de ex-presidentes do Senado que também seriam responsáveis por atos secretos editados na Casa. Sarney mostrou que, em seus dois mandatos, foi responsável pela não-publicação de 88 atos e 33 boletins administrativos pelo Senado entre os anos de 1995 e 2009 --enquanto o senador Renan Calheiros (PMDB-AL) não teria dado visibilidade a 260 atos e 129 boletins no período em que esteve na presidência.

O líder do PMDB aparece como recordista de atos não-publicados no Senado, seguido pelo ex-presidente do Senado Garibaldi Alves (PMDB-RN), que seria responsável por 207 atos secretos e 106 boletins não publicados. Sarney aparece em terceiro lugar, segundo a tabela, na lista que mostra a quantidade de atos secretos editados por cada ex-presidente do Senado.

Segundo a tabela, o Senado publicou 663 atos secretamente e 312 boletins administrativos nos últimos 14 anos. O senador ressaltou, porém, que, deste total, apenas 511 podem ser considerados efetivamente secretos porque 152 foram publicados no "Diário do Senado". "Afirmaram que fui eu responsável por todos esses atos e a opinião pública passou a receber informações incompletas", disse Sarney.

O presidente do Senado também insinuou, no discurso, que vários senadores aceitaram pedidos de ex-diretores da Casa para a contratação de parentes na instituição. Sarney mencionou os senadores Demóstenes Torres (DEM-GO) e Mozarildo Cavalcanti (PTB-RR), que teriam contratado respectivamente um filho de João Carlos Zoghbi, ex-diretor de Recursos Humanos do Senado, e a ex-nora do ex-diretor.

"Eu tenho aqui as relações feitas pelos senadores que pediram a nomeação dos filhos do senhor Zoghbi. E colocaram como se fosse eu", afirmou Sarney.

Na mesma linha de dividir responsabilidades com os senadores, Sarney disse que não determinou a criação de 170 diretorias no Senado. "Desconhecia que o Senado tinha 170 diretorias que não foram criadas por mim. Essa organização é atrasada e decadente em face das necessidades da administração. É uma herança do passado", afirmou.

Intimidação

Apesar da divisão de responsabilidades, os parlamentares não receberam o discurso de Sarney como intimidatório. "Eu não vi nenhuma ameaça no discurso. Eu preciso ver os relatórios do Conselho de Ética para tirar as minhas conclusões sobre o presidente Sarney", disse o senador Renato Casagrande (PSB-ES).

Demóstenes, por sua vez, afirmou que Sarney adotou a estratégia de envolver outros parlamentares para não ficar isoladamente no foco das acusações. "Quando a pessoa está enlameada, busca colocar outras na mesma situação para provocar o constrangimento. Depois ele me disse que usou os nomes dos senadores para dar credibilidade à defesa dela", afirmou.
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