Olhar Direto

Sexta-feira, 03 de maio de 2024

Notícias | Cidades

região da praça popular

"Classe social foi determinante para agressão", pondera delegado sobre caso de menino que levou socos em padaria

Visivelmente assustado e ainda com marcas vermelhas no pescoço, provenientes da agressão, o menino que recebeu dois socos ao sair da padaria  Viena em Cuiabá, esteve com seu pai, na Delegacia Especializada de Direitos da Infância e Adolescência (Dedicca), onde foi ouvido na manhã desta terça-feira (12). Aos 11 anos, a criança, que tem um corpo magro, de aspecto aparentemente inferior às demais de mesma idade, deu a sua versão sobre o ocorrido e foi encaminhada ao Instituo Médico Legal para a realização de exames de corpo de delito.


Leia Mais:
Criança agredida a socos em padaria é localizada e vende doces para ajudar pai e oito irmãos

Da venda dos doces a vítima ajuda no sustento da família, formada por mais oito irmãos, a mãe, dona de casa, e o pai, que trabalha para sustentá-los com uma renda mensal de R$ 1000, 00. Na prática o valor corresponde a R$ 0,33 por pessoa ao dia. Assim, matriculados e freqüentando às aulas, a situação dos menores não aponta para indícios de haja exploração de trabalho infantil, hipótese que chegou a ser levantada e ainda será investigada pela Polícia Civil no desdobramento do caso.

Sua origem humilde, apontada pelo delegado Paulo Araújo como possível motivação para a agressão, é compartilhada pelos dois colegas, de 13 e 15 anos, que o acompanhavam na venda de paçocas pela região. Os três, moradores do conjunto Alice Novack, entraram na padaria como clientes: compraram um pedaço de bolo e o dividiam. No entanto, ao sair com outra fatia, dada por uma freqüentadora, o mais novo deles foi vítima do despreparo de um funcionário, fugindo do local aos prantos.

“Além do crime de lesão corporal, também apuramos a situação de discriminação, que já está na portaria. A suspeita se confirma se constatarmos que a classe social da criança tenha sido determinante para a agressão sofrida. Sabemos que ele vem de um bairro periférico e vive em uma situação de vulnerabilidade, e que, por sua aparência humilde pode ter despertado a discriminação social do acusado”, explica o delegado.

De acordo com a presidente da Comissão da Infância e Juventude da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB-MT), Tatiane Barros, o órgão foi informado sobre a situação ainda na sexta-feira (8), e já na segunda-feira (11), procurou a família para oferecer auxílio. “Depois de ouvirmos as versões das testemunhas e entrarmos em contato com eles, resolvemos representá-los, e vamos ajudar até o fim do caso, encaminhando por exemplo, ofícios ao Ministério Público e ao Conselho Tutelar.”

Ela reforça que não há indícios de exploração. “Ao conversar com eles você vê que são meninos bons, eles estudam e trabalham para ajudar, separando um dinheirinho que ganham para entregar aos pais. São famílias que realmente precisam ser assistidas, por estar em uma situação de vulnerabilidade.”

Na tarde de hoje, o produtor cultural Willian Gama, que denunciou a ocorrência, e a empresária que teria pagado um pedaço de bolo ao menor, também foram ouvidos como testemunhas do caso. Além disso, Araújo contou que as imagens das câmeras de segurança seriam recolhidas ainda nesta tarde, e que, se houvesse algum tipo de recusa em entregá-las, um mandado de busca e apreensão seria realizado para obtenção do material. Registros de estabelecimentos e prédios nas localidades também poderão ser usados.

O dono da padaria, o gerente e o acusado, identificado como José Soares, prestarão depoimento amanhã, em horários diferentes. O ex-funcionário foi demitido ainda no dia do crime, e foi localizado na cidade de Juara (634 km de Cuiabá). Por meio de seu advogado, ele informou ao delegado que comparecerá à Delegacia amanhã. 
Entre no nosso canal do WhatsApp e receba notícias em tempo real, clique aqui

Assine nossa conta no YouTube, clique aqui
 
xLuck.bet - Emoção é o nosso jogo!
Sitevip Internet