Sabatinado por quase quatro horas na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) das Obras da Copa do Pantanal FIFA 2014, o ex-governador Silval Barbosa (PMDB) afirmou que foi um dos melhores governadores da história de Mato Grosso e lamentou que seja lembrando apenas por conta dos “probleminhas que deu”. Ele desafiou o governador José Pedro Taques (PSDB) a fazer mais obras do que em sua gestão e negou que o ex-deputado José Geraldo Riva tenha influenciado na definição do Veículo Leve sobre Trilhos (VLT) como novo modal do transporte urbano.
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“Estou cansado de ouvir falar que os erros do VLT e das obras da Copa foram de gestão. Não foi só o Riva que falou isso; muitos falaram. Não! Não foi [erro de] gestão. Não faltou dinheiro. Houve dificuldades nas desapropriações: levou-se seis meses pra tirar a adutora do Santa Rosa; e para tirar fibra ótica era um caos”, recordou ele, para citar alguns empecilhos que teriam contribuído para os atrasos nas obras da Copa do Pantanal.
O ex-governador avalia que foi corajoso em enfrentar tal volume de obras e afirmou que considera improvável que Pedro Taques faça o mesmo volume de obras empreendidas em sua administração.
“Poucos governadores vão ter a oportunidade e a coragem de fazer o que eu fiz por Cuiabá. A transformação que fizemos em Cuiabá e Várzea Grande, em quatro anos é notória”, afiançou ele, numa referência ao VLT e aos viadutos e trincheiras, além da Arena Pantanal, substituta do antigo Estádio Verdão.
“Tomara que Pedro Taques ou outro governador faça [o mesmo volume de obras]. Mas acho improvável. Hoje ninguém fala isso, só falam dos probleminhas que deu”, afirmou Barbosa, referindo-se às críticas que recebe por obras inacabadas e com defeitos.
Sem influência no VLT
No depoimento à CPI, Silval negou que influência de José Riva como fator determinante para mudança do modal de Bus Rapid Transport (BRT) para VLT. “Ninguém teve influência. O que influencia é o caos do transporte no Brasil. A decisão foi levar o transporte de qualidade a Mato Grosso”, justificou o ex-chefe do Poder Executivo.
“Riva era uma voz favorável ao VLT, talvez mais forte por ser presidente. Mas muitos deputados encamparam a defesa do VLT”, reconheceu.
Barbosa negou ter conhecimento da adulteração da nota técnica no Ministério das Cidades sobre o modal. Ele disse que foi o Grupo Executivo da Copa (Gecopa) que autorizou a mudança, e não a servidora do Ministério das Cidades.
O deputado Wilson Santos (PSDB) voltou a bater na tecla do custo anunciado de R$ 696 milhões para o VLT e Silval assegurou que nunca falou nesse valor. “Hoje, o VLT custa até R$ 100 milhões por quilômetro: então custaria R$ 2,2 bilhões em Cuiabá”, citou ele, se referindo à extensão de 22,5 quilômetros do projeto desde o Aeroporto Marechal Rondon, em Várzea Grande, até à Morada da Serra (CPA) e Tijucal (Coxipó), na Capital mato-grossense.
Na visão de Silval, a licitação do VLT foi a mais transparente da história. Ele revelou que, na época, até apareceram algumas empresas interessadas em fazer Parceria Público Privada (PPP), para o VLT, mas avaliou que não haveria tempo hábil para a obra ficar pronta antes da Copa. Barbosa negou a existência de acordão para fazer o VLT e insistiu que foi a licitação mais transparente e vigiada do Brasil. Ele também negou que tenha havido propina de R$ 80 milhões para a licitação do VLT, conforme denunciado pelo portal
UOL, que teria recebido a informação do lobista Rowles Magalhães.
Atualizada às 19h25.