Em visita simbólica à Vara Especializada de Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher, as misses Camila Della Valle e Nicole Abdalla reforçaram seu apoio às causas sociais, como a luta contra violência sofrida por milhares de mulheres no país. Com o juiz Jamilson Haddad, as representantes de Mato Grosso em 2015 e Cuiabá em 2016, respectivamente, destacaram a importância do empoderamento feminino e a necessidade de que as vítimas não se envergonhem e denunciem seus agressores.
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No Estado, onde existem mais de 10 mil processos do tipo em tramitação, o ato assume um caráter que vai muito além da beleza física. “Queremos, através do título de miss, inspirar mulheres, dar voz a elas pra que não se sujeitem a este tipo de situação. Acredito que neste tipo de causa, qualquer ação, por menor que seja, pode ajudar pessoas a não se conformarem com absurdos. Buscamos apenas igualdade”, disse Camila.
Apontada como principal causa das agressões, a cultura machista, vivenciada e replicada pela sociedade, coloca o Brasil como o quinto país no mundo com maior volume de crimes contra mulheres. Infração que, ao contrário do que se pode pensar, atinge a todas as classes sociais. “Instrução e condições financeiras não são determinantes nestes casos, que são cometidos por conta de uma conduta machista, que transmite ao homem a ideia de que a companheira é sua posse”, afirma o juiz.
Favorável à adoção de medidas protetivas, como o uso da tornozeleira eletrônica, ele explica ainda que a prisão não é a solução para todos os casos, uma vez que as conhecidas deficiências podem agravar ainda mais outros problemas sociais. Jamilson classifica o aparato como revolucionário, ao lembra que, dentre suas funções, está a de alertar as vítimas sobre a proximidade dos criminosos em suas proximidades.
Deste modo, o aparelho além de evitar contato, pode facilitar uma fuga da mulher, em caso de descumprimento da medida por parte do acusado. “Precisamos olhar essas questões de maneira mais ampla. Se há outros meios, precisamos adotá-los. A prisão é o último dos recursos, porque ela não promove a recuperação do preso.
O juiz foi um dos responsáveis pela classificação do feminicídio como crime hediondo no país e também defende o tratamento psiquiátrico do agressor, em casos em que se constate que essa pessoa cresceu em situação de violência. Sobre o encontro com as misses, ele classificou como de extrema importância, já que ambas ajudarão a divulgar as ações, estimulando a conscientização em toda a população.
Para a miss Cuiabá 2016, Nicole Abdalla, a possibilidade de que mulheres passem por este tipo de violência é inaceitável, e, por esse motivo o assunto não deve ser banalizado. Ela destaca que todas devem se conscientizar que agressões físicas e psicológicas não são normais.
“Nós temos conquistado cada vez mais espaço e seguimos batalhando por respeitos. Já conseguimos coisas grandiosas, como o fato de termos uma presidenta, mas é preciso abrir os olhos para não aceitarmos este tipo de situação como normal! Pra mim é uma honra poder me juntar a pessoas que defendem essa causa. Como representantes da feminilidade, esperamos ajudar na divulgação de ações como esta.”
Convidado a representar Mato Grosso no Senado para debater sobre a Leia Maria da Penha, ele diz que os abusos acontecem muitas vezes por medo de ameaças psicológicas, financeiras e principalmente pelo temor de desestruturação familiar. No entanto, é preciso lembrar que se uma vítima é agredida, toda a família, principalmente os filhos, também sofre com isso.
