“Bravos guerreiros”, esta é a justa expressão usada para designar os treze policiais militares que se arriscaram para resgatar seis vítimas do incêndio ocorrido no Edifício Firenze, na avenida Filinto Müller, bairro Quilombo, em Cuiabá, na tarde de sábado (12). Dentre os resgatados está uma idosa de 89 anos. A expressão consta do Boletim de Ocorrências (BO) lavrado pela Polícia Militar e narra quem são e como agiram os treze responsáveis pelo resgate.
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O incêndio se iniciou por volta das 16h30. O prédio possui 11 andares e a fumaça chegou a ser vista em diversos pontos da cidade, como no bairro Araés. Algumas pessoas chegaram a passar mal em decorrência a fumaça no local, sendo posteriormente atendidas pelos bombeiros que foram no local munidos de balões de oxigênio.
“Inicialmente ao adentrar foi visualizada uma quantidade enorme de fumaça, o que dificultava tanto a visão quanto a respiração dos policiais militares empenhados nesta missão, porém à vontade e a persistência destes bravos guerreiros fizeram com que essa dificuldade fosse superada”, consta do BO lavrado pelo oficial Paulo Roberto Amorim. Os demais militares são: Vitor, Edem, Ocimar, Campos Junior, Roosevelt, Adones, Roni, Eros, Dantas, Ketyln, Borralho e Rodrigues Paiva.
“Sabia-se que caso não fosse feito de imediato a retirada daquelas vítimas possivelmente uma fatalidade poderia ter ocorrido, pois havia idosos e cadeirantes nos andares mais altos do prédio, 10º e 11º”, relata o documento, que adiante revela o empenho da equipe. “Esses policiais não mediram esforços e vontade de lograr êxito na retirada das vítimas”.
Dada a falta de estrutura da PM ou do preparo da instituição para situações como esta (que fogem de sua função), o registro do fato narra que os policias se dispuseram de gorros molhados para colocar no rosto afim de não se contaminarem pela fumaça e conseguirem subir até o andar mais alto do edifício. Ao passo que o Corpo de Bombeiros usou aparelhos de oxigênio para realizar a mesma atividade, o que revela também a coragem e o risco assumido pelos treze homens da corporação.
A coragem dos policiais militares não diminui a importância dos bombeiros, que em seguida chegaram, deram fim ao fogo que tomava o topo do edifício e forneceu oxigênio para os resgatados.
“Quando chegamos ao local, vimos a cena e ouvimos gritos de socorro, nós decidimos encarar o fogo”, narra Eros, Cabo do 10º Batalhão da Polícia Militar, que atuou na missão e foi responsável trazer nos braços a senhora de 89 anos que corria risco de morte. Em entrevista ao
Olhar Direto neste domingo (13), acrescentou os parabéns aos demais oficias que atuaram na missão.
“Todos estão de parabéns, não só o 10º BPM, mas também os agentes de Trânsito que controlaram a situação e impediram que os carros passassem perto do incêndio”, afirma.
Diz que a missão foi fundamental para a manutenção da vida dos presentes e que não havia outra solução para o resgate dos seis moradores. “A eletricidade estava cortada e, portanto o elevador já não funcionava”.
O policial militar lembra o momento que mais lhe tocou. “A vida não tem preço, eu carreguei a senhora de 89 anos nos braços e depois ela, com olhos cheios de lágrimas, virou e disse ‘muito obrigado, você salvou a minha vida’...”.
Olhando para trás, o oficial Eros, que recentemente deixou a Ronda Ostensiva Tática Móvel (Rotam) para assumir o 10º BPM, propõe uma reflexão: “Existem valores em todos os locais, por mais que a imprensa às vezes dê mais foco nas mazelas da PM, que existem em todos os lugares, coisas como essa merecem atenção. É preciso valorizar quem está ao seu lado. Por isso me sinto feliz de ter atuado nesta missão”.
Segundo o responsável pelos bombeiros que atenderam o caso, ainda não há como determinar as causas do incêndio, pois é preciso a realização de uma perícia no andar em questão para avaliar se o fogo foi causado por uma pane elétrica ou por um acidente.
