Alvo de polêmica e críticas por parte de taxistas, a plataforma Uber já pode ser adotada por motoristas de Cuiabá e Várzea Grande que se pretendem prestar serviços a empresa. O cadastramento dos profissionais começou nesta semana e já conta com mais de 100 nomes de interessados. De acordo com o motorista carioca Diego Viana, que está na Capital para a realização dos cadastros, a próxima etapa é a liberação do aplicativo para usuários, previsto pra dezembro.
Leia mais:
Possível chegada do Uber a Cuiabá desencadeia reclamações contra taxistas; sindicato rebate críticas
Ele explica que a empresa aguarda que o número de condutores seja o suficiente para atender a demanda local para então passar a conectar os passageiros e motoristas. Para os que querem trabalhar, alguns requisitos precisam ser comprovados na realização do cadastro. Assim, além da carteira de habilitação com observação de profissão remunerada, o carro precisa possuir quatro portas, ar condicionado e ter sido fabricado a partir de 2008.
Detalhes relativos aos pagamentos, efetuados semanalmente também fazem parte do atendimento, realizado gratuitamente na Avenida Gonçalo Antunes de Barros n °2011, no bairro Bela Vista , ou no Hotel Deville, no centro da cidade. “Essa observação na carteira pode ser feita facilmente no Detran após a realização do exame psicotécnico, junto a isso, se os outros pontos forem condizentes com as exigências, já é feito o cadastro. Parte dessas informações estão disponíveis no site, mas algumas é só aqui”, explica.
Em contato com a assessoria de empresa, a reportagem foi informada que este tipo de serviço não está sendo realizado. Foi reforçado ainda que não há previsão de quando a plataforma será implementada na cidade, que no último mês recebeu palestras sobre o serviço. À época a assessoria repassou por meio de uma nota que a Uber esta constantemente avaliando a possibilidade de novas cidades receberem a Uber, como já acontece em mais de 500 cidades no mundo.
“Parte dessa avaliação, que é feita em vários níveis, inclui buscar talentos e compartilhar informações com os cidadãos que queiram ter uma nova oportunidade de renda com autonomia, flexibilidade e dignidade dirigindo na plataforma da Uber, e não significa a entrada imediata da Uber em Cuiabá. Quando houver algo definitivo, faremos um anúncio oficial”, diz a nota reenviada.
Diego afirma que atua como motorista no Rio de Janeiro e veio para Cuiabá para repassar informações a futuros colegas e explicá-los como funciona o aplicativo através de palestra e simulações de corrida. “A Uber me dar total liberdade para desenvolver esse cadastramento. Um Motorista cadastrado pode indicar outro motorista. Porém existe um limite de cadastros. Porém no meu caso a Uber abriu essa exceção de cadastro ilimitados devido a assessoria prestada aos novos condutores.”
Proibição e suporte da empresa
No início de novembro a Prefeitura de Cuiabá encaminhou à Procuradoria-Geral do município um projeto de Lei para proibir o funcionamento do Uber na capital mato-grossense. Apesar de considerar o serviço uma tendência mundial, o secretário de Mobilidade Urbana, Thiago França, explicou ao Olhar Direto que “do ponto de vista legal, é um serviço clandestino”.
Leia mais:
Prefeitura encaminha projeto para barrar Uber em Cuiabá; secretário avalia como “serviço clandestino”
Diante de inúmeros pedidos para a implantação do serviço e das reclamações relativas ao trabalho dos taxistas, Diego afirma que esta é uma tendência mundial, que já foi adotada em várias capitais do país, mesmo sob as críticas dos motoristas de táxi. “ Eu já tenho alguns anos de experiência e sei que não adianta lutar contra, é uma tendência que vem ganhando espaço mesmo com resistência, foi assim no Rio, em São Paulo, onde a situação já foi regularizada, e vai continuar expandindo.”
Segundo o motorista a empresa fornece todo suporte necessário aos motoristas vinculados para que o serviço seja mantido nestes locais. “Esta é uma realidade, não adianta ir contra, em Fortaleza também ofereceram muita resistência e acredito que aqui também será assim, mas a empresa banca esta situação, se responsabilizando por qualquer eventualidade.”
Reação dos taxistas
Ameaçados pela possível implantação da plataforma Uber na Capital, os taxistas cuiabanos começam a se organizar para impedir a chegada do serviço, disponível em outras cidades brasileiras. A categoria argumenta que a plataforma, além de representar concorrência desleal, coloca em risco à segurança dos passageiros, uma vez que não é regulamentada como os profissionais. Por esses motivos, segundo o diretor geral do Sindicato dos Taxistas, Aelsson Alves, os motoristas agirão com cautela para exigir seus direitos e maior rigidez na legislação.
Leia mais:
Taxistas começam a se mobilizar para evitar chegada do Uber em Cuiabá
Na capital, onde circulam 604 táxis, a categoria argumenta que a plataforma, além de representar concorrência desleal, coloca em risco à segurança dos passageiros, uma vez que não é regulamentada como os profissionais. As críticas à plataforma têm base em leis federais que garantem ao município autonomia para o estabelecimento de normas destinadas ao transporte.
Em Cuiabá a lei municipal 5090 confere a prerrogativa de transporte individual de passageiros aos taxistas, fato que embasa as exigências da categoria. “Não estamos dizendo que os taxistas estão isentos de cometer erros, mas graças a regulamentação, as pessoas tem como recorrer a seus direitos, sabem a quem procurar. No caso do Uber, não. Pode ser um bandido, um estuprador buscando seus filhos.Como você vai confiar? Pra quem vai reclamar se não estiver satisfeito com o atendimento? Também estamos pensando na segurança do cliente”, disse o diretor.
.jpg "Uber começa a cadastrar motoristas em Cuiabá; serviço deve começar em dezembro")
