O presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), rebateu nesta terça-feira as acusações de que teria nomeado seu assessor particular de imprensa para dirigir a Secretaria de Comunicação da Casa com o objetivo de evitar a publicação de notícias contrárias à instituição pelos veículos oficiais do Senado.
Alvo de processos no Conselho de Ética do Senado, Sarney disse que a mudança no comando da comunicação institucional ocorreu por "absoluta necessidade" no momento atual.
"Ela foi substituída por absoluta necessidade de serviço, uma vez que o senhor Fernando César foi o homem que montou todo o sistema de comunicação desta Casa. Como vamos entrar com a Fundação Getúlio Vargas e com as reformas da TV digital, eu achei que ele era o melhor homem que podia comandar essa reforma neste momento de modificações tecnológicas que vamos enfrentar", afirmou.
Reportagem publicada hoje pelo jornal "O Estado de S.Paulo" afirma que Sarney decidiu substituir Ana Lúcia Novelli, servidora de carreira, por Fernando César Mesquita na Secretaria de Comunicação em consequência da cobertura jornalística realizada pelos órgãos de imprensa do Senado.
Segundo a reportagem, Sarney reclamou com assessores que o noticiário referente às medidas administrativas tomadas para conter a crise não tem o mesmo espaço que as notícias que tratam de denúncias contra ele.
Servidora de carreira do Senado, Ana Lúcia estava no cargo desde o dia 30 de abril. Mesquita trabalha com Sarney há 25 anos.
O senador, porém, garantiu que a mudança não tem relação com a conduta de Ana Lúcia no cargo. "Não tem nenhuma relação com o comportamento da ex-diretora Ana Lúcia, nem também do pessoal que faz os nossos noticiários. Tenho o maior apreço também pela doutora Ana Lúcia, uma funcionária exemplar, que não está sendo substituída por qualquer motivo senão esse, porque ela é uma das melhores funcionárias que tem esta Casa", afirmou Sarney.
O líder do PSDB, senador Arthur Virgílio (AM), leu a reportagem do jornal no plenário da Casa para criticar a mudança --o que provou a reação do presidente do Senado. Virgílio disse que Mesquita "sabe da responsabilidade que pesa sobre os seus ombros numa hora tão delicada".
