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Quinta-feira, 25 de abril de 2024

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Condenação de Suu Kyi viola direitos humanos, afirma Obama

O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, disse nesta terça-feira que a condenação da Nobel da Paz e líder da oposição pró-democracia em Mianmar (a antiga Birmânia), Aung San Suu Kyi, 64, à prisão domiciliar "viola os princípios universais de direitos humanos". "Eu me junto à comunidade internacional no pedido para que Aung San Suu Kyi seja libertada imediata e incondicionalmente", disse o americano.


Em tom rígido, Obama afirmou ainda que o veredicto contraria os compromissos de Mianmar sob a Asean [a Associação das Nações do Sudeste Asiático] e demonstra sua indiferença às afirmações do Conselho de Segurança da ONU [Organização das Nações Unidas]".

Suu Kyi, que passou quase 14 dos últimos 20 anos presa, foi condenada nesta terça-feira, por um tribunal da Junta Militar que governa Mianmar, a três anos de prisão e trabalhos forçados por ter violado os termos de sua prisão domiciliar anterior, decretada em 2003. Na sequência, a pena foi reduzida para 18 meses de prisão domiciliar para manter a "paz e a estabilidade", conforme sentença lida pelo ministro do Interior, general Maung Oo.

Usando um tradicional vestido birmanês de cor rosa e cinza, Suu Kyi, que permaneceu por todo o tempo com um semblante sério, segundo diplomatas presentes na sala, não reagiu contra a sentença e se despediu do tribunal com um "obrigada pelo veredicto".

"Essa injusta decisão de hoje nos faz lembrar os milhares de outros prisioneiros políticos de Mianmar que, como Aung San Suu Kyi, tiveram a liberdade negada por causa da busca por um governo que respeite as vontades, direitos e aspirações dos birmaneses Eles, também, merecem ser libertados", afirmou Obama. "Peço ao regime birmanês que dê atenção para apelos de seu próprio povo e da comunidade internacional e trabalhe por uma reconciliação nacional genuína", completou.

Mais cedo, a secretária de Estado americana, Hillary Clinton, já havia feito duras críticas à Junta Militar que governa Mianmar, também por meio de um comunicado. Ela afirmou que Suu Kyi "não deveria ter sido julgada e não deveria ter sido condenada" e reiterou o pedido para que ela seja liberada da "contínua prisão domiciliar". Hillary também pediu a soltura de "mais de 2.000 prisioneiros políticos", incluindo do americano John William Yettaw, 53, pivô desse mais recente processo contra a Nobel da Paz.

Obama também pediu a soltura do americano e afirmou considerar que a pena imputada a ele foi "desproporcional a suas ações".

No seu comunicado, Hillary afirmou que a Junta Militar que governa Mianmar deveria "pôr fim imediato à repressão contra tantos daquele país e iniciar um diálogo com a oposição e com os grupos étnicos". "Do contrário, as eleições marcadas para ano que vem terão absolutamente nenhuma legitimidade."

Crime

Suu Kyi foi presa no último dia 14 de maio, ao lado de duas empregadas, após ter recebido, por dois dias, a visita do americano, que chegou à casa depois de atravessar a nado o lago Inye, em Yangun, apesar dos policiais que guardavam a prisão domiciliar. No seu julgamento, Yettaw disse que teve uma visão de que a ativista ia ser assassinada e que nadou até a casa para adverti-la sobre o perigo.

Nesta terça-feira, a opositora foi condenada a três anos de prisão com trabalhos forçados por ter violado sua prisão domiciliar --a pena acabou reduzida a 18 meses de prisão domiciliar-- e o americano condenado a sete anos de prisão e trabalhos forçados.

Yettaw sofre de epilepsia e outros problemas de saúde e, durante o processo, foi internado várias vezes para receber tratamento para diabetes e insuficiência cardíaca.

Mãe e filha que trabalham para Suu Kyi receberam a mesma pena da opositora, ou seja, 18 meses de prisão domiciliar.

Democracia

Mianmar é governada por militares desde 1962. A Junta Militar chegou ao poder em 1988, após reprimir manifestações pró-democracia em ações que deixaram cerca de 3.000 mortos. Em setembro de 2007, a ditadura voltou a esmagar protestos pró-democracia e a matar pelo menos 16 --segundo organizações de defesa dos direitos humanos, foram 31.

Nas últimas eleições ocorridas em Mianmar, as legislativas de 1990, Suu Kyi e seu partido, a Liga Nacional pela Democracia (LND), foram vencedores. Na ocasião, Suu Kyi recebeu 82% dos votos. Entretanto, o regime militar nunca reconheceu a sua derrota.

Com a condenação desta terça-feira, Suu Kyi fica impedida de participar das eleições que a Junta Militar promete realizar em 2010.
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