Há exatamente uma semana, o Bairro Jardim das Palmeiras, em Campo Novo do Parecis, 384 km de Cuiabá, viveu um de seus piores dias nos 28 anos de emancipação do município. As fortes chuvas que caíram na cidade afetaram cerca de três mil pessoas, que tiveram seus lares inundados pelas águas.
 
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As imagens registradas há uma semana mostravam a situação calamitosa de muitos moradores. Passado sete dias, a população retorna à vida normal. A Defesa Civil de Mato Grosso ainda está em Campo Novo auxiliando os moradores, entregando cestas básicas, colchões, roupas, calçados e disponibilizando todo amparo possível.
 
Pelas ruas, muitos móveis abandonados e pertences estragados estão jogados em frente às residências para serem coletados pela equipe de limpeza da prefeitura. Uma dessas casas pertence a Cicero Henrique , 59, morador do bairro desde 2006. Ele conta que perdeu mantimentos e o colchão. Essa não é a primeira vez que tem sua casa é alagada.
 
“Aqui em casa entrou 32 centímetros de água, mas deu tempo de levantar as coisas, perdi um pouco de comida e um colchão. O pessoal veio ajudar com cesta básica. Ficaram de trazer um colchão, mas ainda não recebi. Desde 2006 que moro aqui e já tive a casa alagada.”
 
Para Cicero, o piscinão não é a solução para o problema de alagamento. “Já conversei a muitos anos atrás com os vereadores, com prefeito, que o piscinão não resolve. O certo seria a água ir para o Rio Verde, vieram engenheiros para ver o problema e disseram a mesma coisa que eu disse. Espero que agora resolva o problema.”
 
Um dos pontos mais críticos está localizado na Rua Beija-Flor, onde mora o senhor José Milton, 40. Ele está no município há pouco mais de um ano e ficou bastante impressionado com o volume de chuva que caiu.
 
“Eu acho que foi muita chuva, não conheço bem o bairro, nem sabia que isso acontecia, não tenho como falar de ninguém. Eu perdi o guarda-roupa, a parte de baixo da cama, a máquina de lavar. O pessoal tem ajudado bastante, nós recebemos cesta básica, colchão.”
 
José Milton acredita que uma chuva de 310 milímetros, igual a que caiu em 48 horas na semana passada, não deve cair outra vez. “Eu acredito que uma chuva igual aquela não vai cair tão cedo, a gente fica apreensivo, mas creio que não acontece.”
 
A reportagem encontrou moradores reunidos em uma residência próxima cerca de 100 metros dos piscinões. Lá, Joelma Ferreira, 27, contou os momento tensos que viveu.“Foi assustador né? A água começou a subir, subir, a gente perdeu sofá, guarda-roupa, perdeu muita coisa. O guarda-roupa ta em pé ainda, mas acho que vai pro lixo. O sofá já foi pro lixo. A gente recebeu cesta básica, meu nome está cadastrado pra receber colchão, mas ainda não recebi”.
 
Joelma afirma que está com medo que aconteça outro alagamento. “A gente fica esperta, com medo. Em sete anos é a primeira vez que eu passo por isso. Somos em quatro pessoas na residência e ficamos dois dias dormindo fora, um na escola e outro na casa de amigo”.
 
Apesar do desastre as pessoas estão otimistas com a recuperação do bairro. Esperando que as autoridades deem um fim ao problema de alagamento. Uma semana após a enchente, todas as casas estão livres da água suja. Os piscinões estão sendo drenados com auxílio de dragas, que bombeiam 240 metros cúbicos por hora, para uma plantação de cana-de-açucar.
 
O Prefeito Rafael Machado disse em entrevista na última sexta-feira (17) que as previsões não indicam chuvas fortes para o município e que um novo alagamento está descartado. Após uma semana de tempo nublado, as nuvens se dissiparam e o sol voltou a brilhar para os moradores do Jardim das Palmeiras.