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Sexta-feira, 26 de abril de 2024

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AVANÇO

Sinônimo de equidade, inclusão de alunos com deficiência traz avanço no aprendizado e na formação das crianças

Foto: Reprodução

Sinônimo de equidade, inclusão de alunos com deficiência traz avanço no aprendizado e na formação das crianças
Ainda tabu em muitas escolas, a inclusão de crianças com deficiência representa, além do avanço na equidade de direitos, um novo caminho rumo à formação de uma sociedade mais empática e flexível frente à diversidade. Em Mato Grosso, onde cresce o número de crianças com necessidades especiais em instituições regulares, as matrículas passaram de 15 mil em 2017. Ganho para os pequenos e para a comunidade, materializado na história de amizade entre Yan e Alana, de cinco anos, alunos da creche estadual Maria Eunice, na Capital.


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A história de afeto começou em 2015, quando a insegurança do primeiro dia de aula afligia não apenas as crianças, mas também a mãe de Yan, Camila ooo. Preocupada com a nova rotina do filho, agora sob os cuidados de professoras e mediadoras, ela acompanhava sua estréia quando conheceu Alana, igualmente inquieta com a novo ambiente. A reciprocidade foi instantânea e a despedida reforçou o laço: “Ela me ajudou o dia todo e na hora de ir embora, pedi pra que cuidasse dele”, diz a mãe.  

A partir daí, a pequena se inspirou a ir para escola e, diante da nova responsabilidade, passou a acompanhar e cuidar do companheiro Yan. O processo, positivo para as duas crianças tem explicação profissional e se dá de maneira natural em ambientes onde a diversidade é acolhida. É o que explica a psicóloga da instituição, Carla Rodrigues, que reforça a importância da inclusão para o desenvolvimento de todos os alunos.

Neste contexto, os ganhos se mostram tanto para as crianças deficientes quanto para as outras, que passam a desenvolver também novas maneiras de lidar com as situações. “Elas crescem ao adquirir valores como a bondade a empatia, além de começar a pensar diferente, considerando outras alternativas, novas formas de resolver os problemas. Como no caso do Yan e da Alana, também é comum que passem a ajudar o professor a cuidar do colega, ficando sempre de olho.”

Diante de relações como esta, a Psicóloga defende que o caminho para as escolas que ainda não recebem crianças com deficiência é o de apontar as vantagens da proposta, que possibilita a construção de novos conceitos acerca das diferenças. Ela lembra até pouco tempo atrás a cultura ainda era muito excludente e que ainda vivemos reflexos de uma educação rígida, promovida por métodos tradicionais. As crianças, pelo contrário são mais flexíveis que os adultos.

”Eu, por exemplo, não tive contato com ninguém com deficiência ao longo da minha vida escolar e acredito que poderia ser uma pessoa melhor se tivesse convivido. Isso porque hoje eu vejo o quanto isso é positivo na formação. Os pais também têm crescido porque, como a maioria, não tiveram essa oportunidade. Eles esperam os filhos contarem como que foi com o coleguinha, como funciona isso.”
 
O cenário também reforça a flexibilidade e ausência de preconceitos observada nas crianças, uma vez que, a maioria recebe sem medo o que é considerado diferente. “Elas não tem preconceito, estão abertas. Nós é que já estamos cheios de padrões pré-determinados. Vemos que, diante do contato com uma pessoa deficiente, são poucas as que demonstram algum estranhamento. Mas isso acontece pela novidade, por algo que antes estava fora do cotidiano, não por preconceito.”



Com relação ao método e aos avanços de cada aluno, Carla explica que não há a utopia de que todos vão responder aos estímulos da melhor forma e acompanhar a sala. Por esse motivo, os profissionais trabalham também a própria frustração, além do suporte à família. “Atuamos para que todo ganho seja significativo. A gente vibra com todas as conquistas, por menores que sejam. Se hoje uma criança consegue ficar alguns minutos a mais na sala e não conseguia antes, já é um grande ganho, por exemplo.”

Estrutura e adequação de profissionais

Para além da aceitação e das relações de afeto, a inclusão também exige adaptação das escolas e uma equipe preparada para receber as crianças deficientes, uma vez que cada uma delas apresenta demandas diferentes. Deste modo, é necessário que os espaços disponibilizem além de professores, profissionais conhecidos como mediadores, responsáveis por auxiliar no atendimento às necessidades especiais dos pequenos. Junto aos docentes, eles ficam na sala de aula, onde promovem o intermédio com o aluno.

“Antes a inclusão era feita com a matrícula da criança na escola e ponto. Isso não implicava em capacitação aos profissionais, com orientações sobre o que fazer ou como recebê-los. Hoje, a Seduc subsidia com um suporte para que a inclusão aconteça de forma adequada, com capacitação, avaliação das crianças com elaboração de um plano de inclusão para cada caso específico.”

Assim, a creche, que oferece assistente social, psicóloga e nutricionista pra esse, independente das crianças com deficiência, acabou estendendo os serviços. “Toda criança passar por uma avaliação sobre aspectos sociais, de saúde, familiares, inclusive emocionais, pra se traçar um plano de atendimento na sala. No caso das crianças com deficiência, aprofundamos esta avaliação, entrando em contato também com outros profissionais que os atendem, como terapeutas e fisioterapeutas.”

De acordo com a Secretaria de Estado de Educação (Seduc), quando, em uma unidade, existem mais de cinco alunos com deficiência, é necessária a instalação de uma sala de recursos multifuncionais. Em 2015, existiam 438 salas de recursos; número que passou a ser 475 em 2016. O número corresponde ao aumento registrado entre os dois últimos anos. Em 2015,15.315 pessoas com deficiência foram matriculadas na rede estadual. Já em 2016, o número passou a ser de 15.404 estudantes.

A Pasta ressalta que, conforme defendido por Lei, todas as escolas são obrigadas a aceitar alunos com deficiência e que em Mato Grosso existem cinco escolas voltadas exclusivamente para a Educação Especial, sendo três em Cuiabá e duas em Várzea Grande. No interior, os alunos são atendidos por meio das Salas de Recursos Multifuncionais, que existem dentro das unidades escolares.
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