A mãe do menino autista que teve que ser retirado de uma apresentação musical, realizada no Sesc Arsenal, neste último sábado (22), após a reclamação de uma funcionária sobre o comportamento da criança, registrou um boletim de ocorrências nesta segunda-feira (24).

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Andreia Santos Silva, mãe do menino Davi, chegou para assistir o espetáculo infantil, e disse que informou os funcionários da condição de seu filho. A mãe conta que o filho gosta muito de música, e já no começo da apresentação ele se levantou e se aproximou do palco. Andreia seguiu o filho e foi conferir se não havia risco do filho estar tão perto do palco.

Ao ver que não havia fios, ou algum outro perigo, a mãe sentou-se na primeira fileira para esperar a música acabar e retornar com o filho aos seus assentos. Neste momento, Andreia foi abordada por uma funcionária.

“Ela me falou assim: ‘A senhora disse que seu filho é autista né? A senhora vai ter que retirar ele dali, porque está chamando mais atenção do que o espetáculo’. E eu falei pra ela que estava esperando a música acabar pra fazer isso”, contou a mãe.

Quando a música acabou, Andreia e Davi retornaram para suas cadeiras na penúltima fileira. Quando a segunda música começou, no entanto, o garoto quis ir para frente do palco novamente, mas a mãe o levou para uma sala na parte dos fundos do teatro. A mãe foi abordada novamente pela funcionária.

“Eu perguntei pra ela se tinha mesmo problema ele ficar perto do palco e ela disse que não podia porque senão ia atrapalhar o espetáculo. Nesse lugar que eu estava com ele era uma sala que dá acesso ao teatro, aí ela até trancou a entrada do teatro e eu não retornei com o Davi”, disse.

A mãe contou que nunca tinha saído de um evento por causa da condição do filho. Ela registrou um boletim de ocorrências da Delegacia de Defesa dos Direitos da Criança e do Adolescente (Deddica).

“Vou procurar a Justiça porque isso não pode. E a gente passa por isso todo dia sabe? Minha vida é dedicada ao meu filho, ás vezes eu sou até um pouco dura com ele, pra tentar não incomodar as outras pessoas, mas essa, desse jeito, é a primeira vez que acontece”.

Em um vídeo compartilhado pela mãe, é possível ver a criança próxima ao palco durante o espetáculo. O Sesc enviou uma nota se retradando sobre o caso. No texto a instituição afirma que a intenção da funcionária era orientar a mãe para que a criança não corresse riscos. Porém, Andreia diz que não foi isso que ouviu no dia.

“Na nota eles falam que ela pediu pra ele sair dali preocupada com a segurança dele, mas não foi nada disso, ela me disse que ele tinha que sair porque estava atrapalhando”, afirmou.

O Sesc também se comprometeu a promover uma capacitação interna para os funcionários sobre o autismo e inclusões.

Leia a nota do Sesc na íntegra:

Em relação ao episódio ocorrido sábado (22) no teatro do Sesc Arsenal...
 
Em relação ao episódio ocorrido sábado (22) no teatro do Sesc Arsenal durante a apresentação de um espetáculo musical, informamos que o intuito da funcionária foi orientar a mãe, cujo filho estava brincando em áreas de circulação, dos riscos de acidente para uma criança.

A funcionária sabia que a criança é autista, conforme havia sido anunciado pela mãe antes da entrada no teatro, mas em nenhum momento foi vontade ou intenção que ambos se retirassem da apresentação. O Sesc se pauta por suas diretrizes, que englobam a busca pela acessibilidade, inclusão e diversidade cultural, recusando práticas discriminatórias.

Toda a programação das unidades em Mato Grosso e nos demais estados brasileiros é pensada em cumprir essas diretrizes e respeitar todas as pessoas, com o intuito de construir novos saberes pelo diálogo, cultura, educação, lazer, saúde, assistência e todos os modos democráticos de existências.

Fortalecendo a política de acolhimento do Sesc, comunicamos que promoveremos uma capacitação interna para os funcionários sobre o autismo e inclusões. Desta forma, continuaremos nos atualizando para melhor atender a nossa clientela, encontrando caminhos para uma boa convivência e gerando experiências culturais positivas que respeitem as diferenças.

O Sesc lamenta o ocorrido e pede desculpas à família pelo mal entendido gerado, uma vez que não houve intenção de nossa funcionária em discriminar ou chatear nenhum dos envolvidos.

Atenciosamente,

Sesc Mato Grosso


 

*Matéria corrigida às 17h30