A Câmara de Cuiabá não está conseguindo fechar consenso com relação a abertura de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para apurar a conduta do prefeito Emanuel Pinheiro (PMDB), no vídeo em que aparece recebendo dinheiro no gabinete do ex-governador Silval Barbosa (PMDB). Enquanto a oposição tenta aglutinar as nove assinaturas necessárias para dar início às investigações, o líder de Emanuel na Câmara, vereador Lilo Pinheiro (PRP), classifica o procedimento como “equivocado” e diz não temer que a população enxergue o posicionamento da base como prevaricação.

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“Uma Comissão Parlamentar de Inquérito serve para apurar um fato determinado da administração e o que aconteceu não diz respeito a administração do prefeito Emanuel Pinheiro. Eu entendo que, juridicamente, isso foge da alçada da Câmara de Cuiabá. Eu vou mostrar, regimentalmente, que esse pedido é equivocado. Mas o plenário é soberano, cabe aos vereadores decidirem se instauram ou não”, afirmou Lilo Pinheiro, ao ser questionado se a posição contrária a abertura da CPI não poderia ocasionar um desconforto junto à população, que anseia por respostas.

O vereador Marcelo Bussiki (PSB), que já está colhendo assinaturas para o requerimento de abertura da CPI, afirmou em entrevista ao Olhar Direto que a petição já deve ser analisada pelo parlamento na próxima terça-feira (29), durante sessão plenária. Embora a base de Emanuel seja maioria na Câmara, o vereador acredita que o pedido deva ser aprovado com tranquilidade, tendo em vista a gravidade dos fatos.

“O vídeo e a matéria vinculada não deixam dúvidas. Um gestor de uma Capital, uma pessoa pública precisa se manifestar. Por questões menos graves ele se manifestou, foi na rede social, gravou vídeo, fez live. Por que uma denúncia tão grave como aquela ele não se manifestaria?”, questionou o vereador.

“O presidente da Câmara é obrigado a abrir [a CPI], independente de questões de plenário ele, em três dias, tem que publicar uma resolução com os componentes dessa CPI e, em 120 dias nos concluímos essas investigações. A Câmara não pode ser omissa num caso como esse, é ela quem fiscaliza o prefeito e o Emanuel vai ter que vir se explicar”, acrescentou Bussiki.

O presidente da Câmara, Justino Malheiros (PV), que também não concorda com a abertura da CPI, afirmou que ficou surpresa com o vídeo veiculado na noite da última quinta-feira (24) pela Rede Globo.

Todavia, disse que não irá “pré-julgar” a atitude de Emanuel, uma vez que a delação de Silval Barbosa segue sob sigilo judicial e, segundo Justino, a origem das imagens é “duvidosa”.

“É uma situação extremamente delicada, são imagens que foram divulgadas e me pegou, inclusive de surpresa, eu soube pela mídia. Eu não tenho acesso ao processo, até porque nem os advogados do prefeito tiveram acesso a essa delação”, afirmou.

“Tem que ter algum fato concreto para que a Câmara possa se posicionar, no tempo certo. Nós não vamos usar de pré-julgamento, nós seriamos imprudentes se julgássemos hoje qualquer atitude. No momento certo a Câmara vai se posicionar”, concluiu o presidente.