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Sexta-feira, 16 de agosto de 2024

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CORRUPÇÃO EM MT

“Eu acho que é preciso realmente que ninguém seja reeleito”, diz sociólogo sobre escândalos

Foto: Reprodução

“Eu acho que é preciso realmente que ninguém seja reeleito”, diz sociólogo sobre escândalos
Os recentes escândalos de corrupção em Mato Grosso, e também no cenário nacional, têm gerado a revolta da população. A imagem da política brasileira só fica cada vez mais fragilizada e a população tem cada vez menos fé no sistema político. Para o sociólogo Naldson Ramos, somente uma mudança drástica no sistema político brasileiro pode melhorar a situação.


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Ramos disse que a corrupção em Mato Grosso reflete o cenário da política nacional, e não é algo recente.

“Mato Grosso não foge muito daquilo que a gente vê no cenário da política do Brasil. E a corrupção não é algo novo no país, isso é endêmico desde a criação da república. A república brasileira foi fundada sem o povo. Não teve uma revolta popular que resultou na república, o que nós tivemos foi um golpe de estado, por parte da elite cafeicultora, juntamente com militares que proclamaram a república. E república sem povo é república sem controle, então começa por aí. Quando você não tem o povo participando, e muito menos controlando este poder, você dá um voto que é uma espécie de cheque em branco para que a pessoa faça o que quiser com seu mandato, e eles têm feito isso ao longo dos anos”.

Nos comentários das notícias do Olhar Direto sobre o vídeo entregue na delação de Silval Barbosa, que mostra políticos recebendo dinheiro do antigo chefe de gabinete do ex-governador, leitores expressam sua indignação.

“É lamentável como funciona a Justiça do nosso país, pois se fosse um bandido comum já teria apanhado até confessar seus crimes, mas como é uma pessoa rica e influente, vai responder como quiser e quando quiser, me da nojo isso. Não estou defendendo espécie alguma de bandido, mas a pergunta que fica é: por quê a Justiça não é igual para todos? Ainda tem a cara de pau de dizer que está sendo injustiçado, Brasil é uma piada mesmo”, disse um dos leitores.

O sociólogo afirma que isso acontece por causa da falta de controle do poder.

“É uma prática que decorre da ausência de mecanismos de controle do poder. Somente na constituição de 1988 é que nós vamos ter um Ministério Público, um Tribunal de Contas da União, e estaduais, funcionando com certa independência. Então eu diria que são louváveis as iniciativas da Procuradoria Geral da República, do Ministério Público, dos juízes, de passar a limpo este processo. Isso é bom para o aperfeiçoamento da democracia”, disse.

Outros leitores se queixam sobre a falta de opção nas eleições.

“Dizem para a gente votar consciente, mas em quem? Só corruptos. Fico #indignada com tanta corrupção”, disse outra leitora.

Naldson Ramos disse que existem políticos bons, mas a alternativa para mudar seria não reeleger nenhum político que está no poder.

“A gente vem acompanhando estes escândalos, e já há anos isso, e não muda, sempre tem novos escândalos acontecendo. É claro que tem pessoas boas dentro da política, mas elas são boas até o quanto cumprem com o papel de fiscalização do poder. Por isso que eu acho que é preciso realmente, que ninguém seja reeleito”.

No entanto, alguns leitores encaram os escândalos de forma um pouco mais positiva.
“Eu não diria uma delação ‘do fim do mundo’, mas sim delação ‘salvando Mato Grosso’. A população está cansada de ver estes corruptos roubando milhões e tudo, no final, não dá em nada, continuam ricos e os pobres só pagando impostos”, disse outra leitora.

O sociólogo concorda que as revelações são positivas, mas também causam vergonha.

“Esses escândalos, de certa forma, trazem um efeito positivo sim, porque todo mundo está vendo. Mas é um positivo que deixa a gente envergonhado, porque é o cara que roubou que está se prontificando a ajudar a Justiça. Quando alguém que roubou procura a Justiça para colaborar e se livrar da prisão, é um sinal de que as nossas instituições estão muito incompetentes. Porque se os bandidos não denunciassem os outros bandidos, se não fossem as delações premiadas, continuaríamos não sabendo de nada”, afirmou.

Em um dos comentários, um dos leitores menciona o “Distritão”, e sugere uma mudança na postura dos eleitores.

“Cuiabá teve o ‘privilégio’ de ter na última eleição para prefeito, dois ‘malas véia’ da política. Somando o tempo dos dois dá quase um século de safadeza e malandragem, mamando nas tetas do erário público. Deprimente! Mas os partidos não tem novidades, só corruptos e ladrões da velha guarda a disputar os cargos. Hora de mudar 200%. Não vote em gente que já está lá, vamos votar em desconhecidos, novatos mesmo, e fazer um expurgo geral na nossa política. Se vier o “Distritão”, não vote nos cabeças, vote no fim da lista. Os cabeças já armaram para não sair de lá e continuar nos roubando”, disse o leitor.

Ramos acredita que o “distritão” pode trazer uma mudança positiva, mas diz que uma mudança drástica no sistema político é necessária. Ele defende a implantação do parlamentarismo no Brasil, onde o poder executivo baseia a sua legitimidade democrática a partir do poder legislativo, e o voto distrital, onde por número de habitantes, determinadas regiões tem direito a um número específico de representantes.

“Hoje pra você ser eleito em qualquer cargo político, você precisa fazer parte de um grupo. No ‘distritão’ pode melhorar um aspecto que é o que o mais votado será eleito, porque hoje muitos partidos nanicos coligam e acabam muitas vezes elegendo candidatos com poucos votos. Mas isso vai favorecer só quem tem mais poder econômico, pra fazer uma campanha mais cara. Por isso eu sou favorável ao parlamentarismo e ao voto distrital. Tem que ser uma mudança drástica, mas com estes políticos que aí estão você não faz mudança nenhuma”.
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