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Sexta-feira, 16 de agosto de 2024

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Sob sol e chuva, casal de idosos vende há 26 anos cachorro-quente e acompanha gerações de cuiabanos

Foto: Vinicius Mendes

Sob sol e chuva, casal de idosos vende há  26 anos cachorro-quente  e  acompanha gerações de cuiabanos
Desde 1991 o casal de idosos Neves Valerio da Silva e Aparecida da Silva monta sua barraquinha de cachorro-quente em frente ao Colégio Coração de Jesus, em Cuiabá. Durante todos estes anos, algumas gerações já cresceram encontrando o casal todos os dias em frente à escola. Dona Aparecida contou que alguns deles já retornaram anos depois, com os próprios filhos, para apresentá-los. Os idosos começaram a vender o lanche para conseguir completar o orçamento, já que têm muitos gastos com remédios.


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Há 26 anos, a ex-cozinheira e o ex-garçom levavam um carrinho de cachorro-quente em frente à escola e iniciavam a venda. Dona Aparecida contou que começaram com a barraca por necessidade.

“Começamos porque precisava trabalhar né?. Ele era garçom e eu cozinheira, mas ficamos velhos, aí a gente precisou completar a renda, porque eu já vou fazer 80 anos e precisamos cuidar da saúde. Aí viemos fazer cachorro-quente aqui e deu certo”, disse a vendedora.

O casal faz uma receita tradicional de cachorro-quente, que é vendido a R$ 6, sozinho, e R$ 7 com refrigerante. Atualmente, eles vendem de 20 a 30 lanches por dia, mas 'Seo Neves' contou que já chegaram a vender 180 diariamente. Eles relatam que maior dificuldade que enfrentam é com o clima. Hoje não vendem mais em um carrinho, conseguiram um Fiat Uno para transportar os equipamentos, mas sonham com uma Kombi.

“A dificuldade aqui é quando chove. Nós precisávamos de uma Kombi, porque aí quando chovesse daria pra ficar dentro sem tomar chuva. Quando tem frio é difícil também. Não tem parede então ás vezes cai tudo o que montamos. Mas a gente suporta né, porque precisamos. No começo não era com esse carro, era com um carrinho, mas ele operou o coração aí não podia mais fazer força, aí conseguimos o carro, mas o que queríamos era a Kombi”, contou Dona Aparecida.

Os idosos afirmam que trabalham com alvará da Prefeitura desde o primeiro dia. Eles pretendem continuar com a barraca enquanto for permitido.

“O nosso plano é ficar aqui enquanto a escola deixar, por que o dia que não quiserem mais, aí não poderemos ficar. Se muda de direção já não é a mesma coisa. A escola gosta da gente, mas a gente nunca sabe né”.

Os vendedores contam que uma das coisas mais gratificantes durante os anos de trabalho foi a possibilidade de verem crianças crescerem na escola e depois retornarem com seus próprios filhos.

“A gente gosta do que faz. Vimos crianças crescerem, casarem e depois trazerem os filhos deles para estudar. Outros trazem os filhos pra gente ver e alguns mudaram daqui aí vem buscar foto com a gente quando voltam a Cuiabá, então é gostoso né”.

Os dois já são aposentados, mas dizem que é graças ao trabalho como vendedores de cachorro-quente que conseguem sobreviver, já que têm um alto gasto com remédios.

“Eu penso em continuar trabalhando. Nós já somos aposentados, só que a aposentadoria é pouca aí vendemos cachorro-quente pra completar o orçamento, já que temos um gasto alto com remédios. Recentemente eu fui no médico e gastei 200 e poucos reais, por causa de um problema no nervo ciático. O meu marido já passou por uma cirurgia do coração, então também toma remédios”, disse a vendedora.

Dona Aparecida hoje está com 79 anos e Seo Neves com 77. O casal teve seis filhos, hoje todos casados. Eles contam que já perderam a conta de quantos netos e bisnetos têm.

“Tivemos seis filhos e todos já são casados, mas quando começamos a vender cachorro-quente, apenas um ainda estava estudando, os outros já eram grandes. Mas hoje já estão todos criados, cada um tem sua família. E eu nem sei exatamente quantos netos tenho! Já tenho bisnetos também”, disse a vendedora.

Os idosos dizem ter orgulho de sua história de 26 anos vendendo cachorro-quente de forma honesta. De acordo com eles, nunca foram notificados por negligência com os alimentos.

“A aposentadoria é pouca, nem o 13º recebemos, aí com o cachorro-quente dá pra conseguir sobreviver, mas não sobra. E graças a deus, nunca a fiscalização denunciou a gente, falando que os alimentos estavam ruins, sempre está tudo fresquinho, nunca ninguém reclamou, e é um trabalho honesto de muitos anos”, contou.
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