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Quarta-feira, 14 de agosto de 2024

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ENTREVISTA DA SEMANA

“A rodovia é um organismo praticamente vivo, porque mudam as condições dela e você tem sempre que estar atento”, diz superintendente do DNIT

Foto: Rogério Florentino Pereira/ Olhar Direto

“A rodovia é um organismo praticamente vivo, porque mudam as condições dela e você tem sempre que estar atento”, diz superintendente do DNIT
As intensas chuvas do início deste ano causaram muitos danos a algumas estradas de Mato Grosso. A água causou erosão em algumas delas e pontes chegaram a cair. O Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes de Mato Grosso (DNIT) é responsável pela manutenção e reforma das rodovias federais que cruzam nosso estado. Os custos chegam a R$ 300 milhões.


O superintendente Orlando Fanaia Machado afirma que além de chuvas e da grande extensão territorial de Mato Grosso, o maior desafio é com relação ao alto número de caminhões que trafegam nas estradas do Estado, pela característica de Estado produtor que Mato Grosso tem.

Em entrevista ao Olhar Direto, Machado falou um pouco sobre as particularidades das estradas de nosso Estado, de como é feita a manutenção das estradas e também sobre projetos que devem ser iniciados e entregues este ano.
 
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Olhar Direto - Mato Grosso é um estado com extensão territorial muito grande, quais são as dificuldades que isto pode trazer?
 
Orlando Machado - Na verdade quando você pega o Estado de Mato Grosso, tem um desafio não só na questão da extensão territorial, mas tem uma malha que é a 6ª maior do país, nós temos 3.200 km de rodovias pavimentadas e 1.100 km de rodovias não pavimentadas, um total de 4.300. Além desta questão, o maior desfio é que Mato Grosso é um Estado produtor, e que você tem um volume de caminhões muito maior do que qualquer outro Estado do país, então são rodovias muito mais carregadas, em termos de volume de tráfego.

Olhar Direto - Qual é a média de gastos com a manutenção das estradas de Mato Grosso?

Orlando Machado - A média hoje, nós estamos na faixa de R$ 300 milhões por ano, isto para a manutenção e restauração de rodovias. É importante lembrar que o DNIT nos últimos anos vem investindo na conservação e melhoria da malha rodoviária. De uns 4 ou 5 anos atrás para cá as melhorias das condições das rodovias foram significativas.

Olhar Direto - Em que mais é investido o dinheiro?

Orlando Machado - A gente tem investido muito este dinheiro na questão de serviços que visam a manutenção preventiva, para você evitar o máximo possível os problemas durante o período chuvoso. Temos investido também em reforço de pavimento, de restauração, e também em programas em que uma empresa entra, ela é contratada, ela é responsável por fazer a restauração do pavimento, e recebe uma verba mensal  pela manutenção da pista.

Ela passa um período responsável pela conservação e o valor mensal que ela recebe é pela qualidade da pista de rolamento e pela qualidade do serviço de roçada, é proporcional. Se estiver tudo perfeito ela recebe 100% da verba, R$ 100 mil, e existe um patamar mínimo de conservação, que abaixo disso ele não recebe nada e é notificado par que volte para aqueles padrões. Nós implantamos isto no segmento de Cáceres até a fronteira com Rondônia, implantamos também na Serra de São Vicente na BR-070 até Barra do Garças.

Olhar Direto - As fortes chuvas deste ano foram cruéis para algumas pontes e estradas de Mato Grosso. Como é lidar com estes problemas?

Orlando Machado - Nas rodovias federais a responsabilidade pela manutenção e pela trafegabilidade é do DNIT, com exceção na parte que hoje é concessionada, como na BR-163. Este ano foi um ano em que a gente teve umas chuvas muito fortes, tivemos alguns problemas localizados que já estão sendo tratados, como na BR 163 na divisa com o Pará. Tivemos também problemas de bueiros que rompem, mas é importante relatar que o DNIT em Mato Grosso tem toda a sua extensão com contratos de manutenção, então toda vez que ocorre algum problema o DNIT tem condições de atuar imediatamente naquele problema. Apesar da dificuldade da época de chuva, nós temos condições de combater qualquer problema que ocorrer.

Olhar Direto - Com relação à duplicação da BR-364/163, o que será entregue este ano?

Orlando Machado - Você sabe as dificuldades que o Governo Federal tem tido em questões orçamentárias. Dentro de Mato Grosso nós temos duas obras que estão dentro do programa Avançar, do Governo Federal. Uma delas é a duplicação de Cuiabá a Rondonópolis, e a outra é o contorno viário de Barra do Garças. Então essa duplicação é uma obra que teve início os contratos em 2013, ela acabou sofrendo restrições orçamentárias, mas ela está tendo um desenvolvimento bastante satisfatório, hoje a gente tem de Jaciara até a Serra de São Vicente, um trecho de 70 km, com pavimento de concreto, que além de aumentar a vida útil é um pavimento que exige menos manutenções.

O segmento de Cuiabá até a Serra, que ficou 2015 e 2016 paralisado, retornou em 2017, este ano 23km estarão com a entrega completa. E tem a programação da pista nova, do pedágio até Cuiabá, mais 20 km. Este ano o usuário vai poder sair de Cuiabá, vai pegar uma pista nova até o pedágio e depois ele vai pegar a pista já duplicada até chegar a Jaciara.

Olhar Direto - Esta rodovia é conhecida pelo alto número de acidentes. Esta obra irá contribuir para que isto mude?

Orlando Machado - A duplicação vai trazer dois grandes ganhos. O primeiro é uma recuperação estrutural do pavimento, que vai estar readequado às condições de tráfego e vai suportar a quantidade de caminhões. A outra questão é sobre os acidentes. Quando se está em uma pista simples, vai ter ultrapassagens, que acontece de baterem de frente um com o outro. Então a partir do momento em que você tem uma pista duplicada, você aumenta a capacidade, diminui o tempo de viagem e diminui o número de acidentes. Com a obra da duplicação, que hoje está 60% concluída, você já teve uma redução significativa, 2017 foi o que teve o menor número de acidentes. Então o ganho social desta obra é muito grande.

Olhar Direto - Sabemos que parte da BR-364/163 é administrada pela Concessionária Rota do Oeste, que ficaria responsável pela manutenção. No entanto, o DNIT é quem tem realizado obras na rodovia. Qual é o papel da Concessionária?

Orlando Machado - Quando foi feita a concessão, no plano de negócios tinha definido o que era responsabilidade da Concessionária e o que era responsabilidade do Governo Federal, do DNIT. Então dentro deste plano ficou que o DNIT e Governo Federal iriam fazer parte da duplicação e ficariam responsáveis pela conserva durante o período em que estiver em obras. Mas nós temos trabalhado para não deixar nenhuma obra do DNIT paralisada ou inacabada.

Olhar Direto - Além dos serviços de reforma e manutenção, quais são as outras ações realizadas pelo DNIT?

Orlando Machado - O DNIT tem tido uma priorização também na relação com os usuários, não só com os da rodovia, mas também os das comunidades no entorno.  É que às vezes quando se faz uma obra importante, como a duplicação, você faz uma melhoria toda operacional, mas acaba trazendo alguns transtornos aos entornos, como um ponto de ônibus que poderia ter sido colocado, uma passarela melhor localizada, um retorno operacional que você teria que melhorar para facilitar a vida das pessoas, então o DNIT deixa as portas abertas às comunidades, vereadores, prefeitos, com as demandas que a gente possa atender, para atender esta parte social e facilitar a vida das pessoas.

Olhar Direto - O senhor mencionou que Mato Grosso é o Estado com o maior número de tráfego de caminhões. Existe algum planejamento para lidar com este cenário?

Orlando Machado - Com os portos no Pará que foram construídos, boa parte da produção começa a sair para cima, então isto também foi algo novo. Hoje, destes 4.300 km a gente tem 1200 km contratados. Com estudo de viabilidade técnica econômico-ambiental vamos saber exatamente qual vai ser o nosso planejamento nos próximos anos. Então você tem equipes que vão a campo, vêem os locais em que ocorrem mais acidentes. Hoje Mato Grosso tem em torno de 1/3 de sua malha já com estes estudos em andamento.

Olhar Direto - Para o futuro, quais serão os novos investimentos?

Orlando Machado - Uma preocupação nossa é com a questão de segurança e sinalização, que vai receber investimentos, inclusive de radar redutor de velocidade. Nós também estamos resolvendo toda uma questão ambiental indígena, que inclui a implantação da BR-242, entre São Thiago do Norte até Querência, que será uma das poucas estradas leste-oeste que tem em Mato Grosso. Um trecho muito importante é o da BR-080 que uniria a BR-158 até a Ferrovia Norte Sul, então são investimentos que, alem de ter uma integração dentro do território mato-grossense, você teria novas saídas para escoamento da safra de grãos de mato grosso. Mas é preciso saber que a rodovia é um organismo praticamente vivo, porque mudam as condições dela e você tem sempre que estar atento à questão de investimentos.
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