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Entrevista

Pré-candidata Selma diz respeitar irmãos Campos e que não quer baixaria em sua campanha

06 Mai 2018 - 09:56

Da Redação - Carlos Gustavo Dorileo/Paulo Victor Fanaia

Foto: Rogério Florentino Pereira/Olhar Direto

Pré-candidata Selma diz respeitar irmãos Campos e que não quer baixaria em sua campanha
Recém-aposentada, a juíza Selma Rosane Santos Arruda surpreendeu ao se filiar ao PSL e ser lançada como pré-candidata ao Senado no início do mês de abril. O partido tem como líder maior o polêmico deputado federal Jair Bolsonaro, que deve concorrer à Presidência da República em outubro.


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Com posicionamentos conservadores e com a bandeira de combate à corrupção, a magistrada que já foi aplaudida em locais públicos por seu trabalho à frente da 7ª Vara Criminal de Cuiabá conversou com o Olhar Direto sobre este novo desafio.

Dentre os assuntos discutidos estão os seus posicionamentos, o modelo que será usado para financiamento de campanha, oposição ao governo Taques e a polêmica envolvendo uma crítica à política feita pelos irmãos Jayme e Julio Campos.

Veja abaixo a entrevista

Olhar Direto - Como magistrada, a senhora já foi aplaudida em locais públicos. Agora, entrando na política, como está sendo este contato com as pessoas?

Selma Arruda - Quando decidi encarar esta trajetória, consultei minha família a respeito e minha neta foi quem mais se manifestou com medo que as pessoas me rejeitassem e que eu podia ser comparada a políticos corruptos. Mas está acontecendo o contrário, o que tenho recebido é muito incentivo mesmo. As pessoas me cumprimentam, me parabenizam pela escolha de seguir este outro rumo e está sendo positivo. Eu ainda não estou em fase de sair todo dia para rua, porque esta fase de pré-campanha, temos que aproveitar para se reunir com as pessoas para ouvi-las. Acho que neste hora temos mais que ouvir do que falar. Ver o que o estado está precisando e depois ver se há condições de adequar essas necessidades a realidade e começar a produzir propostas mais concretas. Temos várias reuniões agendadas, várias viagens. Vamos percorrer este estado. Tem muitos seguimentos aqui em Cuiabá, que vamos conversar, mas o estado é muito grande e temos necessidades em cada região. Talvez não dê para ir em todos os 141 municípios, por que não teremos dinheiro para isso. Queremos fazer uma campanha limpa, sem caixa dois, então o dinheiro não será o forte da campanha. Vamos fazer o que é possível, ir nas cidades principais.

OD - Como será o modelo de financiamento de sua campanha?

S.A. - A lei determina que consigamos doações físicas e que não ultrapasse 5% do rendimento bruto da pessoa no ano passado. Vamos seguir estritamente isso e o autofinanciamento também. A questão das suplências, estamos vendo pessoas que tenham potencial de votos, que representem futuramente categorias que faças voz na sociedade, mas que também tenham a condição de autofinanciamento. Com isso vamos conseguir chegar no limite da campanha, que é de aproximadamente R$ 3 milhões. Além disso tem a famosa ‘vaquinha’, que as pessoas podem colaborar. Eu não acredito muito que este mecanismo vai ter muito sucesso, por que do jeito que as pessoas estão pensando da política, acho difícil que alguém tire dinheiro do próprio bolso.

OD - Como a senhora e o partido estão trabalhando para estruturar esta campanha?

S.A. - Estamos entrando em uma disputa com pessoas que já tem experiência nesta área. Então acho que teremos que fazer tudo com técnica, tudo bem feito. Eu já me preocupei com isso desde logo para não cometer erros. Estou muito bem servida com a equipe que está me acompanhando e acho que vamos ter sucesso.

OD - O PSL está atendendo as suas expectativas?

S.A. - Eu ainda estou conhecendo as pessoas. Ontem tivemos uma reunião com vários partidos aliados e estou conhecendo. Até agora não tive nenhuma decepção. Eu coloquei como meta entrar para um partido não só de anjos, até por que sabemos que isso não existe. Mas quis entrar em um partido em que as pessoas não tivessem ficha suja, não fosse envolvidas em corrupção, com pessoas de preferência novas na política. E tudo isso estou realmente constatando que está acontecendo no PSL.

OD - A sua imagem é uma das mais fortes no partido, pela repercussão de seu trabalho à frente da 7ª Vara Criminal. Terá problemas em posar para fotos com outros candidatos para santinhos?

S.A. - Com certeza, os candidatos que nós apoiarmos, que passem por este crivo de honestidade, cuja suas propostas forem condizentes com as minhas, não tem problema nenhum. Eu não apenas empresto a imagem para aquele candidato, mas também a gente tem daquele candidato a imagem das pessoas que acreditam nele.

OD - A senhora já declarou que não irá subir em palanque com políticos corruptos, mas caso seja eleita senadora irá conviver com alguns deles no dia-a-dia. Como pretende trabalhar?

S.A. - Tomara que eu não tenha que trabalhar com essas pessoas. Mas é diferente você estar no mesmo palanque e trabalhar com essas pessoas. Porque no mesmo palanque, você está pedindo voto para aquelas pessoas. Você está endossando a conduta daquela pessoa perante a população. E isso eu acho que é uma forma de ludibriar o eleitor. Agora lá é óbvio que terá gente de todo tipo, de toda mentalidade, pessoas de esquerda, direita, de centro, pessoas honestas, corruptas. É como qualquer outro ambiente público.

OD - Existe a possibilidade de apoio ao governador Pedro Taques?

S.A. - Eu enxergo que o Dilceu Rossato (pré-candidato ao governo pelo PSL) é um candidato muito forte. Ele vem de uma região que tem cidades que mostraram capacidade enorme por causa dos administradores. Eles demonstraram capacidade enorme administrativa. Você vê uma paisagem completamente diferente quando vai para lá. Você vê escolas estruturadas, vê prédios públicos bem conservados, vê ruas bem asfaltadas. Eu acredito que embora hoje ele esteja apenas despontando neste cenário político, ele tem sim uma capacidade muito grande de ir para o segundo turno e até se eleger. Eu não apoiaria nenhum outro candidato por que eu acredito mesmo que o Dilceu Rossato vai ser um nome bem evidente na política.

OD - A senhora veio do judiciário. Como vê os constantes atrasos de repasses do atual governo aos poderes?

S.A. - Eu sou gaúcha, estive algumas vezes no ano passado no sul do país, assim como no Rio de Janeiro e percebo que a crise não foi só em Mato Grosso. Percebemos inclusive que a crise aqui foi bem mais amena do que em outros estados, que até hoje estão recebendo salários atrasados e não em 10 dias como aconteceu aqui, e sim em meses. Esta comparação tem que ser feita. Acho que não devemos debitar a crise apenas ao estado e muito menos a esta administração atual. Temos que ser justo nesta análise. Eu sou favorável a rever esses repasses principalmente ao Poder Legislativo. O Poder Judiciário ainda tem muito ônus, pois precisa ter um fórum em cada comarca, demanda muitos funcionários para fazer tudo funcionar. O judiciário precisa de toda esta estrutura para se manter. Já o legislativo é um prédio só na capital do estado, o número de pessoas é reduzido e o valor do duodécimo é uma coisa absurda na minha opinião. Então essas coisas realmente tem que ser revista. O Executivo está com uma receita enorme, não consegue se mexer, por que hoje tem um estado brasileiro que é um elefante enorme, inchado, ineficiente, mas eu penso que esta questão de repasses, ela pode bem ser revista em relação ao legislativo. O MP é outro poder que tem que ter em todo o estado, assim como a defensoria pública que sofre demais por ser deixada sempre por último e ter pouca estrutura.

OD - Como Senadora, a senhora já declarou que continuará combatendo a corrupção. Como vê no país, uma pessoa condenada em segunda instância por este crime estar em primeiro lugar em intenções de votos para presidente da República?

S.A. - Vejo que a esquerda brasileira, não é só o Lula, que é uma personificação desta esquerda. A esquerda brasileira teve muitos anos para doutrinar o povo brasileiro e muitos anos agindo com populismo, dando muitas coisas para os pobres e fazendo que as pessoas acreditassem que isso é a conduta correta. No meu ponto de vista não é. Eu acredito que a conduta em uma política séria e honesta não é de dar o peixe e sim de ensinar a pescar. Hoje o eleitor não consegue enxergar que uma pessoa condenada por corrupção não pode ter voto. Esta pessoa roubou cada um de nós, tirou dos hospitais, das crianças. É um absurdo você imaginar que uma pessoa que está presa, condenada por instituições sólidas, por um judiciário de primeira instância, de segunda instância e ainda tem gente com opinião de que ele deveria ser o presidente do Brasil. Isso é um absurdo e as pessoas precisam acordar para isso. Mas eu digo que isso é um resultado de um período muito grande de massificação de ideia.

OD – O ex-governador Silval Barbosa, preso e condenado a mais de 13 anos pela senhora foi aplaudido por populares durante seu interrogatório na CPI que investiga o prefeito Emanuel Pinheiro por corrupção. Como a senhora vê este comportamento das pessoas?

S.A. - Não sei se as pessoas neste caso aplaudiram a sinceridade dele, a disposição de abrir o jogo ou se as pessoas realmente aplaudiram a pessoa, por acreditar que ele se arrependeu, ou que está pretendendo se regenerar. As pessoas estão aplaudindo a verdade vindo a tona, seja ela da boca de quem quer que seja.
 
OD - O deputado Bolsonaro sempre se mostrou contrário a ideologia de gênero em escolas. Qual a sua opinião sobre o assunto?

S.A. - Acho que escola deve ensinar português, matemática, física, química, biologia, literatura, educação moral e cívica, agora ideologias, sejam ela quais forem. Ideologias políticas, ideologias de gênero, essas ideologias que estão sendo plantadas nas escolas eu abomino completamente. Acho que isso deve ser ensinado em casa. É o local onde a criança tem que aprender a falar com licença, muito obrigado, aprender a respeitar os pais, pedir a benção para os pais, ouvir os mais velhos. Tudo isso aprendemos em casa. A religião de acordo com a dos nossos pais, depois terá condições para optar pela própria. Tudo isso não deve fazer parte do currículo escolar. Isso aconteceu no estado nos últimos anos. O estado acabou encampando a responsabilidade de dar este tipo de educação as pessoas e isso não é correto. Os pais desoneraram de educar os próprios filhos. Eu cansei de fazer audiência com mãe que fala para eu dar conta do menino, que não estava conseguindo. Isso foi uma coisa de anos que a esquerda fez de propósito para poder deixar a sociedade apática, deixar a sociedade sem força de reação contra os ataques que são planejados. Hoje você tem famílias desunidas, pessoas que não gostam de política, que pensam que política é uma área que não deve ser discutida em casa na hora do almoço. As pessoas tem que falar sobre isso por que isso é o futuro. Hoje as pessoas não querem saber disso, querem saber apenas do seu celular, do Facebook, de coisas que não produzem nada realmente útil na sua vida. Isso é uma construção de muito tempo.

OD- A senhora teme, assim como Bolsonaro, ser rotulada de extremista ou até ‘fascista’?

S.A. - Acho que não, Fascismo mesmo não é bem a nomenclatura que esta direita que está se formando hoje merece. O que nós vivemos anteriormente foi sim um fascismo disfarçado de um socialismo inexistente que existia só para o povo e para aquelas pessoas não. Mas eu não temo este tipo de rótulo, porque eu sempre procuro expor minhas opiniões, que não são necessariamente a opinião de todos do partido. Então existe pessoas no partido que tem idéias bem divergentes da minha e nem por isso podemos dizer que temos ideologia diferente. Tenho minhas próprias opiniões, sou uma pessoa super sincera naquilo que eu acho, tento ser bem espontânea naquilo que faço, então acho difícil as pessoas me conhecendo, me ouvindo e prestando a atenção naquilo que eu digo, vão fazer qualquer comparação neste sentido.

OD - O que cidadão mato-grossense pode esperar da Selma política?

S.A. - O que o mato-grossense pode ter segurança de esperar é que eu vou agir de forma honesta e sincera na minha vida toda. Eu preciso tentar fazer alguma coisa para melhorar Mato Grosso e o Brasil, de forma técnica. Eu não aceitei entrar para a política por exemplo, para exercer um cargo Executivo. Por que eu não tenho habilidade para isso. Então estou me propondo para entrar no cargo legislativo exatamente por que eu conheço lei, minha vida inteira trabalhei com isso. Então as pessoas podem esperar que vou legislar, que é o que as pessoas deveriam estar fazendo ao invés de negociatas como acontece no legislativo.

OD - No caso de ser eleita. pretende, assim como Pedro Taques continuar na política pós-Senado?

S.A. - Caso eu ganhe, depois de oito anos de mandato eu vou parar. Ai sim, finalmente irei me aposentar. Meu marido já está esperando há anos, ele já se aposentou faz tempo e quando eu falei para ele que neste ano ia me aposentar ele ficou todo feliz, que poderíamos viajar. Mas acabei entrando neste outro desafio.

OD – A senhora é contra reeleição?

S.A. - Sou contra, principalmente em mandados longos. Se existisse mandatos de dois anos, acho interessante uma reeleição, agora no Poder Legislativo, o que você não conseguir fazer em oito anos, dá licença né. O Ministério Público me perguntava muito quem iria assumir a 7ª Vara. Eu falava que sempre virá alguém, que pode fazer um trabalho muito melhor que eu. Tudo que se renova é melhor.

OD – Desde 2006 Mato Grosso não tem uma candidata mulher ao Senado. Os partidos já indicam que na eleição deste ano terá pelo menos três disputando o cargo. Como a senhora enxerga esta inclusão feminina?

S.A. - Ainda vejo muito pouco, é uma reclamação que quero fazer. O meio político tem muitos homens. Em várias vezes eu observo que eu sou a única mulher presente. Isso é muito triste, por que sabemos que a mulher tem este jeito mais cuidadoso, mais meticuloso de agir, trabalhar. Acho que a política poderia dar mais certo com mais participação feminina. Eu penso que talvez até agora as mulheres não se levantaram para tentar fazer alguma coisa, por terem esta visão de que a política é um campo negativo. Que você vai chegar e sujar as mãos. Se tivéssemos mais mulher, com certeza teríamos mais estratégias partidárias. O PSL tem bastante mulher que vão ser candidatas. Eu penso que a mulher não tem vontade. Eu mesmo não tinha vontade nenhuma.

OD – Após algumas declarações suas, o ex-senador Jayme Campos a criticou dizendo que sua campanha será baseada em ataques. Como a senhora vê isso?

S.A. - Eu vi esta manifestação do Jayme Campos até com uma certa tristeza. Na verdade o que eu afirmei e foi respondendo a uma pergunta de um jornalista sobre uma declaração do Julio Campos no sentido de que minha campanha é morna. Eu tenho respeito por ambos, mas o que eu respondi foi no sentido de dizer que a velha política pensa assim. Os eleitores de hoje já não pensam desta forma. Você não precisa mais ter aquele histórico político tradicional. As pessoas hoje querem mais pessoas que tenham idéias, passado limpo, pessoas que tenham caminhado limpo pela vida e também que pensem em fazer política com menos dinheiro. Briga e baixaria são coisas que não quero na minha campanha.
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