Olhar Direto

Sexta-feira, 26 de abril de 2024

Notícias | Política MT

Veja entrevista

Contra taxação do agro, deputado eleito fala de renovação na Câmara e Fethab 2

Foto: Rogério Florentino Pereira/Olhar Direto

Contra taxação do agro, deputado eleito fala de renovação na Câmara e Fethab 2
Eleito como o quarto candidato a deputado federal na eleição de outubro, com mais de 73 mil votos, o ex-ministro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), Neri Geller disse que já se recuperou do baque sofrido com a ordem de prisão da Polícia Federal, por suposto envolvimento em fraudes no MAPA e que fará um mandato, a partir do ano que vem, de cabeça erguida. De acordo com Geller, a verdade irá aparecer e sua inocência no caso será comprovada.


Leia também
Wilson e Lúdio debatem taxação do agro, oposição e futuro do PSDB e do PT em MT


Em entrevista ao Olhar Direto, o deputado eleito também falou de assuntos como a discussão em torno da taxação do agronegócio, a escolha da deputada federal Tereza Cristina (DEM-MS) para chefiar o ministério da Agricultura, a renovação de parlamentares de Mato Grosso no Congresso e os seus planos para o Estado a partir do ano que vem.

“Vou defender a produção, ajudar a viabilizar a economia do Estado... Quero estimular bastante políticas de agroindustrialização em Mato Grosso e ter um alinhamento para ajudar o governador Mauro Mendes junto com a bancada  para tirar o Estado desta crise que está passando”, disse o ex-ministro.

 
Veja abaixo alguns trechos da entrevista:

 
Olhar Direto: No início do mês de novembro, o presidente eleito Jair Bolsonaro (PSL) anunciou que a deputada federal Tereza Cristina (DEM-MS) será a nova ministra da Agricultura. O que o senhor achou do nome?

Neri Geller: A Tereza Cristina é uma pessoa ideal para o ministério. É uma pena que o Estado de Mato Grosso não ocupou a vaga. Somos o maior produtor, mas em compensação a Thereza é uma produtora, uma militante classista na área tem muitos anos. Foi secretária de Agricultura do Mato Grosso do Sul, convive no setor e é uma pessoa muito qualificada. Ela está a frente da Frente Parlamentar, tem apoio do Congresso Nacional e é um nome excelente.

OD: Ter ela como ministra será bom para Mato Grosso?

NG: Acho que para o comando de um ministério seria bom ter um nome daqui. Mas a Tereza Cristina é do Centro-Oeste e praticamente os mesmos problemas que temos, o Estado dela enfrenta também. Ela tem vínculo com as entidades de Mato Grosso, como Aprosoja, a própria Famato e é muito próxima do ministro Blairo Maggi. Eu mesmo quando fui ministro vi que a presença dela era muito forte no ministério. Acho que não teremos nenhum problema em colocar as demandas do setor. Teremos trânsito e seremos ouvidos por ela. Ela é fantástica.

OD: Parlamentares desta legislatura e da próxima estão atualmente discutindo uma possível taxação do agronegócio, setor do qual o senhor faz parte. Qual é a sua opinião sobre o assunto.

NG: Eu entendo a preocupação dos deputados aqui da baixada cuiabana, mas esta discussão não pode ser feita do ponto de vista político. Ela precisa ser feita de um ponto de vista técnico. Mato Grosso é um dos poucos Estados que cresce sua receita acima da média. Isso acontece porque nós temos a produção forte e um dos motivos disso é a Lei Kandir, que nos dá a condição de competir no mercado internacional. O milho em Campinas, que é onde você pega base para exportação está de R$ 32 a R$ 34. Na região de Juara e Juína nós pagamos de frete R$ 16. Se nós tivermos mais ICMS sendo emitido, essa produção ficaria inviabilizada. Se inviabilizarmos estas grandes regiões de produção, vamos estar inviabilizando uma produção de R$ 12 a R$ 15 bilhões na economia do Estado de Mato Grosso só com o milho. Este recurso não se paga ICMS sobre a venda do milho, mas se paga ICMS sobre a compra de fertilizante, de semente, defensivo agrícola, óleo diesel, caminhão para transportar safra. Pagamos muito imposto acima, além de gerar emprego e renda para supermercado, oficina, loja de motos e assim por diante. Então, esta discussão no meu ponto de vista tem que ter cautela. Se nós inviabilizarmos a economia com a ânsia de arrecadar, vamos diminuir a receita ao invés de aumentar. E olha que estou falando só do milho. Não é diferente da soja, do algodão. Outro ponto que é importante destacar é que nós consumíamos há 10 anos atrás cerca de 800 mil toneladas de milho para o mercado interno. Hoje consumimos 5,8 milhões toneladas e nós produzimos 4,8 milhões de tonelada, ou seja, estamos produzindo de 23 à 30 milhões de toneladas. Precisa ter muita cautela por que temos uma deficiência muito grande na logística. O que precisamos é combater de forma forte é a questão da sonegação, precisa ser revista a questão dos incentivos fiscais, precisa de mais critério e principalmente uma melhor aplicação com mais eficiência nos recursos arrecadado, por que dinheiro tem e nossa arrecadação esta aumentando. Eu conversei bastante com o governador Mauro Mendes, ele terá nosso apoio incondicional para fazer as reformas que precisam ser feitas e principalmente enxugar a máquina pública. Precisamos gastar menos e com mais eficiência.  

OD: Em Mato Grosso, sete dos oito deputados federais eleitos são novatos. Como o senhor vê esta renovação?

NG: Na verdade veio muito forte a onda Bolsonaro, a onda de mudança e a sociedade deu um recado claro, que não quer mais o estilo populista e quer mudança conceitual. Se você não for pragmático e der resultados, a sociedade não aceitará mais discursos vazios. Por isso é melhor você dizer não do que dizer sim e depois não cumprir. Eu absolvi com bastante atenção esta questão das urnas, por que ela deu um recado claro. Quem achava que ia se eleger com facilidade acabou não se elegendo. Então a população quer mudança e esta mudança vai se dar por estes nomes novos que vão entrar agora e que daqui a quatro anos, se não prestar serviços e resultados, a sociedade vai tirar de novo. Acho que foi positivo, houve uma renovação muito forte. A reforma política não aconteceu na prática no Congresso Nacional, mas se deu pelas urnas. Muita gente que tinha estrutura política partidária muito forte acabou não se elegendo. Eu vejo isso com bastante otimismo, por que acho que tem que ter mudança no cenário. Quem não trabalhar e não der resultado, acho que não vai se eleger mais.

OD: O senhor já conversou com o governador eleito Mauro Mendes?

NG: O governador Mauro me ligou, conversamos bastante por telefone, conversei bastante com o Fabinho (Garcia) e depois nos encontramos lá em Brasília. Tivemos uma conversa longa junto com a bancada, depois separados. Ele nos pediu para ajudá-lo e nós vamos fazer isso. No que for importante para Mato Grosso nós vamos trabalhar para ajudá-lo. Entre as ajudas está a regulamentação do FEX (Auxílio Financeiro para Fomento das Exportações).

OD: O que o senhor acha desta discussão sobre uma possível reedição do Fethab 2?

NG: Tivemos o Fethab 1, veio o Fethab 2 e para onde que está indo este dinheiro? Em vez de cobrar mais não está na hora de ver como está sendo gasto o dinheiro? Acho que é isso e a sociedade clama. Se pegarmos estes recursos, investirmos em estrada, investirmos em ferrovias, interligar o Estado, automaticamente a qualidade de vida e o desenvolvimento social vai crescer muito forte. Se nós fizermos a BR-174 que vai cortar a região de Colniza para sair nossa produção por Rondônia, nós vamos viabilizar toda região produtora gerando emprego, renda, principalmente arrecadar receita. Será que se pegar o Fethab, investir nestes pólos não é melhor? Esta é a indagação que tem que ser feita.

OD: O governador eleito Mauro Mendes já declarou que uma renovação do Fethab 2 será de grande ajuda para o Estado no ano que vem.

NG: Acho que a manutenção do Fethab 2 é importante neste momento de crise da economia do Estado, não sou totalmente contra o Fethab 2. Sou contra aumentar os tributos e não gastar bem estes recursos. O recurso do Fethab 1 era para fazer estrada e foi feito no governo do Blairo Maggi. Mas depois ele se desviou da função. Então foi criado o Fethab 2 para fazer a logística e para onde foi este recurso? Daqui a pouco criaremos o 3, o 4 e a folha vai aumenta cada vez mais. Acho que isso precisa de uma discussão técnica. Mas no caso do Fethab 2, acho que será necessário para passar este momento e principalmente terminar estes asfalto que precisa ser feito.
 
OD: Como o senhor viu o envolvimento de seu nome na denúncia que originou a operação Capitu, um dos desdobramentos da Operação Lava Jato?

NG: Eu fui citado na delação por uma pessoa dois anos atrás. Os principais delatores que é o Joesley Batista, o Ricardo Saud, o outro doleiro que fazia as operações, são firmes em dizer que minhas ações no ministério foram transparentes. Enquanto ministro nunca negociei nenhuma vantagem. Eu nunca fui chamado pela Polícia Federal, nunca fui indiciado nos 22 anos de vida pública. A primeira vez que fui depor em uma delegacia foi agora. Já fui citado na ‘Terra Prometida’, mas não fui chamado nem para depor. Já se abriu uma sindicância na Comissão de Ética e o relatório da Polícia Federal me inocentou. Este caso agora é chato, por que eu venho da pequena propriedade. Quando vim para Mato Grosso trabalhei de catador de raiz, frentista de posto, trouxe minha família depois. Estou na vida pública 22 anos e nunca tive problema com a justiça. Neste tempo procurei sempre ter a transparência. No Ministério da Agricultura todas as minhas contas foram aprovadas e não tive nenhuma restrição.  Minha equipe trabalhava com uma orientação técnica. A minha atuação foi forte e produtiva. Levantamos embargos para Rússia, para o Egito, Arábia Saúdita, para o Irã, para China. A minha atuação com o setor de proteína animal foi muito forte e é a mesma coisa que o Blario está fazendo agora. Fizemos muito pelo Estado e eu me orgulho disso.

OD: Ter sido detido manchou sua imagem?

NG: Infelizmente isso aconteceu, foi uma coisa que me frustrou muito, fiquei 15 dias sem entender. Agora tive acesso ao processo. Não critico a Polícia Federal, acho que está fazendo um trabalho importante para o país, mas neste caso vai-se restabelecer a verdade. Estou muito tranqüilo em relação a isso e não vou andar de cabeça baixa. Vou fazer os enfrentamentos que tiver que fazer e estou preparado para fazer um grande mandato no Congresso Nacional.

OD: Então o mandado de prisão temporária foi um exagero por parte da Polícia Federal?

NG: Eu acho que está muito claro no HC. Nós entramos no sábado a tarde e no domingo já no almoço eu saí em liberdade. Não vou dizer que houve exagero, não quero fazer enfrentamento a polícia, mas o HC está lá.  Quero deixar bem claro que estou pronto para que a hora que precisar, prestar esclarecimento e se por ventura eu for indiciado, estou a disposição.

OD:A denúncia indica um suposto envolvimento com o ex-presidente da Câmara Federal Eduardo Cunha (MDB-RJ). Este vinculo existiu?

NG: Procuram me vincular ao Eduardo Cunha, mas não tenho vinculo. Sou desafeto do Eduardo Cunha e fui para o Ministério da Agricultura indicado pelo setor. Mendes Ribeiro, ministro na época deu a secretaria de Política Agrícola para o Estado de Mato Grosso pela organização de indicar o nome. Eu fui indicado pelo setor agrícola, depois tive apoio de toda a bancada de Mato Grosso, e fui para o ministério. Virei ministro pela força do trabalho, não era da cúpula do Eduardo Cunha. Tanto é que eu não o recebi nenhuma vez.

OD: A investigação também cita que o senhor recebeu vantagem ilícita de R$ 250 mil. Isso realmente existiu?

NG: Isso não existiu, propina com certeza não teve. Apoio político eu dei. Apoiei a Dilma, mas nunca tive participação do diretório do PT aqui para direcionar recursos. Eu quero que investigue, que vão para dentro do Ministério da Agricultura, com os técnicos. Vai-se estabelecer a verdade, por que eu não tive participação nisso e não fiz nada que não fosse republicano. O patrimônio que eu tenho hoje é o que eu comecei a construir na década de 90. O que eu fiz foi trabalhar e muito. Acho que tenho uma responsabilidade muito grande com o país.

OD: O delegado da Polícia Federal Mário Velloso disse que as prisões da operação Capitu foram necessárias por que havia indícios de que alguns dos detidos estavam atrapalhando as investigações. O senhor tem algo a dizer em relação a isso?  

NG: Neste caso em relação a mim não. Eles foram na minha residência, em alguns estabelecimentos comerciais. Não sei qual é a estratégia, talvez pegar de surpresa. Eu nunca conversei com ninguém sobre isso e quando saiu a citação em uma delação dois anos atrás, algumas pessoas me disseram para eu ir atrás, mas eu não fui, por que sempre estive tranqüilo. Se me chamarem para prestar esclarecimentos eu vou lá responder. Se teve quebra de sigilo de meu telefônico estou muito tranqüilo. Acho que isso não aconteceu, mas se acontecer eu não tenho nenhum problema em relação a isso.

OD: O que a PF apreendeu nas buscas feitas em sua residência e em suas empresas?

NG: Reviraram tudo e não levaram nada, a não ser lá no posto, eles levaram uns documentos que eu tinha de quando era secretário. Não levou computador. De mim, levaram apenas o meu telefone celular.

OD: O senhor pensa em pedir a justiça para que devolva o aparelho telefônico?

NG: Eu já comprei um chip novo e tive que comprar outro aparelho. É lógico que vou requisitar o meu de volta, até por que um Iphone é caro.

OD: O senhor será diplomado no próximo dia 17 e tomará posse em fevereiro. O que levará para o Congresso?

NG: Eu vou continuar o trabalho que vinha fazendo, de defender a produção, viabilizar a economia do Estado, que é o que eu conheço bem. Quero estimular bastante políticas de agroindustrialização em Mato Grosso, ter um alinhamento para ajudar o governador Mauro Mendes junto com a bancada  para tirar o Estado desta crise que está passando. Vou ficar atento as reformas como a da previdência, as mudanças, acompanhar o envolvimento do Jair Bolsonaro para dar sustentação ao que é importante para a economia do país.
 
Entre no nosso canal do WhatsApp e receba notícias em tempo real, clique aqui

Assine nossa conta no YouTube, clique aqui
 

Comentários no Facebook

xLuck.bet - Emoção é o nosso jogo!
Sitevip Internet