De acordo com Carlina Ribeiro, foram arrecadas mais de nove mil toneladas de alimentos, que estão sendo distribuídas para os trabalhadores, após uma seleção. “Estamos fazendo uma triagem dos funcionários, para ver realmente quantos funcionários, quais as prioridades, quais casos mais dramáticos. Arrecadamos mais de nove mil toneladas, mas precisamos de ainda mais. A campanha continua porque não sabemos quando isso vai se resolver”, afirma.
 
“A gente está vendo pessoas chorando, abraçando o sacolão, ontem tinham mães chorando. A gente não ia distribuir o sacolão hoje, porque ainda estão chegando às doações. Iriamos distribuir amanhã, mas ontem tivemos uma reunião com umas 50 mães, algumas chorando, que não tinham comida em casa e não tinham o que dar para os filhos. Isso rachou a gente, passamos a madrugada trabalhando para se organizar e vir tentar amenizar um pouco”, diz.
 
A voluntária Sandra Barros disse que a iniciativa de criar a campanha partiu depois que algumas pessoas tomaram conhecimento da situação dos trabalhadores, através da mídia. “Após a gente ter verificado na mídia a situação dos servidores, reunimos um grupo com a ideia da nossa coordenadora, Carlina Ribeiro, de fazer alguma coisa por esses funcionários, visto que eles estão passando por todo tipo de necessidade. Conta de água e luz cortada, pensão alimentícia atrasada, com risco de ser preso, despejo da casa de quem mora de aluguel, enfim, todo tipo de problema”, conta.
  
A idosa Francisca de Oliveira de deslocou de Várzea Grande para a capital, com objetivo de buscar uma cesta básica. Ela lembra que trabalhou por muitos anos na unidade hospitalar e nunca se deparou com uma situação financeira semelhante.  “A gente nunca passou por isso. Estou triste, porque estou devendo cartão de crédito, estava conseguindo pagar, mas agora estou sem dinheiro”.
 
Funcionária da Santa Casa por 42 anos, Erotildes Gorgonha disse que tenta administrar o pouco dinheiro que tem. “Eu controla as contas para não ficar apertada. [A cesta básica] veio em uma boa hora. Além de mim, tem muita gente que estava precisando disso. Graças a Deus que fizeram essa doação”.

Sandra explicou que quem tiver interesse em ajudar com cesta básica pode ir diretamente ao Centro de Patologia e Citologia, ao lado da Santa Casa, que foi colocado à disposição pelo doutor Paulo Figueiredo, ou entrar em contato através dos telefones disponíveis (Eddy - (65) 99962 8682 / Sandra Barros - 98466 5414 / Celma Malheiros - 99207 5320). “A população vem aqui, entrega ou liga para um dos telefones disponíveis e a gente vai buscar a cesta”, acrescenta.

Desde o fechamento da unidade hospitalar, os pacientes oncológicos e nefrológicos foram transferidos para o Hospital de Câncer e Hospital Geral da União (HGU). Entretanto, não foi liberado prontuário para que eles fossem regulados para os outros hospitais, e os pacientes continuam sendo tratados na unidade.

Na última semana, os secretários de Saúde do Estado de Mato Grosso e do município de Cuiabá, Gilberto Figueiredo e Luiz Antônio Possas, respectivamente, garantiram que vão atuar de forma conjunta em favor da saúde pública da Capital mato-grossense.