O governador Mauro Mendes (União) reforçou a afirmativa de que o Brasil corre riscos caso haja uma “guinada” à esquerda nas eleições presidenciais deste ano. A narrativa se tornou recorrente no debate público nos últimos anos e é utilizada fortemente pelo presidente Jair Bolsonaro (PL) para insinuar que o país poderia viver conjunturas similares às dos países vizinhos como Venezuela e Argentina, caso o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) seja eleito.
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Ao usar o tema para defender seu voto em Bolsonaro, Mauro afirma que não pretende pessoalizar sua crítica ao ex-presidente petista, mas reforça que não são bons os exemplos dos países comandados por partidos de esquerda.
“Na América Latina temos muitos exemplos de países que deram essa forte guinada à esquerda e as consequências estão lá. Olha o que aconteceu na Venezuela e na Argentina, são dois claros exemplos, olha o que tem acontecido na Bolívia ao longo dos anos, vivem atolados em problemas e não conseguem crescer. A esquerda tem alguns méritos, como todos tem, mas infelizmente essa de achar que estado tem que ser gigante [é equivocado]. O estado tem que ser necessário, intervindo em alguns momentos, promovendo o equilíbrio e ser capaz de fazer com que políticas públicas aconteçam a partir da livre iniciativa”, afirmou, nesta quinta-feira (13), durante reunião com aliados para estabelecer estratégias pró-Bolsonaro.
Ainda de acordo com o governador, a China, que é um país comunista, encontrou seu grande modelo de crescimento reconhecendo a importância da livre iniciativa privada. “Fazer diferente disso é contrariar a lógica e aquilo que deu certo”.
A frase “o Brasil vai virar Venezuela” se deve a crise do país vizinho, causada pela redução de mais de 86% do seu PIB nos últimos dez anos. Dependente da renda petroleira proveniente do comércio da matéria prima de maior abundância no país, a Venezuela entrou em crise quando o preço do barril despencou e os EUA adotaram uma política de sanções que, ao longo dos anos, formaram um bloqueio comercial e financeiro em torno do país.
Passado "socialista"
Hoje crítico à esquerda, Mauro já teve maior proximidade deste campo ideológico. Em sua primeira eleição, em 2008, disputou a Prefeitura de Cuiabá pelo PR, tendo como vice a ex-deputada estadual Verinha Araújo (PT).
Em 2009 se filiou ao Partido Socialista Brasileiro (PSB) e, no ano seguinte, disputou o Palácio Paiaguás. Na época, seu partido estava coligado nacionalmente com o PT, que havia lançado a ex-ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff à Presidência da República. A petista chegou a cumprir agenda em Cuiabá, mas não subiu no palanque maurista, já que o MDB, de seu vice Michel Temer, tinha o ex-governador Silval Barbosa como candidato à reeleição. Mesmo assim, Mauro e a esposa Virgínia Mendes recepcionaram Dilma no Aeroporto Marechal Rondon – o momento foi registrado em fotos.
Ainda pelo PSB, Mauro foi eleito prefeito da Capital em 2012, numa coligação que uniu PR, PDT PV e o extinto PPS.
Período lulista
Sobre os bons resultados vividos nos oito anos de Governo Lula, Mauro sugeriu que o petista teve sorte, já que a economia mundial estava em um momento melhor do que o atual. Além disso, opinou que assim como Lula, Bolsonaro merece ser reeleito e ficar oito anos à frente do Palácio da Alvorada.
“Quando Lula foi presidente, em 2003, pegou um país e economia mundial em forte ascensão. Brasil pegou rabo do cometa, a economia mundial teve uma das maiores janelas de crescimento em tempos recentes. Todo mundo crescia, era céu de brigadeiro, vamos atravessar um momento de grande dificuldade e é nesse momento que separa o homem dos meninos, daquele que tem competência e atitudes corretas. No momento de bonança, qualquer decisão parece que está dando tudo certo”, afirmou.
