Desde que policiais federais foram até a casa do ex-deputado Roberto Jefferson no último domingo (23) para cumprir uma ordem de prisão, o deputado federal mato-grossense José Medeiros (PL), bolsonarista e policial rodoviário federal, fez diversas publicações nas redes sociais. No Twitter, ele começou falando que Jefferson era “um homem das palavras” e que atuava por uma “causa nobre”, que deveria estar no hospital por estar “debilitado” e, mais tarde, tentou associá-lo ao petismo ao publicar uma foto do ex-parlamentar ao lado de Lula (PT) e José Dirceu.

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Jefferson teve a prisão domiciliar revogada pelo ministro Alexandre de Moraes por descumprir várias medidas, como passar orientações a dirigentes do PTB, usar redes sociais, receber visitas, conceder entrevistas e compartilhar notícias falsas que atingem a honra e segurança do Supremo Tribunal Federal (STF), como fez ao ofender a ministra Carmem Lúcia. Durante o cumprimento da prisão, o ex-deputado resistiu e chegou a jogar três granadas e deu tiros de fuzil em agentes da PF, antes de se entregar.

A primeira publicação de Medeiros foi o vídeo de Jefferson vendo os policiais nas câmeras e afirmando que não iria se entregar. “Roberto Jefersom você é um homem das palavras vamos a elas. Estamos vencendo, não derrame seu sangue, a causa é nobre, mas sua morte só trata sofrimento a Cris, a sua esposa e a todos que lhe amam, e eles ainda dirão que estavam certos”, escreveu o parlamentar mato-grossense.

Depois, Medeiros afirmou que a prisão havia sido pedida por Randolph Rodrigues e que Jefferson não era coordenador da campanha de Bolsonaro, chamando o deputado federal André Janones (Avante) de mentiroso. Pouco tempo depois, escreveu: “Vamos lá, então vocês querem conversar sobre Roberto Jeferson é isso?”, e publicou a foto de 2004 de Roberto Jefferson ao lado de Lula e o então ministro José Dirceu, numa tentativa de dissociar a imagem do ex-deputado e o presidente Jair Bolsonaro.

Em outras duas publicações, Medeiros fez perguntas sem citar diretamente o caso, e tentou comparar o vídeo de Jefferson sobre a ministra Carmem Lúcia (que chamou de ‘reprovável’) com supostas falas sobre Bolsonaro, a primeira-dama Michelle e a filha de onze anos dos dois.

Outro tweet do parlamentar afirma que ‘não adianta’ atirar em policiais, porque eles são somente a ‘ponta de lança’ e que Jefferson sabe disso, mas “está doente”. Assim que Bolsonaro dá entrevista coletiva falando, novamente, da união de Jefferson a José Dirceu, Medeiros afirma que o “PT bem que tentou”.

Outra retórica usada pelo parlamentar bolsonarista foi de tentar comparar a resistência à prisão de Jefferson com a atitude de Lula (PT) quando se abrigou no Sindicato dos Metalúrgicos após ter seu mandado de prisão expedido.

Por fim, Medeiros afirmou que os policiais não podiam “se eximir de cumprir o mandado de prisão” porque se não estariam “cometendo crime de prevaricação”, antes de mudar de assunto em suas postagens.

A confusão no discurso dos bolsonaristas diante do ocorrido com Jefferson foi visível nas redes sociais. O ex-ministro Sérgio Moro, por exemplo, começou dizendo que o que havia acontecido era uma coisa “sem noção”, antes de fazer publicação mais contundente.

Foi por volta das 19h que o presidente Jair Bolsonaro (PL) foi às redes chamar Jefferson de ‘criminoso’ e tentar dissociar sua imagem da ele. Segundo matéria da Uol, no entanto, o ex-deputado petebista tinha trânsito livre no Palácio do Planalto e foi recebido por Bolsonaro no dia 3 de agosto de 2021, três dias antes de ser preso. Há diversas fotos dos dois juntos nas redes sociais.