Ex-ministro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), Blairo Maggi (PP) afirma que a forma com que a questão ambiental foi tratada pelo governo do presidente Jair Bolsonaro (PL) foi principal problema para o setor agrícola do Brasil, que teve sua imagem no exterior prejudicada. O megaprodutor, no entanto, garante que tal situação será rapidamente revertida, por conta do retorno do presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

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“O maior erro do governo Bolsonaro e que prejudicou muito o setor agrícola é a questão ambiental. A forma como se posicionaram, a forma com que falaram para fora do governo. Vou fazer até uma defesa, não houve nenhuma mudança importante na legislação, que pudesse aguçar a percepção de fora para as coisas que deveriam acontecer internamente. O que houve foi um relaxamento, um discurso diferente”, disse, durante entrevista ao Brazil Journal, publicada nesta quinta-feira (17) - assista aqui.

Blairo ressalta que quando esteve como ministro, durante o governo Michel Temer (MDB), o Governo federal tinha um discurso alinhado com o que o mercado internacional exigia. Política que foi mudada com a posse de Bolsonaro e a nomeação do ex-ministro Ricardo Salles, no Meio Ambiente.

“Sabíamos o que o mundo queria e tentávamos nos posicionar dentro da necessidade ambiental, quando trocou o governo, eles fizeram o contrário, fizeram um confronto com o mercado internacional, com as ONGs e se perdeu esse ‘acordo’ de mudanças necessárias. O maior erro, que mais me afetou, foi a questão da discussão ambiental”, disse.

“Não foi por mudanças efetivas feitas, mas pelo posicionamento que o ministro Ricardo Salles teve e que o presidente fez esse enfrentamento, com apoio da maioria dos produtores agrícolas, principalmente de Mato Grosso, que contestam a legislação ambiental. Uma coisa é contestar, outra e seguir a lei. Não existe possibilidade de trabalhar fora da legislação”, completou.

Sobre o futuro governo, que sofre forte resistência do setor do agronegócio, Blairo demonstra confiança de que Lula irá retomar a confiança esperada pelo mercado internacional, quanto a produção agrícola alinhada com a proteção do meio ambiente.

“Com a velocidade que perdemos esse respaldo internacional, nós vamos recuperar com o novo governo, pois o presidente Lula, ele já declarou que vai se preocupar com as questões ambientais, as mudanças climáticas são importantes e que estará inserido. Deixa de remar contra a correnteza e passa a nadar a favor dela, isso pra mim é importante. Vai ser recuperado muito rápido”, disse.

“Isso tira esse estigma em relação ao Brasil, quando a gente vende produtos no exterior, o cara lá de fora não consegue separar o que é do Rio Grande do Sul e o que é da Amazônia, para ele o Brasil é a Amazônia como um todo; e daí estamos contaminados, todos queremos destruir a Amazônia, botar fogo em tudo. Pelo contrário, quero as coisas certas, que o setor público vá em cima daquele cara que está errado; que ele pague e não queira me contaminar. Acho que essa questão que iremos recuperar”, pontuou.

Blairo e Lula tem forte relação desde os dois mandatos (2003-2006 e 2007-2010) que tiveram como governador de Mato Grosso e presidente, respectivamente. Anos depois, Blairo se tornou ministro de Temer, após impeachment da ex-presidente Dilma Roussef (PT). Neste ano, mesmo fora do cenário político, apoiou a volta de Lula.