Com discurso protocolar, o senador reeleito Wellington Fagundes (PL) afirmou que o partido espera um posicionamento do presidente Jair Bolsonaro, quanto aos bloqueios nas rodovias de Mato Grosso e outros Estados. Ponderou, no entanto, que toda manifestação é legitima, mesmo que tenha como mote questões inconstitucionais, como o pedido de intervenção militar e desrespeito ao resultado das urnas.

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“Nossa posição partidária é muito clara e nessa mesma linha eu tenho minha decisão pessoal. Nós temos que apoiar todas as manifestações, desde que elas não prejudiquem a vida de ninguém, ou seja, não impeça o ir e vir”, disse.

“Manifestantes tem direito de manifestar aquilo que for entendido por eles. Qualquer q seja o setor da sociedade, isso faz parte da democracia. O Congresso Nacional vive a base da pressão.  É um direito reivindicar, cabe aos Poderes tomarem as decisões. O Poder Legislativo fazer leis e o Executivo executar”, completou.

A declaração foi dada durante evento na UFMT, em Cuiabá, nesta segunda-feira (21), dois dias após ataque à base da Rota do Oeste, na BR-163, em Lucas do Rio Verde. Grupo de dez pessoas ateou fogo em veículo, rendeu funcionários e até realizou disparos de arma de fogo, na noite de sábado (19).

De acordo com Wellington, há 15 dias ele participou de reunião da bancada do PL no Senado. Na ocasião, o filho do presidente e líder, senador Flávio Bolsonaro (PL), afirmou que seu pai ainda estava recluso, por conta da derrota para o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

Prestes a voltar a Brasília (DF), Wellington revelou a expectativa de que Bolsonaro saia desse período de reclusão.

“Conversamos sobre a possibilidade de conversar com o presidente, mas ele pediu mais um tempo, que o presidente estava recluso. Espero que nessa semana a gente tenha uma posição mais definida do próprio Bolsonaro”, disse.

Sobre o controle dos atos, o senador apontou responsabilidade do Estado. Pontuou que o governador Mauro Mendes (União) ainda está fora do país – após participação na COP-27, no Egito -, mas que o Estado continua tendo comando.

Neste final de semana, os ministérios públicos Federal (MPF) e Estadual (MPE) recomendaram que o governador em exercício, Otaviano Pivetta (Republicanos) solicite a utilização da Força Nacional de Segurança Pública para apoiar a Polícia Rodoviária Federal (PRF) nas ações de desbloqueio das rodovias.

Na manhã de hoje, Pivetta se reuniu com o Gabinete de Situação, composto pelas forças de segurança do Estado, para reforçar à PRF que o efetivo do Estado está todo à disposição, desde o início das manifestações, para dar suporte nas operações de desobstrução dos bloqueios existentes nas rodovias federais.

Os representantes das forças de segurança passarão o dia reunidos com a PRF para finalizar o plano de operações, que será colocado em prática nas próximas horas, em decorrência da mudança no perfil do movimento.

“O governador está viajando, mas o Estado está funcionando e todas essas medidas deverão ser tomadas para garantir o abastecimento, por exemplo. Se tiver qualquer impedimento na rodovia acaba prejudicando a todos, então, nós do PL apoiamos o governo Bolsonaro, queremos encontrar soluções para o país”, disse Wellington.

“O Ministério Público é o grande fiscal da lei. Essa harmonia que precisa existir. A sociedade tem o direito de exercer a pressão. Sendo de forma ordeira, que não prejudique, é um direito de todos. Enquanto partido, iremos dar resposta, estamos aguardando a manifestação do presidente Bolsonaro, que é a maior liderança”, pontuou.

Bolsonaro recluso

Três dias após ser derrotado, Bolsonaro utilizou suas redes sociais para pedir que seus apoiadores liberassem as rodovias. Desde então, no entanto, não mais apareceu em público.

"O fechamento de rodovias pelo Brasil, prejudica o direito de ir e vir das pessoas, está lá na nossa Constituição. E nós sempre estivemos dentro dessas quatro linhas. Tem que respeitar o direito de outras pessoas que estão se movimentando, além de prejuízo à nossa economia. Sei que a economia tem sua importância, né. Sei que vocês estão dando mais importância a outras coisas agora. É legítimo. Mas eu quero fazer um apelo a você: desobstrua as rodovias. Isso daí não faz parte, no meu entender, dessas manifestações legítimas", disse Bolsonaro.