O empresário Altair Moreira da Silva Monteiro, 36 anos, viveu horas de aflição após cair no Morro de Santo Antônio e ficar desaparecido, no último dia 18 de março. Considerando um milagre, no outro dia, uma terça-feira, ele foi encontrado por familiares e equipes de busca. O Olhar Direto conversou com Altair, que contou um pouco sobre o acidente e como conseguiu sobreviver com sua fé.
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Altair conta que foi na segunda-feira (18), de manhã, para fazer uma oração profética, após ter recebido alguns sinais, que como ele diz, não tem como explicar. Nisso, ele subiu no Morro do Santo Antônio, como já fez algumas outras vezes. No local, até encontrou um rapaz conhecido de lá, com nome Vinicius, que também estava rezando.
“Lá no Morro é muito forte esse quesito espiritual, eu acho que todo mundo deveria ter essa experiência de ir até lá. Você sente essa energia vibracional da espiritualidade que está ali. Nos tempos de hoje, não é visto como importante, mas quando passamos por dificuldades e quando procuramos ajuda espiritual, ali é um local muito agradável e louvável”, conta o empresário.
Quando subiu o morro, o empresário acredita que fez sua parte do sacrifício da profecia que recebeu, e sentiu uma sensação muito boa. Mas logo após, quando terminou seu momento devocional, sentiu um cansaço muito forte e tontura.
Nisso, nas primeiras descidas do local, acabou pisando em falso e foi declinando morro abaixo, numa queda de 25 metros. “Não foi uma queda libre, eu fui meio que tomando, caindo, tentando me segurar e ai fui parar lá embaixo. Eu até dei uma risada na hora, pensando tinha que acontecer isso. Ai resolvi tomar um pouco de fôlego e ficar calmo, e tomei consciência que teria que ter paciência, pois era uma segunda-feira, num horário atípico de visitas no local, que é mais movimentado no final de semana”.
Tentando se manter tranquilo a todo momento, Altair então recorreu aos cuidados de sobrevivência, como se manter parado para não gastar energia, e também porque estava com as pernas machucadas da descida.
“Eu percebi que para me levantar ia ser um grande desafio, então fui me arrastando para ficar num local mais tranquilo e me preparar para passar a noite. Peguei alguns galhos e fiquei atento para a presença de animais. Na questão dos gritos, eu deixei para fazer em momentos estratégicos, quando eu achei que fosse ter pessoas”, conta.
Altair gritou na hora do almoço, final da tarde e manhã do outro dia. À noite, por precaução, não fez os pedidos de socorro. Mas foi justamente quando seu amigo de longa data e sócio, Maurício, foi até o local com um grupo de resgate para procurá-lo.
“A gente montou uma equipe para subir junto com a polícia. Chegamos lá por volta de meia noite. Eu já estava preparado, tenho treinamento também de bombeiro e regate, mas como ele falou, ele cessou a comunicação a noite. Então, se ele tivesse comunicado a noite, a gente teria encontrado. Eu subi até o topo e encontrei outros rapazes em momento de oração também”, relata Maurício.
“Me juntei a eles para fazer um devocional, e nisso também me recuperava, depois eu desci e tentamos buscar algum sinal, algum barulho, mas nada. Eu falava que ia encontrar ele, é o único amigo que me fez subir até o morro. E no outro dia ele estava junto com a gente”, complementa.
O amigo conta ainda que foi criado um grupo no Whatsapp com todos os amigos e familiares para formar as equipes que iriam no local tentar encontrar Altair.
Na terça-feira, o empresário foi encontrado à tarde, quando o sol já estava bem ardente, e reunindo forças, ele conseguiu gritar e foi localizado pelos familiares. Em seguida, os bombeiros e equipes de resgate fizeram o trabalho e conseguiram subir com Altair. Ele ficou mais de 24 horas sem água e sem comida.
“Meus familiares me encontrarem primeiro foi bem impactante. Não imaginaria que fossem eles me encontrar. Realmente, a família é tudo que a gente tem. Nesses momentos aí a união foi muito importante”, conta muito agradecido a todos que ajudaram.
À reportagem, Altair conta que não teve medo de não ser encontrado, pois acredita muito na espiritualidade do Morro, e mesmo com esse fato isolado, ele manteve a tranquilidade no Espírito Santo.
“Essa parte espiritual me deixava tranquilo. Então tipo assim, talvez se acontecesse uma outra situação, uma situação de festividade, uma situação de viagem, assim, talvez eu não teria tanta essa tranquilidade. Mas como eu já estava ali com um propósito, então isso aí me transmitiu muita tranquilidade. E quando eu já tava começando a desistir, me encontraram”, afirma.
Depois do resgate, Altair foi levado para o hospital, onde recebeu cuidados médicos e teve alta na quinta-feira daquela semana. Sem nenhuma lesão muito grave, o empresário conseguiu se recuperar 99%, como diz, em uma semana. E logo depois já voltou às suas atividades, pois é dono de uma empresa de energia solar.
A experiência também ajudou a aproximar sua família, que após o susto, teve a união fortalecida.
“É legal, quando passa todo o sufoco, você percebe que tanta coisa boa que Deus também entregou. Primeiro pela minha saúde, que foi um milagre eu ter caído 25 metros e não ter quebrado nada. Os ferimentos que poderiam ser bem grandes, não teve nenhum muito grave. Fiz todos os exames laboratoriais. Não deu nada, graças a Deus. Realmente eu considero isso um milagre”, relata.
Finalizando, Altair reforça que as questões espirituais não se explicam, mas dá um recado para as pessoas procurarem o Morro e sentirem a energia vibracional do local.
“Eu gostaria de falar para as pessoas abrirem verdadeiramente o coração, e que não precisam se preocupar tanto com a mudança, pois ela vai acontecer na caminhada. O Morro de Santo Antônio, ele está aí pra pessoa sentir essa energia vibracional. Mas não vai sozinha. A gente tá indo agora domingo com um grupo de pessoas e realmente abre mais o coração, o amor, o carinho, né? […] Faça por você, acredite por você, tenha fé por você, que tudo vai dar certo”, conta.
E depois desse susto todo, Altair prometeu que nunca mais vai subir o morro sozinho.
