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Domingo, 28 de abril de 2024

Notícias | Cultura

Disco de releituras mostra lado B de Chiquinha Gonzaga

Suzana (da esq. p/ dir.), Vange, Carlos, Gilberto, Rita Maria, Ná Ozzetti e Ana (centro)

Quando Chiquinha Gonzaga nasceu, Dom Pedro 2º já era imperador do Brasil. A época era de escravidão e o machismo ainda limitava a mulher aos afazeres domésticos. Em partes. Primeira maestrina e pianista de choro, autora da primeira canção carnavalesca e fundadora da primeira sociedade protetora dos direitos autorais, Francisca Edwiges Neves Gonzaga, filha de Rosa Maria de Lima com o militar José Basileu Neves Gonzaga, nasceu para a música e não teve marido que a proibisse de seguir carreira longe da cozinha.

Pianista, compositora e maestrina, Chiquinha deixou um legado de 77 partituras de teatro e mais de 2.000 composições, entre polcas, tangos brasileiros, valsas e modinhas. Essa riqueza musical quase intocada deve começar a chegar a mais ouvidos a partir desta quinta-feira (11), quando o Sesc Vila Mariana --na região sul paulistana-- recebe o show de lançamento de "Chiquinha em Revista", um disco de releituras produzido pelo casal Ana Fridman e Gilberto Assis, com 13 composições do imenso lado B de uma das maiores personalidades da música popular brasileira.

"Como músico, me interesso pelas raízes de nossa música. Qualquer pesquisa nesse sentido esbarra em Chiquinha Gonzaga. Estava ouvindo o disco de gravações de época da Chiquinha, lançado pelo selo Revivendo, e percebi que nossas grandes intérpretes da MPB não gravaram Chiquinha", conta Gilberto, que cuidou dos arranjos e de fazer convites a intérpretes como Naná Ozzetti e Carlos Careqa para o projeto. "Não sei exatamente a razão que me fez levar adiante esse projeto, mas pode ter sido a dificuldade em se conseguir partituras e gravações".

"Chiquinha em Revista"

Gal Oppido/Divulgação

A cantora Ná Ozzetti, que participa de duas faixas do álbum "Chiquinha em Revista"
Alusão ao teatro de revista, para o qual Chiquinha Gonzaga dedicou a maior parte de suas composições, o álbum "Chiquinha em Revista" é feito de instrumentais e canções, com piano e arranjos também de Ana Fridman, mulher de Gilberto, e vozes de Ná Ozzetti, Vange Milliet, Suzana Salles, Carlos Careqa e Rita Maria --todos participam do show de lançamento.

"À medida em que eu fazia os arranjos, me vinha a voz da intérprete à cabeça. Não conseguia imaginar outra cantora que não a Ná Ozetti interpretando, por exemplo, 'A Sertaneja'. Do mesmo modo aconteceu com os demais", explica Gilberto.

Durante a pesquisa, o casal usou como fonte de informação o livro "Chiquinha Gonzaga - uma História de Vida", de Edinha Diniz, e, principalmente, as gravações da compositora. "Ouvimos gravações interessantes, mas não conseguiamos entender a letra e nem ouvir a harmonia. Então, tínhamos que partir para outra. Não foi tão difícil escolher as músicas: separamos umas 17 e fechamos 13 para o CD. O importante para o projeto era que houvesse uma alternância entre canções e peças instrumentais, deixando claro para o ouvinte a importância de ambas", justifica Gilberto.

A partir delas, tiraram "de ouvido" melodias e partituras para, então, comporem as releituras, inclusive com instrumentos pouco comuns na época, como a gaita e o clarone. "As partituras originais, com arranjos originais, são raras e mesmo se não fossem não nos seriam muito úteis, porque nossa intenção era fazer novos arranjos, trazer a Chiquinha para mais perto de nossa época".
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