A um dia do fim da primeira etapa de matriculas do SiSU (Sistema de Seleção Unificada), apenas 11% das vagas oferecidas pela UFMT (Universidade Federal de Mato Grosso) foram preenchidas. Em vários cursos, como Medicina e Geologia, a maioria dos matriculados são de outros estados, mas dados oficiais da universidade alegam que 80% seriam de Mato Grosso. Os números são controversos.

O Olhar Direto percorreu algumas coordenações da UFMT, locais onde estão sendo realizadas as matriculas, para tirar a dúvida. Entre as constatações é que, na maioria dos casos, os aprovados de outros estados engrossam as listas de ‘ausentes’. Mas ainda assim, uma parcela significativa dos matriculados são de fora de Mato Grosso. É importante lembrar o fato de os dados oficiais contabilizarem as matriculas dos campi do interior de MT, quatro no total.

A coordenadora de Direito da UFMT, doutora Vera Lúcia Marques Leite, afirmou que há um equilíbrio entre mato-grossenses e pessoas de fora de MT, mas que entre os inscritos e aprovados no SiSU a grande maioria é de fora do estado. “Não é concreto, mas o que observamos é que foram classificadas mais pessoas de fora”, pontuou a professora jurista.

No curso de medicina, apesar da coordenação se recusar a fornecer números oficiais, informações de bastidores dão conta de que apenas oito e/ou dez estão entre os 80 aprovados na primeira etapa são de Mato Grosso, muito embora os números oficiaiss citem 20 casos. Além disso, no penúltimo dia de matrículas dessa etapa, apenas 40 alunos se matricularam, sendo a grande maioria do estado de São Paulo.

Engenharias e Geologia

Já no curso de Engenharia Elétrica, o chefe de departamento, professor Antonio de Pádua Finazzi, revelou que apenas 26 alunos efetivaram a matricula. Dos matriculados, apenas 25% seriam de foram – com presença marcante de mineiros e paulistas. Entretanto, a grande maioria dos ausentes é de fora de Mato Grosso.

Questionado sobre os motivos que podem ter levado os candidatos a hesitaram no momento da matricula, Finazzi sugere algumas opções: “Na primeira hipótese, o candidato pode ter sido aprovado em outra universidade na qual é mais conveniente para ele; na segunda hipótese, a família se dispôs a pagar uma faculdade particular para não deixar universitário distante; na terceira hipótese, o candidato vai decidir apenas no último momento se vem para um lugar tão longe para ele; na quarta hipótese, ele nem mesmo tem dinheiro para vir a Cuiabá”.

Em Engenharia Civil, das 52 vagas disponíveis, apenas 20 foram preenchidas. Extra-oficialmente, há a confirmação de que a maioria dos matriculados são de fora de Mato Grosso, tendo feito o procedimento através de procuração. Em Engenharia Sanitária, das 60 vagas, 26 foram ocupadas.

No curso de Geologia, apenas 17 candidatos se matricularam, do total de 50 vagas. De acordo com a coordenação, apenas quatro são de Mato Grosso. Segundo Caiubi Kohn, presidente do Centro Acadêmico deste curso, “apesar do curso ter uma tradição de apresentar pessoas de fora do estado, nunca houve tão poucos mato-grossenses”.

Comunicação Social

Das 90 vagas oferecidas entre as três habilitações de Comunicação Social oferecidas no campus Cuiabá da UFMT – Jornalismo; Publicidade e Propaganda; e Rádio e TV -, somente 25 vagas preenchidas. Segundo a coordenadora, Luciana Borges, ao que parece, o maior número de aprovados é de fora de MT.

“É até engraçado (tão poucas matriculas). Mas o brasileiro tem o costume de deixar tudo para a ultima hora. Esperamos um volume maior na sexta-feira. Hoje já tivemos uma procura maior”, disse a coordenadora.

Ainda segundo Luciana, boa parte dos matriculados de Comunicação apresentam um perfil mais “maduro” se comparado ao de anos anteriores. Vários alunos, inclusive, já possuem graduação, ou cursavam uma faculdade em outra instituição.