O papa Bento XVI classificou hoje os abusos sexuais cometidos por padres irlandeses contra crianças como "um crime atroz" e pediu aos bispos do país que enfrentem o problema com firmeza.
Por sua vez, os prelados se mostraram dispostos a colaborar com as autoridades judiciais, segundo nota divulgada nesta terça-feira pelo Vaticano após dois dias de reuniões entre o pontífice, os bispos irlandeses e cardeais da Cúria.
O texto reconhece que a Igreja irlandesa foi incapaz de atuar e de impedir os abusos contra centenas de menores.
Além disso, diz que, nos próximos dias, será publicada uma carta que o papa prometeu aos fiéis católicos irlandeses em dezembro, na qual indicará "claramente" as iniciativas tomadas contra a situação.
"O abuso sexual de crianças e jovens não é só um crime atroz.
Também é um grave pecado que ofende a Deus e fere a dignidade do ser humano", disse o papa durante seu discurso aos 24 prelados irlandeses que foram a Vaticano conversar sobre o escândalo, que, segundo o comunicado, "quebrou" a confiança na Igreja e danificou o anúncio do Evangelho e de suas doutrinas morais.
Nos últimos 70 anos, centenas de crianças foram sexualmente abusadas por padres irlandeses, sobretudo na arquidiocese de Dublin, segundo dois relatórios oficiais.
Logo depois que o escândalo veio à tona, o papa se disse "assolado e angustiado". Afirmou ainda que compartilhava com os fiéis irlandeses a "indignação, a traição e a vergonha" por esses delitos sexuais cometidos durante anos.
Hoje, o pontífice pediu à Igreja irlandesa que atue "com rapidez e determinação, honradez e coragem" para sair dessa crise. Também cobrou dos religiosos do país consolo às vítimas e uma nova prova de confiança.