A morte de José Frederico Canto Pinheiro, fundador e diretor do grupo teatral Nós do Morro, se transformou no primeiro grande desafio a ser investigado pela nova Divisão de Homicídios da Capital (DH-RJ), inaugurada em 19 de janeiro de 2010. A nova DH foi totalmente reestruturada e tem como principal meta aumentar o número de elucidações de homicídios na cidade do Rio.

Entretanto, apesar de todo aparato tecnológico e de pessoal empregado pela divisão, a morte de José Frederico, de 57 anos, conhecido como Fred pelos amigos e integrantes do Nós do Morro, ainda é um mistério, mais de uma semana após o corpo ter sido encontrado. De acordo com informações da DH, todas as hipóteses estão sendo analisadas. As principais linhas de investigação são o homicídio, o homicídio com alguma motivação, como o crime passional, e o suicídio.

Primeira hipótese é homicídio

O corpo de Fred foi encontrado no dia 10 próximo a uma guarita da Guarda Municipal em uma das entradas para o Parque Nacional da Tijuca, no Horto, Zona Sul do Rio. Um estilete foi recolhido no local. No mesmo dia, foi realizada uma perícia no estilete. O objeto passa agora por um novo exame complementar, que ainda não foi concluído. O objetivo é verificar se há digitais no estilete e, caso não tenham sido apagadas, de quem seriam.

Uma das diretrizes da nova DH-RJ em casos deste tipo é investigar primeiro a hipótese de homicídio, para não deixar que um possível criminoso escape impune. Somente se as evidências descartarem o crime de homicídio é que a investigação se volta para a tese de suicídio, onde não há ninguém a ser punido.

Segundo informações da polícia, a morte de Fred tem características de suicídio, mas ainda não foi descartada uma possível armação para fazer com que o crime pareça ter sido um suicídio. Apesar de um médico legista da divisão ter constatado que a profundidade do corte no pescoço de Fred, provocado por um estilete, seria incompatível com o suicídio, a DH-RJ informou que, apesar de não ser comum, é possível que o corte tenha sido feito pela própria vítima.

Imagens de uma câmera de vigilância localizada próximo ao local onde o corpo foi encontrado também estão sendo analisadas. Um táxi e outros carros foram filmados, mas nenhum motorista foi localizado ainda.

Prioridade são as primeiras 48 horas

O prédio onde foi implantada a nova unidade era utilizado como a antiga sede da 16ª DP (Barra da Tijuca). A estrutura foi totalmente reformada e modernizada para receber a Divisão de Homicídios da Capital. A nova DH-RJ conta com 250 policiais divididos entre investigadores, peritos legistas e criminais, papiloscopistas e inspetores, além de sete delegados.

A divisão tem cerca de 60 viaturas e uma estrutura móvel de perícia técnica, além de um banco de dados de pessoas desaparecidas. A perícia dos homicídios será exclusiva e as equipes de plantão darão prioridade às primeiras 48 horas de investigação