Desgastado com o recuo em relação à renúncia e com a abertura dos processos de impeachment, o governador interino do Distrito Federal, Paulo Octávio (DEM), convocou os secretários de governo para uma reunião na tarde desta sexta-feira.

Segundo interlocutores, a ideia é afinar o discurso em relação à crise que atinge a cúpula do governo e tentar mostrar que tem fôlego para continuar no cargo.

Paulo Octávio vai cobrar sustentação dos aliados que ontem insistiram para que continuasse no governo mesmo diante da pressão por estar supostamente envolvido no esquema de arrecadação e pagamento de propina.

No fim de semana, ele deve se reunir com presidentes de vários diretórios regionais de partidos para tentar formar um governo de coalizão.

Apesar de estar com a carta de renúncia pronta, o governador interino disse ontem que permaneceria no cargo com o argumento de que a intervenção federal em Brasília, defendida pelo Ministério Público, poderia trazer prejuízos para a governabilidade do DF.

Paulo Octávio disse que permanece no governo do Distrito Federal pelo menos até o STF (Supremo Tribunal Federal) decidir sobre o pedido de intervenção no DF.

"Na próxima semana, decisões importantes no STF poderão mudar a vida de Brasília, Por isso, apesar de ter a minha carta de renúncia pronta e entregue à deputada Eliana Pedrosa, líder do meu partido na Câmara Legislativa, aguardo mais alguns dias como me recomendou o presidente Lula para que possamos ter o quadro das decisões que a Justiça deverá apresentar na próxima semana. Aí sim tomaremos as decisões que serão necessárias", afirmou.

Paulo Octávio disse que a intervenção federal representaria uma "derrota para o povo brasiliense", além de trazer perdas para a autonomia política do DF.

"Já renunciei ao direito de me candidatar ao governo do DF. Não sou candidato ao governo do DF, mas não posso ainda renunciar da obrigação de servir Brasília e seu povo. Por isso, farei todos os meus esforços para buscar a governabilidade que permita voltar a tranquilidade à comunidade brasiliense", afirmou.

O governador interino admitiu que recebeu uma série de pressões ao longo do dia de ontem para deixar o cargo, mas disse que o "apelo da maioria da população brasiliense" o fez mudar de ideia em relação à renúncia.

"Estou pronto para, se for necessário, a minha renúncia. Hoje tenho, depois de muita discussão com os meus partidos, meus assessores, tenho essa peça [carta de renúncia] pronta. Mas durante a tarde [de ontem], ouvi apelos. Ouvi apelos de muitos partidos políticos. Ouvi apelos de todos os secretários do governo. Ouvi apelos de uma imensa maioria da população brasiliense, preocupada com o momento que vivemos", afirmou.