Olhar Direto

Segunda-feira, 13 de maio de 2024

Notícias | Carros & Motos

Captiva vs. BMW 118: duelo de conceitos

Comparar um hatch a um SUV só pode ser coisa de quem está querendo inventar moda, certo? Depende. Se estivermos falando de carros com preços até R$ 60.000, R$ 70.000, sim. Nessa faixa, geralmente o comprador tem um ou dois carros, precisa adequar o modelo às necessidades do dia a dia e não pode se dar ao luxo de fazer escolhas ousadas. Mas quando os valores chegam aos R$ 102.475 do BMW 118i ou aos R$ 106.193 do Chevrolet Captiva Sport V6 AWD, muito provavelmente há outras opções na garagem que permitem a “extravagância” de optar por um dos modelos deste comparativo.


Por isso, decidimos colocar frente a frente carros tão diferentes, como já fizemos na Revista CARRO nos duelos Honda CR-V vs. Volkswagen Jetta vs. Volvo C30 (SUV, sedã e hatch na faixa dos R$ 90.000 se enfrentaram na edição 184, de fevereiro de 2009) e Audi A3 vs. Honda Civic Si vs. Mini Cooper (carros divertidos que duelaram na edição 188, de junho de 2009).

A ideia é mostrar o que se pode levar em diferentes mundos por uma quantia semelhante. Sem mais delongas, vamos aos pontos fortes e fracos de um hatch alemão e de um SUV americano.

Troco de pinga

Os R$ 3.718 de diferença entre o Chevrolet Captiva AWD (All-Wheel Drive, ou tração nas quatro rodas) e o BMW 118i representam muito pouco no universo dos carros de R$ 100.000, ou seja, o valor não será fator decisivo na compra.

Os pacotes de equipamentos também são semelhantes, mas o DNA de cada um é completamente diferente. Isso sim pesará na escolha. Para começar, o 118i é baixo, abriga bem apenas quatro passageiros (apesar do encosto de cabeça para o quinto elemento, o túnel central impede a presença de um adulto no assento do meio) e tem um porta-malas de 330 litros. Além disso, ele exige um bom exercício para entrar e principalmente para sair, situação na qual o motorista precisa se “ejetar” com um impulso para ficar de pé (talvez o repórter já esteja ficando velho para essas coisas, mas é mais ou menos isso).

O Captiva, você pode imaginar só de ver a foto dos dois lado a lado, pertence a um mundo oposto. O porta-malas carrega excelentes 821 litros, cinco pessoas andam confortavelmente e o esforço para entrar no SUV é bem menor que o feito para sair do hatch – para descer basta deixar a gravidade agir e apoiar o pé. Quem costuma sentir fisgadas na coluna agradece.

Os pacotes de equipamentos são parecidos: ambos trazem ar-condicionado (manual no BMW e automático no Chevrolet), direção hidráulica, vidros, travas e retrovisores elétricos, comandos do som no volante, ABS com distribuição da força de frenagem, controles de tração e estabilidade (o 118i oferece ainda controle de frenagem em curvas), airbag duplo frontal, lateral e do tipo cortina para a cabeça. O Captiva leva vantagem ao oferecer monitor de pressão dos pneus, controlador de velocidade de cruzeiro e bancos totalmente revestidos de couro (os do BMW são parcialmente revestidos de couro), mas peca ao ter apenas regulagem de altura para a coluna de direção. Se o 118i parece caro pelo que oferece, diante do Captiva essa impressão se comprova.

Dois carros, duas conduções

O Chevrolet também é mais macio, mas a dureza do BMW não pode ser encarada como um defeito: é uma característica dos carros da marca de Munique. Característica, aliás, que traz junto todo um pacote de esportividade capaz de causar uma inveja danada em quem tiver escolhido o Captiva na hora de encarar uma serra com boas curvas.

O 118i é um automóvel para quem aprecia o tempo que terá atrás do volante. Enquanto no Chevrolet a tração nas quatro rodas ajuda a sair de terrenos enlameados e a manter o carro no trilho em curvas rápidas – que, definitivamente, não são a praia do SUV –, no BMW a tração traseira transmite uma sensação agradável de que o carro está sendo levado suavemente.

Infelizmente, os 136 cv de potência a 5.750 rpm e os 18,3 kgfm de torque a 3.250 rpm do motor 2.0 de 4 cilindros não permitem muitas ousadias, mas não decepcionam. Ambos trazem câmbio automático de 6 velocidades com opção de trocas de sequencias, mas o do hatch é mais preciso. Na pista de testes, o BMW mais barato do Brasil acelerou de 0 a 100 km/h em 11s4. Com 261 cv a 6.500 rpm e 32,9 kgfm a 2.100 rpm, o V6 do Captiva cumpriu a prova em 8s5.

Em compensação, o hatch de 1.300 kg freou de 80 km/h a 0 em 24,8 m e de 100 km/h a 0 em 38,8 m. Com seus 1.850 kg, o peso-pesado Captiva levou 27,2 m e 42,5 m, respectivamente. Além disso, o jipão acusou fadiga nos freios ao final da sequência de dez frenagens consecutivas com 200 kg de lastro. Conclusão: é preciso muito mais cautela para usar a potência do SUV.

A vantagem em consumo ainda é do BMW, que marcou 6,8 km/l na cidade e 9,8 km/l na cidade (média de 8,1 km/l). O Chevrolet não passou de 5,3 km/l em percurso urbano e 6,8 km/l em trajeto rodoviário, ou 6,1 km/l no combinado – ambos só rodam com gasolina. Como um bom BMW, o 118i também é mais silencioso: a 120 km/h, marcou 64,8 decibéis contra 69,9 do Captiva.

Prepare o Amex

Se você tem um cartão de crédito com um bom limite, ótimo. Se não tem, providencie um para pagar seguro e manutenção, seja qual for a escolha. A “facada” do seguro é maior no Captiva: R$ 7.297,25 na Itaú Seguros e R$ 6.353,08 na Tokio Marine para um homem de 40 anos, casado e morador da zona sul de São Paulo. No BMW, o mesmo motorista pagaria R$ 4.006,06 e R$ 7.636,44, respectivamente.

Achou caro? Então dê só uma olhada no preço dos retrovisores quando pensar em discutir com um motoboy: R$ 1.819 por uma peça do 118i e R$ 1.458 no mesmo componente do Captiva. E mesmo se não houver um acidente, a conta das revisões deve sair alta, já que o jogo de amortecedores dianteiros custa R$ 1.480 nas concessionárias BMW e R$ 1.197 nas autorizadas Chevrolet. Na soma do nosso pacote, que ainda inclui para-lama e jogo de pastilhas, o dono de Captiva pagaria R$ 4.727,35 ante R$ 5.581,00 desembolsados pelo proprietário do 118i.

Precisão ou exagero?

Que este não é um comparativo comum você já percebeu desde o primeiro parágrafo. Não há, portanto, como darmos a vitória para o BMW ou para o Captiva quando violamos todas as regras de segmento e focamos apenas no preço, o que inviabiliza uma avaliação racional dos carros.

Mas há alguns fatos. Primeiro: o BMW é um carro excelente, mas é caro, muito caro. O valor inicial de R$ 95.000 logo subiu para os R$ 102.475 atuais (reajuste 7,8% em uma tacada só), um cheque alto para um hatch com um pacote de equipamentos apenas razoável. Prova disso é a chegada do Audi A3 Sport 2 portas, que cobra R$ 110.000 e traz motor 2.0 turbo de 200 cv e câmbio de dupla embreagem.

Também é verdade que o Captiva consome muito combustível para o uso no dia a dia e pode até mesmo ser considerado um pouco agressivo em época de redução da emissão de poluentes. Por outro lado, vende muito mais, brinda seu dono com o ronco de um belo V6, espaço de sobra e status.

Mas a ideia aqui não é fazê-lo sentir culpa por pagar demais no BWM ou emitir CO2 além da conta no Captiva. Nosso objetivo é deixar outra pulga atrás de sua orelha: optar pela precisão alemã e o prazer ao dirigir do hatch ou pagar pelo bom espaço e recheio de um “exagerado” SUV americano? Nossa redação preferiu o 118i, mas não por unanimidade. Portanto, desfrute dessa dúvida com prazer.
Entre no nosso canal do WhatsApp e receba notícias em tempo real, clique aqui

Assine nossa conta no YouTube, clique aqui
 
xLuck.bet - Emoção é o nosso jogo!
Sitevip Internet